Os produtos da cesta básica variaram até R$ 85 a depender do local de compra, em abril. Os valores se estenderam entre R$ 529,78 a R$ 614,36. As informações fazem parte de levantamento realizado pelo Preço Comparado, iniciativa do O POVO em parceria com o Departamento Municipal de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor (Procon Fortaleza).
A diferença entre o estabelecimento mais barato, o Novo Cordeiro Supermercados, e o mais caro, o Supermercado Brasileiro, é de 16%.
O recorte de preços sobre os itens da cesta básica é uma das possibilidades disponíveis no agregador de preços do projeto Preço Comparado.
A ferramenta lançada oficialmente nesta terça-feira, dia 13, dentro das comemorações dos cinco anos do OP+ disponibiliza filtros, acompanhamentos de valores e mapa interativo para auxiliar na jornada de compras do dia a dia.
A diretora de jornalismo do O POVO, Ana Naddaf, explica que o Preço Comparado é um projeto que tem como base a educação financeira.
"O intuito principal é ser um serviço mensal que auxilia nosso leitor a economizar e controlar gastos. E, nesta segunda fase da parceria com o Procon, pretende ser uma ferramenta (o agregador é uma espécie de “lupa”) para conhecer o comportamento de preços e ofertas nas principais redes de supermercados de Fortaleza. Informação para que nosso assinante tome decisões financeiras de forma consciente e eficaz. É economia na prática. E mostra um dos principais ativos do jornalismo O POVO: o serviço", explica.
Mensalmente, o Procon Fortaleza pesquisa o preço de 100 produtos em 36 estabelecimentos. O POVO disponibiliza os dados da pesquisa, em diferentes recursos de mídia, de forma que é possível pesquisar produto a produto as oportunidades de oferta dentre os supermercados.
É importante pontuar que, neste recorte específico da cesta básica, apenas 11 supermercados possuem todos os itens da cesta disponíveis. Em 13 supermercados faltou um produto; em seis supermercados faltaram dois. Em cinco supermercados faltaram três itens e em um supermercado (Frangolândia) faltaram quatro.
Eneylândia Rabelo, presidente do Procon Fortaleza, destaca que a parceria entre a entidade e O POVO é importante para o consumidor da Capital por ofertar uma ferramenta importante para o dia a dia de consumo, especialmente dos itens mais básicos e necessários.
"Essa ferramenta de pesquisa é muito importante para fazer esse comparativo e observar se onde ele compra os produtos estão, pelo menos, dentro da margem mais baixa dos valores", aponta.
Preços da cesta básica nos supermercados de Fortaleza
Para a presidente do Procon Fortaleza, a parceria com O POVO potencializou o alcance das pesquisas historicamente realizadas pelo órgão. "Através da imprensa, temos um olhar diferenciado sobre esse comparativo de preços. E só quem tem a ganhar com essa parceria é o consumidor".
Ainda conforme Eneylândia, além do acompanhamento de preços para encontrar o melhor local para realizar as compras, os consumidores também podem utilizar os dados como prova para garantir seus direitos em caso de aumentos abusivos, exemplifica.
Além do recorte dos 12 itens da cesta básica, a pesquisa mensal abrange um total de 100 mercadorias. As informações mostram que a variação para coisas idênticas chegaram a 300%, a depender do ponto de venda escolhido.
Segundo o comparativo, que levou em consideração quase uma centena de bens, a variação média chega a 100%. Ou seja, um mesmo item pode custar duas vezes mais a depender do supermercado.
Os dados fazem parte do levantamento do Preço Comparado relativo ao mês de abril. O caso que mais chamou atenção foi o do quilo do abacate, que custou entre R$ 3,49, no Super Israel, até R$ 13,99, no GBarbosa. A diferença é de 300%.
As diferenças entre preços de produtos similares - por supermercado
Segundo os dados, em geral, são as frutas que apresentam as maiores discrepâncias. Por outro lado, mercadorias industrializados, como refrigerantes e lácteos apresentam as menores variações.
Exemplos dessa menor variação são o refrigerante Coca-Cola 2 litros e o Nam 2 - Nestlé 400 gramas, com variações de 6% e 8%, respectivamente, a depender do ponto de venda.
Em seu levantamento mensal - que aponta o preço médio da cesta básica nas principais capitais brasileiras, o Dieese apontou que o valor em Fortaleza chegou a R$ 746,52, alta de 2,62% em um mês e de 10,8% no ano. O avanço na Capital foi o segundo maior do País no período.
