Logo O POVO+
A montanha-russa do futebol brasileiro: por que é tão difícil se manter no topo?
Reportagem Especial

A montanha-russa do futebol brasileiro: por que é tão difícil se manter no topo?

O processo para alcançar o topo no futebol brasileiro é algo complexo. Conseguir se manter nessa posição mais ainda. Marcado por altos e baixos, o conturbado histórico de gestões esportivas no Brasil influencia diretamente nesse aspecto. Nesta reportagem especial, O POVO+ aponta algumas questões para contextualizar e entender esse cenário, inclusive o do Leão do Pici

A montanha-russa do futebol brasileiro: por que é tão difícil se manter no topo?

O processo para alcançar o topo no futebol brasileiro é algo complexo. Conseguir se manter nessa posição mais ainda. Marcado por altos e baixos, o conturbado histórico de gestões esportivas no Brasil influencia diretamente nesse aspecto. Nesta reportagem especial, O POVO+ aponta algumas questões para contextualizar e entender esse cenário, inclusive o do Leão do Pici
Por

 

 

O Campeonato Brasileiro é, há algum tempo, considerado um dos mais disputados e imprevisíveis no mundo. No cenário do nosso futebol é muito raro presenciar a formação de hegemonias em nível nacional.

Bayern de Munique na Alemanha, Juventus na Itália, Paris Saint-Germain e Lyon na França, são exemplos de clubes que já conseguiram estabelecer, em algum momento da história, uma ampla dominância em suas ligas nacionais. Mas por que esse feito é tão difícil no Campeonato Brasileiro?

Para encontrar um exemplo que mais se aproxime de uma hegemonia na principal competição do País, é necessário remontar à década de 1960. Em um contexto organizacional bem diferente de como conhecemos o certame hoje, o Santos de Pelé conquistou cinco títulos consecutivos, de 1961 a 1965.

No âmbito dos pontos corridos, o único que conseguiu superar a marca do bicampeonato foi o São Paulo, que enfileirou as taças do Brasileirão de 2006 a 2008. Desde então, alguns clubes como Cruzeiro, Flamengo e Palmeiras até flertaram com esse feito, mas sem êxito.

 

As oscilações dos campeões na era dos pontos corridos

Clique na seta para para acompanhar a jornada dos clubes

 

Primeiro é importante reconhecer que, em suma, os resultados esportivos costumam refletir diversos fatores extracampo, como gestão e planejamento. Nesse contexto, os conturbados processos observados nos bastidores das equipes fazem com que, historicamente, o cenário do futebol profissional seja uma espécie de “montanha-russa”.

Não são raros os casos em que um clube emenda um ano repleto de conquistas no campo a uma temporada de crise, com resultados bem diferentes dos apresentados anteriormente.

Para José Renato Santiago, doutor e mestre em engenharia de produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e consultor e palestrante de gestão esportiva, essa questão passa, sobretudo, por uma configuração sistêmica da organização do futebol no País.

“Há uma estrutura convencionalmente montada nas instituições em que os gestores dos clubes, tradicionalmente, não são administradores. Eles têm uma paixão grande pelo clube e as decisões são tomadas com base nessa paixão”, detalha.

A profissionalização desses gestores, portanto, deve ser tomada como um fator crucial para uma maior competência administrativa.

O especialista complementa que uma dos fatores que contribui para a construção e manutenção desse cenário é um forte continuísmo nos cargos administrativos, observado principalmente em entidades como as federações estaduais.

José Renato Santiago é doutor e mestre em engenharia de produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e consultor e palestrante de gestão esportiva(Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal José Renato Santiago é doutor e mestre em engenharia de produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e consultor e palestrante de gestão esportiva

“Em instituições esportivas, mesmo que privadas, há um processo de mudança que é importante, que é interessante de ter. E essa mudança tem que ser sistêmica. Esse entendimento das competências administrativas tem que ser sistêmico não apenas nos clubes”, afirma.

Adicionalmente, ele opina que a grande dependência e amarras dos clubes para com as federações não é algo saudável do ponto de vista de gestão profissional. Esse modelo desestimula a busca por melhorias, mantendo-se sempre o mesmo status quo.

