Na longa e rica história do futebol mundial, certos momentos marcam rupturas. Eles não representam apenas ajustes no calendário ou alterações nas regras, mas ajudam a mudar os rumos do futebol, moldando assim o futuro do esporte mais popular do planeta. A criação do Super Mundial de Clubes da Fifa é um desses marcos.
Longe de substituir o tradicional Mundial de Clubes realizado anualmente, e que agora passa a ser chamado de Copa Intercontinental, o novo torneio chega em um modelo já consagrado entre seleções: um campeonato global, em larga escala, com clubes de elite e estrutura de Copa do Mundo.
Com investimento investimento de 1 bilhão de dólares, algo em torno de R$ 5,5 bilhões, o torneio também é marcado expectativas elevadas. Em sua estreia, o torneio promete não apenas entreter, mas posicionar o futebol de clubes em um novo patamar de protagonismo internacional.
Com participação confirmada de quatro brasileiros (Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras), o Super Mundial nasce com DNA sul-americano e sabor brasileiro, ampliando a representatividade do futebol nacional em um palco que promete ser o mais competitivo já criado para clubes.
Ao molde das Copas do Mundo de seleções, o torneio se propõe ser quadrienal, isto é, realizado uma vez a cada quatro anos. Para escolha do primeiro país-sede está os Estados Unidos, que abriga o campeonato entre os dias 14 de junho a 13 de julho de 2025.
A partida de abertura do Super Mundial de Clubes colocará frente a frente o Al Ahly, do Egito, e o Inter Miami, dos Estados Unidos — equipe que conta com o astro argentino Lionel Messi.
Os quatro representantes do Brasil foram todos classificados por terem conquistado a Copa Libertadores em anos consecutivos, dentro do formato que agora integra a recém-renomeada Copa Intercontinental. São eles: Palmeiras (campeão em 2021), Flamengo (2022), Fluminense (2023) e Botafogo (2024).
Ao todo, 32 clubes de 19 países estarão na disputa. Entre eles, potências europeias como Real Madrid, Manchester City, Inter de Milão, Bayern de Munique e o atual campeão da Champions League, o Paris Saint-Germain, que, por sinal, caiu no mesmo grupo do Botafogo.
Clubes participantes da Copa do Mundo de Clubes da Fifa
O formato do torneio é simples e familiar: são oito grupos com quatro equipes, e os dois melhores colocados de cada avançam ao mata-mata. Caso haja igualdade de pontuação, o primeiro critério de desempate será o confronto direto. Semelhantes às Copas do Mundo de 1998 a 2022.
Os times jogam em turno único dentro do grupo. A primeira fase será encerrada em 26 de junho, uma quinta-feira, enquanto as oitavas de final começam em 28 de junho, um sábado. Se um jogo do mata-mata terminar empatado, o duelo será decidido na prorrogação, com disputa de pênaltis na sequência. Não haverá disputa de terceiro lugar na competição. Assim, serão 63 confrontos ao todo.
O caminho 1 no mata-mata terá o enfrentamento dos vencedores dos grupos A, C, E e G com os segundos colocados dos grupos B, D, F e H. Já o caminho 2 colocará frente a frente os líderes dos grupos B, D, F e H com os segundos colocados das chaves A, C, E e G.
Caso liderem seus respectivos grupos, os dois clubes com melhor ranking da Uefa (Manchester City e Real Madrid) só podem enfrentar os dois melhores colocados da Conmebol (Flamengo e Palmeiras) em uma eventual semifinal. O mesmo vale para os times 3 e 4 das duas confederações.
Calendário de jogos da Copa de Clubes da Fifa
Estádios da Copa de Clubes da Fifa
O vencedor do Super Mundial poderá ganhar até US$ 125 milhões (R$ 696 milhões). Cerca de metade do total de US$ 1 bilhão (R$ 5,57 bilhões) será dividida entre os 32 clubes, com o valor exato baseado em critérios esportivos e comerciais, o que significa que clubes como Manchester City e Real Madrid, por exemplo, receberão uma porcentagem maior.
Outros US$ 475 milhões (R$ 2,7 bilhões) serão concedidos com base no desempenho, ou seja, a equipe com o maior número de vitórias em sete partidas poderá receber o valor máximo de US$ 125 milhões (R$ 696 milhões).
Para os clubes brasileiros, a competição é extremamente rentável. Além da cota de participação de US$ 15,21 milhões — cerca de R$ 85 milhões —, os clubes podem aumentar a receita a depender dos resultados na fase de grupos. Uma vitória representa US$ 2 milhões (R$ 11 milhões), enquanto o empate rende US$ 1 milhão (R$ 5,5 milhões).
Premiação detalhada da competição
O Super Mundial não substituirá o tradicional Mundial anual, que agora se chama Copa Intercontinental. O formato se mantém quase idêntico, com o campeão da Liga dos Campeões entrando diretamente na final. Os demais clubes disputam a fase eliminatória desde as quartas de final.
A edição deste ano ocorrerá em dezembro, com possível conflito de calendário para clubes brasileiros ainda na disputa do Campeonato Brasileiro.
A nova disputa tem um peso extra para clubes como Real Madrid, Juventus, Inter de Milão e Manchester City conquistarem um título após terminarem a temporada europeia sem conquistas.
Curiosamente, Liverpool, Barcelona e Napoli, campeões nacionais de Inglaterra, Espanha e Itália, respectivamente, estão fora do torneio. Apenas Paris Saint-Germain e Bayern de Munique representarão as ligas dominantes.
O Real Madrid fracassou na Champions League e no Campeonato Espanhol, perdendo todos os confrontos diretos com o Barça. O Manchester City também não venceu títulos, algo incomum desde a chegada do técnico Pep Guardiola. A Inter de Milão perdeu o Scudetto na rodada final e foi goleada na decisão da Champions diante do PSG.
Já Juventus e Borussia Dortmund se classificaram no limite para a próxima Liga dos Campeões, enquanto até mesmo Benfica e Porto foram superados pelo Sporting, em Portugal. Até o RB Salzburg, que ganhou 10 Bundesliga austríacas entre 2014 e 2023, vem de dois vices seguidos, ficando atrás do Sturm Grazm.
A possibilidade de poder assistir um Botafogo contra Paris Saint-Germain, em um domingo de noite, em junho, data em que o futebol brasileiro está fervendo, com calendário repleto de torneios, só era possível, tempos atrás, no videogame. Esse é apenas um de tantos outros confrontos que acontecerão no Mundial de Clubes.
A ideia ousada utiliza uma fórmula que tem tudo para funcionar, mas precisa ser abraçada pelo todo do futebol. Em campo, entrega técnica, jogos competitivos e histórias que marquem os torcedores são elementos fundamentais para o sucesso de um torneio. A tendência é que aconteça isso, apesar da maior parte dos clubes viverem um momento de alto desgaste físico.
Para Fernando Graziani, colunista do O POVO e âncora do programa Esportes do POVO, da Rádio O POVO CBN, o Mundial possibilita o encontro de times do mundo inteiro.
“Deixando de lado o calendário extremamente pesado do futebol mundial, eu entendo que a criação da Copa do Mundo de Clubes da Fifa é uma grande ideia. (São) Enfrentamentos que só eram possíveis em videogame. Os valores para cada equipe são muito significativos e o prestígio é gigantesco, porque simplesmente é a reunião, durante um mês, dos principais clubes do planeta dos quatro anos mais recentes, com jogadores e técnicos enormes. Tomara que seja um sucesso”, comenta.