Nesta segunda etapa do Preço Comparado, o assinante do OP + poderá não apenas conferir as reportagens do projeto - que trazem análises a partir da pesquisa de preços feita pelo Procon Fortaleza sobre cem produtos vendidos em 36 supermercados de Fortaleza - mas também fazer suas próprias pesquisas a partir do agregador.
O coordenador da Central de Dados do OP+, Wanderson Trindade, explica que desde o último dia 30, a ferramenta foi disponibilizada no menu do OP+, em um período de testes, mas agora entra oficialmente em operação.
"O Agregador organiza e apresenta, de forma clara e acessível, os dados das pesquisas mensais. Mas, em vez de disponibilizar apenas uma tabela estática ou depender de catálogos individuais dos supermercados, optamos por oferecer uma ferramenta que permite buscas rápidas, personalizadas e acessíveis de qualquer lugar", pontua.
O objetivo da iniciativa é simples: ajudar o consumidor a fazer escolhas mais econômicas e conscientes.
São cinco modos distintos de leitura das informações coletadas pelo Procon Fortaleza nos supermercados da Capital
O catálogo do Agregador contará com a distribuição de produtos em forma de lista, com fotos, mostrando o maior e o menor preços. Também será possível refinar as buscas e acessar os valores de todos os itens dentre os supermercados pesquisados.
Há ainda um espaço de mapa, para que o consumidor possa se localizar entre os pontos de venda pesquisados.
O Agregador ainda vai contar com recorte específico para as mercadorias da cesta básica, conforme a medição feita pelo Dieese - que reúne um conjunto de 12 produtos, informando os locais com a cesta mais cara e mais barata.
Também será possível acompanhar séries históricas de preços por mês, assim como uma evolução anual dos valores desde o início da parceria O POVO e Procon Fortaleza, em 2024.
A editora-chefe de economia do O POVO, Beatriz Cavalcante, ressaltou a parceria com órgão e a importância do jornalismo de dados para fortalecer o consumidor na hora das compras."Por meio de infográficos interativos, ele se torna protagonista do preço que quer e onde quiser comprar. É o Departamento de Defesa do Consumidor e o Grupo de Comunicação em prol do consumo consciente e auxiliando na economia dos lares cearenses."
Na lista de 100 itens pesquisada mensalmente pelo Procon Fortaleza, 65% dos itens ficaram mais caros no período entre janeiro e abril deste ano. Os produtos tiveram uma variação média de 2,06%, número próximo à inflação acumulada no 1º trimestre do ano, segundo o IBGE, de 1,99%.
O equivalente a 21 dessas mercadorias tiveram variações superiores a 5% em 2025. Neste recorte, os principais "vilões" foram os valores do morango ( 71%), manga ( 55%), tomate (36%), mamão (35%) e ovo (34%).
Na avaliação do economista Alex Araújo, no que se refere às frutas, a questão sazonal é preponderante, especialmente em casos em que o item é trazido de outros estados.
Já o caso do ovo e do café em pó, que acumulou alta de 19% no período, a questão é outra: o aumento do interesse pela produção brasileira no mercado internacional, o que acaba afetando o preço internamente.
"O ovo não era um produto de exportação, mas virou depois da crise aviária americana. Eles terminam sentindo muito essa pressão da demanda internacional, e tem feito com que esses preços variem de forma sistemática e muito forte. Então, tanto o ovo como o café - que enfrenta movimento parecido enfrentam a mesma pressão", pontua.
Por outro lado, um montante de 35 itens ficaram mais baratos no 1º trimestre deste ano, sendo o abacate (-54%) o que apresentou o movimento mais relevante. A queda reverte a alta acumulada nos últimos 12 meses, ou seja, o produto retoma o patamar de custo de 2024.
Outro que teve queda de valor nas gôndolas dos supermercados foi o azeite de oliva extra virgem, que caiu 5% neste ano. No entanto, o item acumula alta de 20% em 12 meses, enquanto a inflação no período foi de 5,48%.
O projeto Preço Comparado - Supermercados é uma parceria entre O POVO e o Procon Fortaleza. Mensalmente, são analisados 100 itens de 36 supermercados da Capital e gerado um conteúdo exclusivo para os leitores do OP+