Era início de 1990 e Fernanda Abreu preparava seu primeiro voo solo após o fim da Blitz, banda na qual foi backing vocal e comandou as rádios com sucessos como "Você Não Soube me Amar", além de vender milhões de cópias de seu primeiro álbum nos anos 1980. Longe da seara segura do pop-rock que sagrou o grupo, Abreu mergulhou na pista pop que fez seu primeiro disco, "SLA Radical Dance Disco Club", figurar entre os favoritos dos DJs nas pistas do Rio e de São Paulo.
Não, claro, sem gerar temor no então presidente da gravadora EMI, Jorge Davidson, que apostou na carreira solo da artista. "Não tem mercado no Brasil pra essa coisa dançante", anunciou. No que a carioca rebateu: "Não tinha, vamos inaugurar!". E assim foi feito. Com 10 canções compostas com base em samples de nomes como Madonna, Prince e Cheryl Lynn, Abreu viu as pistas e os sets de DJs se abrirem para seu som.
E é quase como um agradecimento que a cantora lança hoje nas plataformas digitais "Fernanda Abreu: 30 Anos de Baile", disco no qual celebra sua obra na visão de 15 DJs convidados a remixar canções como "Veneno da Lata", "Rio 40 Graus" e a dobradinha "Você pra Mim" e "Outro Sim", com a participação de Projota e Emicida.
"É uma celebração dessa cena do baile, da festa e especialmente dos DJs, que sempre estiveram muito próximos desde o primeiro disco, que receberam com muito carinho e entusiasmo. É muito prazeroso celebrar essa parceria lançando esse projeto e prestando uma homenagem a essa cena que amo tanto, fortalecendo ainda mais essa parceria nas pistas, nas festas e nos bailes", conta a cantora, que teve de adiar o projeto duas vezes.
A primeira, ainda em 2020, por um bom motivo. Desde o início da pandemia, quando foi obrigada a gravar um DVD, "Amor Geral (A)live", sem público, a artista pôs no mercado pelo menos cinco produtos: o single "Do Ben", em homenagem a Jorge Ben Jor composta em parceria com Pedro Luís, o CD e DVD com o registro do show "Amor Geral", e duas coletâneas: uma contendo Lados B de sua carreira, e outra com as principais baladas que lançou ao longo de 30 anos de trajetória solo.
Prestes a celebrar 40 anos de carreira desde que pisou no palco pela primeira vez em 1982, com a Blitz, Abreu segue repleta de projetos, entre eles um novo disco de remixes, mas apenas com mulheres. É também com uma seleção de cantoras que a artista pretende gravar um álbum de "feats", enquanto não tira da vista um possível disco de sambas e um álbum de inéditas, além de uma exposição e dois documentários. No futuro, talvez, uma autobiografia.
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