Por também envolver um forte elo passional por parte do seu principal público consumidor, as ações planejadas internamente em uma gestão são bastante afetadas por fatores como ingerência e a frequente cobrança por um sucesso imediato.

De acordo com José Renato Santiago, diferentes modelos de gestão marcaram períodos no futebol brasileiro(Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC)
Foto: Mateus Lotif/Fortaleza EC De acordo com José Renato Santiago, diferentes modelos de gestão marcaram períodos no futebol brasileiro

Analisando esse cenário José Renato Santiago afirma: “Ainda que o futebol seja uma paixão, ele é um negócio muito rentável, então o dia a dia (dos clubes) é muito temerário, muito crítico. Muitas vezes pode ser um dificultador para que essas coisas progridam de forma devida.”

Os modelos de gestão dos clubes brasileiros percorreram diversas mudanças desde sua consolidação como principal esporte do País.

Dos tradicionais “cartolas” ao recente modelo administrativo das SAFs (SAF é a sigla para Sociedade Anônima do Futebol, um modelo de gestão empresarial para clubes de futebol do Brasil), o futebol brasileiro tem tentado evoluir profissionalmente para explorar ao máximo seu potencial esportivo e comercial. Para isso, muitos exemplos, bons e ruins, deixaram suas marcas pelo caminho.

Nesta reportagem especial, O POVO+ apresenta e discute diferentes momentos marcantes na trajetória e evolução de algumas características da gestão esportiva nacional. Conheça mais sobre essas histórias.

 

 

“Aqui no clube, mando eu!”

Ao observarmos o cenário da administração de clubes brasileiros, é quase indissociável a lembrança de certas figuras centrais e midiáticas, como Eurico Miranda, no Vasco, e Castor de Andrade, no Bangu. Caracterizados por serem praticamente a personificação dos clubes que representavam, os ocupantes desse cargo por muito tempo foram chamados de “cartola”.

A origem da expressão remonta ao passado do esporte. Surgido inicialmente no meio aristocrático, a prática era muito restrita a membros da elite da sociedade, sendo comum a presença de adereços que comprovasse o status quo de seus praticantes.

Em uma excursão ao Brasil, dois dirigentes de uma equipe uruguaia compareceram às partidas utilizando uma cartola. A forte caracterização de nossos vizinhos sul-americanos fez com que os torcedores brasileiros associassem o acessório ao cargo ocupado.

Com o tempo, a expressão passou a ser adaptada para se referir aos gestores de grande força política e condutas polêmicas. Ao assumirem uma posição de centralizar as ações do clube em torno da sua imagem, viravam os protagonistas nos êxitos e os antagonistas nos insucessos.

Essa dualidade gerava uma forte identificação com o clube e sua torcida, sustentada por uma linha tênue entre o amor e o ódio. Segundo José Renato Santiago, essa “paixão clubística” é muito temerária na atribuição de uma função tão importante.

Duas das principais figuras características desse modelo de administração estão no futebol carioca. O POVO+ apresenta um pouco de suas histórias

 

Castor de Andrade e Eurico Miranda, os emblemáticos cartolas do futebol carioca e brasileiro

 

 

 

O preço amargo das conquistas

Da década de 1990 ao início dos anos 2010, o futebol brasileiro ficou marcado pelo rápido sucesso de grandes investimentos do meio privado em clubes tradicionais.

Mesmo que ainda sendo regulamentados sob o modelo de associação, as empresas firmavam essas parcerias visando o retorno que o poder de mobilização dos torcedores poderia proporcionar a sua marca.

Contudo, essas parcerias eram marcadas negativamente por uma baixa organização e pouca transparência. Esses fatores, a longo prazo, fizeram com que esse movimento se tornasse uma grande dor de cabeça para dirigentes e torcida.

Entre a década de 1990 e o início dos anos 2010, o futebol brasileiro foi caracterizado pelo impacto imediato dos grandes investimentos do setor privado em clubes tradicionais(Foto: Chanikarn Thongsupa / rawpixel.com)
Foto: Chanikarn Thongsupa / rawpixel.com Entre a década de 1990 e o início dos anos 2010, o futebol brasileiro foi caracterizado pelo impacto imediato dos grandes investimentos do setor privado em clubes tradicionais

Além disso, José Renato Santiago explica que outro grande problema desses exemplos é a falta de contribuições na estrutura física e administrativa deixada pelos investidores. Segundo o pesquisador, esse modelo de negócio pecava ao não “se preocupar com o amanhã” .

