Entre os dias 20 de março de 2020 e 17 de setembro de 2021 nenhum evento presencial foi realizado oficialmente no Ceará.
O setor de eventos corporativos e sociais parou no Estado junto com praticamente todos os demais segmentos por conta da pandemia de Covid-19, mas foi o último a retomar, dentro do cronograma de retorno das atividades econômicas, após a maior crise sanitária global em mais de 100 anos.
Muitas empresas faliram e outras tiveram que se reinventar em eventos virtuais e, posteriormente, híbridos, com equipes e participantes reduzidos a números que não encheriam sequer uma sala de aula.
Consequentemente, postos de empregos foram fechados e profissionais mudaram de setor. O Centro de Eventos do Ceará (CEC), por exemplo, só teve o primeiro evento no pós-pandemia com público na casa do milhar, em 8 de outubro de 2021.
Com a vacinação em larga escala e as flexibilizações que permitiram agrupar um número crescente de pessoas em um mesmo espaço, no entanto, o jogo começou a virar.
No caso do Ceará, desde o primeiro evento-teste realizado há pouco mais de dois anos em Guaramiranga, com 200 pessoas, até o número recorde do CEC em 2023, que teve 122 eventos (ou 20% a mais que o já prolífico ano de 2022), neste ano, foi um longo, mas contínuo processo de recuperação do setor.
Para a presidente da Associação Brasileira das Empresas de Eventos (Abeoc Brasil), Enid Câmara, o ano foi “importantíssimo” por conta da superação dos números de 2019.
“Nós do setor corporativo, feiras e congressos, estamos muito felizes, pois o nosso Centro de Eventos está, cada vez mais, se tornando um equipamento competitivo, o que mostra para o Brasil a força do Nordeste, do Ceará. É um equipamento que orgulha toda nossa cadeia produtiva e nosso ecossistema de eventos”, disse.
Pegando um panorama mais geral, o segmento de eventos no Brasil foi o que mais gerou empregos entre janeiro e outubro deste ano, conforme levantamento da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), cerca de 23,5 mil novas vagas de trabalho, com crescimento de 46% na comparação com período equivalente de 2022, quase o dobro da média do macrossetor de serviços, que se expandiu 23,4% no intervalo de tempo analisado.
Somente a atividade de organização de eventos teve crescimento de 110%.
Para a diretora de Relações com Associados da Abrape, Liége Xavier, esse crescimento veio para o setor como um todo e em todos os seus segmentos: social, corporativo e de entretenimento.
"Com a volta dos projetos culturais patrocinados, por exemplo, a gente teve um reaquecimento pleno. Além disso, ainda havia muita demanda represada. Por exemplo, os congressos não conseguiram, logo no primeiro momento da reabertura, se reorganizar porque são demandas que requerem um tempo de trabalho maior, mas voltaram super aquecidos em 2023”.
“O segmento está bem bem forte, graças a Deus. A gente foi responsável por um crescimento incrível no setor de serviços, porque a nossa cadeia movimenta mais de 60 tipos diferentes de profissões”, complementou Liége.
Nesse sentido, a presidente do Sindicato das Empresas Organizadoras de Eventos e Afins do Estado do Ceará (Sindieventos-CE), Stella Pavan, disse que, apesar do grande volume de empregos gerados e cadeias produtivas envolvidas, “a maioria das empresas não atenderam mais por falta de mão de obra”.
“E aí o setor de eventos está unindo forças com o Sebrae (Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas) e com o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) para capacitar o nosso setor e para que a gente, no ano que vem, abrace realmente essa mão de obra. Tem muita gente que está chegando, mas não tem capacitação. Quando você trabalha com estrutura, em especial, precisa de uma mão de obra especializada. E aí tem que capacitar”, acrescentou Stella.
Apesar da ebulição, eventos estão mais focados
Com 20 anos de mercado, a Destak Eventos viu uma sucessão de três fases bem distintas do período da pandemia para cá. A primeira foi a de adaptação quase instantânea de empresas de eventos presenciais para uma de eventos virtuais.
A segunda de eventos em profusão, por conta do represamento dos anos pandêmicos e do desejo por encontros presenciais entre profissionais, gestores e empreendedores dos diferentes segmentos e a terceira, de um direcionamento maior das empresas e organizadoras de evento, é a de alinhar esses momentos para seus respectivos objetivos estratégicos.
Para a diretora da empresa, Lorena Lourenço, “o evento assumiu um contexto para muito além de se ter uma festa. Ele passou a ser utilizado como uma ferramenta estratégica mesmo para as empresas e hoje em dia são mais efetivas para o mercado”. Ela acrescenta que, apesar do número expressivo de eventos realizados, os mesmos “são eventos bem focados, não são eventos aleatórios”.
Isso no caso dos eventos corporativos, que é um dos ramos de atuação da Destak Eventos. Já no caso dos eventos sociais, o grande diferencial em relação a 2022, foi o maior volume de convidados nas celebrações. “Para o segmento social, que é essa parte de casamento, aniversários etc, o que mais cresceu para o ano de 2022 foram que essas festas cresceram mais em volume, diferente do formato reduzido, que o mercado tinha quando retomou da pandemia”, concluiu Lorena.
Em linhas gerais, Lorena estima fechar 2023 com um crescimento de 20% a 30% em relação ao ano passado, tendo uma equipe fixa de sete pessoas, mas com a possibilidade de chegar a 100 pessoas trabalhando, a depender do porte do evento.