Com a aproximação das férias escolares, o Beach Park intensificou os preparativos para a alta estação. Desde abril, a equipe de Recursos Humanos iniciou o processo de seleção de temporários, com foco em funções estratégicas como consultor de turismo e atendente de alimentos e bebidas. Para a temporada de julho, foram abertas cerca de 240 vagas — número que costuma variar entre 200 e 250 todos os anos.
Segundo Francisco Jamisson, analista de recrutamento e seleção, a meta é ter o quadro completo antes do início do maior fluxo de visitantes.
Alessandro Lima, 39, é um dos contratados para atuar como consultor de turismo. Morador da Parangaba, em Fortaleza, ele está entre os profissionais que passam por treinamentos intensivos antes de assumir as funções com o público. Alessandro já trabalhava com atendimento, mas esta é sua primeira experiência na área do turismo. “Sempre atuei com pessoas, mas essa oportunidade é diferente. É uma nova direção na minha trajetória”, conta.
O curso preparatório aborda práticas de acolhimento, perfis de clientes, roteiros e aspectos culturais. “O maior desafio tem sido estudar sobre realidades que vão além da nossa. Atendemos gente de todo o país, e isso exige preparo”, afirma. Para Alessandro, a fase de capacitação já trouxe impactos concretos. Técnico em Logística, ele agora planeja voltar aos estudos, considerando formações em Turismo, Psicologia ou Comércio Exterior.
A expectativa de efetivação é comum entre os temporários. No ano passado, segundo Jamisson, cerca de 70% dos contratados para a alta estação foram integrados ao quadro permanente. Além disso, o parque oferece transporte para os colaboradores, o que, no caso de Alessandro, representa economia de tempo e custo: a linha passa em frente ao prédio onde mora.
As contratações abrangem ainda vagas para auxiliar de cozinha, camareira, jardineiro e serviços gerais. Os perfis são variados: desde jovens em busca do primeiro emprego até profissionais mais experientes. “O mais importante é a disposição para aprender e a boa comunicação. A escolaridade exigida depende da função, mas em geral pedimos ensino fundamental ou médio completo”, explica Jamisson.
O processo de seleção ocorre tanto online quanto presencial, com apoio de instituições como Sine, Casa do Cidadão de Aquiraz e Procon. Os treinamentos incluem simulações, palestras e avaliações práticas. “É uma rotina acelerada. Um dos desafios é a desistência de candidatos durante as etapas, por já terem conseguido outra vaga ou não se interessarem por contratos temporários”, completa.
Mesmo sendo um período mais curto que o de fim de ano, a expectativa para julho é de aumento no número de visitantes em relação a 2023. A maior parte do público é nacional, com destaque para turistas de São Paulo e do próprio Nordeste. O impacto se estende para além do parque. “O turismo movimenta comércio, transporte e hospedagem nas cidades vizinhas. É uma cadeia que vai além das vagas diretas”, destaca o analista.
Entre as novidades da temporada estão a atração "Arvorar" e o espetáculo com o Circo de Tirulipa aos fins de semana. No centro dessa engrenagem, histórias como a de Alessandro mostram como a alta estação também representa recomeços. “Quero seguir nessa área e aproveitar todas as portas que se abrirem a partir daqui”, diz.
Jovem encontra no trabalho temporário oportunidade para investir nos estudos
Durante o mês de julho, quando o fluxo de turistas se intensifica nas ruas de Fortaleza, um dos cartões-postais da Cidade também movimenta suas engrenagens internas para dar conta da demanda.
No Pirata Bar, fundado em 1986 e conhecido como um dos pontos turísticos mais tradicionais da Capital, o ritmo noturno exige agilidade — inclusive de quem chegou por lá para uma vaga temporária.
É o caso de Luciana Silva, 24 anos, que soma funções dentro e fora da casa: trabalha como cumim (profissional que auxilia os garçons e a cozinha); faz curso técnico de enfermagem e mantém uma clientela fixa como manicure em Horizonte, onde mora, a cerca de 40 quilômetros de Fortaleza.
"Eu atendo como manicure nos dias que não tem trabalho no restaurante, faço o curso pela manhã e venho para cá à noite", resume. O trajeto entre Horizonte e a Praia de Iracema leva cerca de uma hora e meia. Ela vem de micro-ônibus até o Centro e segue a pé até o bar. A passagem é custeada pelo empregador. "Só demora porque o transporte coletivo para muito, mas dá certo", conta.
A contratação veio por indicação. Um conhecido avisou da oportunidade, ela conversou com a gerente, fez uma entrevista rápida e foi aprovada. A função de cumim envolve o apoio à organização das mesas e entrega dos pedidos. Mesmo sem ter feito curso específico na área, Luciana tem vivência prática — já atuou em restaurantes durante outras temporadas de férias. "Gosto de trabalhar com o público."
Ela recebe R$ 90 por diária, além de cerca de R$ 30 a R$ 35 referentes ao transporte. A renda, segundo diz, tem sido fundamental para ajudar a pagar os estudos. "Essa vaga me ajudou bastante."
Com a chegada da alta estação, o setor de turismo volta a aquecer a economia — principalmente por meio das contratações temporárias. No caso de Luciana, a vaga também reacendeu planos para o futuro. "Tenho vontade de fazer curso de inglês e hotelaria. Quando terminar o técnico de enfermagem, quero focar mais nisso", planeja.
Ela afirma que gostaria de ser efetivada no restaurante, mas, mesmo que a oportunidade não se concretize, vê o trabalho como um passo importante. "Já é uma experiência que levo comigo. Um aprendizado." (Mariah Salvatore/Especial para O POVO)