Com isso, a incapacidade de manter os ativos adquiridos no período de injeção financeira e o consequente acúmulo de dívidas impactaram diretamente nos desempenhos esportivos, culminando, inclusive, no rebaixamento em alguns casos. Conheça exemplos marcantes de clubes que passaram por esse modelo:

 

O financiamento privado no Palmeiras, Fluminense e Corinthians

 

 

Mudança de cenário e perspectivas para o futuro

Desde a segunda metade da década de 2000, o foco na excelência administrativa dos clubes passou a ser uma pauta mais presente no dia a dia dos clubes, das federações esportivas e até mesmo dos poderes públicos da sociedade civil.

Um dos primeiros passos para a entrada nesse novo cenário foi a criação da Timemania. Criada por meio do decreto nº 6.187/07, referente a regulamentação da Lei nº 11.345/06, a iniciativa trata-se de uma loteria da Caixa Econômica Federal que tem como objetivo gerar receitas aos clubes de futebol profissional no Brasil.

Do montante arrecadado, 22% é direcionado para as equipes de futebol profissional que cederem o uso de seu nome, imagens e símbolos para divulgação e execução do concurso. A ideia é que os clubes aproveitem desse auxílio para pagarem suas dívidas previdenciárias com a Receita Federal.

A Timemania é uma loteria da Caixa voltada para os apaixonados por futebol, onde parte do valor arrecadado ajuda os clubes a quitarem dívidas(Foto: Caixa Econômica Federal)
Foto: Caixa Econômica Federal A Timemania é uma loteria da Caixa voltada para os apaixonados por futebol, onde parte do valor arrecadado ajuda os clubes a quitarem dívidas

Alguns anos depois, no início da década de 2010, deu-se início a movimentação para implementação do Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut), que viria a ser sancionado em 2015.

O projeto, que tem como objetivo principal renegociar a dívidas dos clubes com o governo, tem algumas obrigações pré-estabelecidas para que um clube possa aderir e se manter inserido no quadro de beneficiados.

Dentre essas questões, estão mecanismos para fomentar boas práticas de gestão administrativa e financeira, como proibir a antecipação de receitas futuras, reduzir o déficit para 5% da receita bruta do ano anterior e limitar o custo da folha de pagamentos e direitos de imagem dos jogadores a 80% da receita bruta anual das atividades de futebol.

Apesar dos esforços, as ferramentas públicas surtiram um efeito prático menor do que se poderia, de fato, alcançar, como comenta José Renato Santiago. “Essas ações não têm sido muito efetivas justamente porque não há um entendimento sistêmico desse processo, dos benefícios e dos bônus que cada um desses planos propicia.”

Um dos marcos mais recentes dessas tentativas de promover uma melhoria ao cenário administrativo do futebol brasileiro foi a aprovação, em 2021, da Lei nº 14.193/21. Esse projeto regulamentou a possibilidade dos clubes adotarem o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF), instituindo novas normas de governança, controle e transparência dos meios de financiamento das atividades relacionadas à prática do futebol.

Esse modelo favorece e estimula a aquisição ou investimento dos clubes por organizações privadas e acionistas, possibilitando o funcionamento dessas instituições como um clube-empresa.

No início da edição de 2025 do Campeonato Brasileiro, seis das 20 equipes estavam institucionalizadas como SAF. Esse rápido processo de adesão ao modelo já tem rendido frutos para certas equipes.

 

Mapa das SAFs da Série A do Brasileirão

 

Um exemplo disso está no Botafogo, que adotou oficialmente essa forma de administração no início de 2022, ao vender 90% de suas ações para a Eagle Holding, do empresário norte-americano John Textor. O bilionário direcionou grandes investimentos para fortalecer o clube, à época recém-promovido da Série B, tanto em nível estrutural quanto esportivo.

Desde então, o clube recebeu uma injeção financeira para contratações que se aproxima de R$ 1 bilhão. Como retorno esportivo, a equipe alcançou a conquista inédita da Copa Libertadores em 2024, assim como seu terceiro título de Campeonato Brasileiro, no mesmo ano.

José Renato Santiago, no entanto, alerta que a adoção desse modelo não é garantia de uma gestão de sucesso, mas sim um passo importante. Isso porque há diversos aspectos que devem ser observados para além da grande movimentação financeira.

O empresário norte-americano John Textor é dono do Botafogo e do Lyon (França), e co-proprietário do Crystal Palace. Ele fez fortuna por sua atuação na indústria de tecnologia e mídia(Foto: Vítor Silva/Botafogo)
Foto: Vítor Silva/Botafogo O empresário norte-americano John Textor é dono do Botafogo e do Lyon (França), e co-proprietário do Crystal Palace. Ele fez fortuna por sua atuação na indústria de tecnologia e mídia

“Não dá para simplesmente chegar e dizer ´vamos fazer uma SAF´. Quais são os objetivos? Quais são as metas de curto, médio e longo prazo para que isso aconteça? Por isso que, algumas vezes, falar de SAF de uma forma indiscriminada é muito perigoso. Porque parece que é só chegar com muito dinheiro para resolver os problemas. Não. Tem que ser uma coisa estruturada e planejada”, explica o especialista.

Por esse motivo, é importante ressaltar que há exemplos de times que conseguiram alcançar uma gestão de excelência ainda no modelo de associação sem fins lucrativos, como Flamengo, Fortaleza e Palmeiras.

O sucesso esportivo e administrativo das três equipes se deu por um gradual processo de reestruturação e profissionalização de seus departamentos internos. Analisado por uma linha cronológica, os momentos de “virada de chave” do trio aconteceram em um recorte temporal muito próximo.

Palmeiras e Flamengo se destacam como exemplos de sucesso tanto dentro quanto fora de campo no futebol brasileiro, após passarem por um processo gradual de reestruturação e profissionalização de suas estruturas internas(Foto: Cesar Greco/Palmeiras)
Foto: Cesar Greco/Palmeiras Palmeiras e Flamengo se destacam como exemplos de sucesso tanto dentro quanto fora de campo no futebol brasileiro, após passarem por um processo gradual de reestruturação e profissionalização de suas estruturas internas

No início da década de 2010, Flamengo e Palmeiras, sob as figuras de Eduardo Bandeira de Mello e Paulo Nobre, respectivamente, adotaram estratégias de gestão semelhantes.

Com um período inicial de austeridade, as equipes tiveram de resistir a sua limitação de poder financeiro na construção de seus elencos, figurando constantemente entre o meio e a parte de baixo da tabela do Campeonato Brasileiro.

A partir disso, a redução de dívidas e um maior investimento estrutural, principalmente em suas categorias de base, permitiu um aumento de suas receitas e, consequentemente, maior potencial de atrair bons patrocinadores.

Com esse maior aporte financeiro e grandes atrativos nas estruturas de sua instalação, os clubes conseguiram fortalecer seus elencos e tornaram-se protagonistas em praticamente todas as competições.

 

Palmeiras e Flamengo protagonistas do futebol brasileiro nos últimos 10 anos

 


Fortaleza: da crise à reestruturação, mas com alerta ligado... 

A situação do Fortaleza era um pouco diferente e mais crítica que a dos anteriores. O Tricolor do Pici amargava uma longa estadia na terceira divisão do futebol nacional e passava por um momento de grande fragilidade financeira e estrutural.

O início da reformulação do Fortaleza se deu em 2017, especialmente, quando Marcelo Paz, até então vice-presidente, assumiu o cargo deixado por Eduardo Girão, que já havia dado o pontapé no processo de redução de dívidas e adequação da folha de pagamento do Leão do Pici.

Paz, formado em administração de empresas pela Universidade Federal do Ceará (UFC), iniciou seu mandato com algumas mudanças, como delegar a função de diretor de futebol, também ocupada por ele até então, a outra pessoa, que inicialmente foi Daniel de Paula Pessoa.

Então presidente do Fortaleza, Marcelo Paz e Rogério Ceni em 2017 durante apresentação do novo treinador do Leão do Pici(Foto: Mateus Dantas para O POVO em 15 de novembro de 2017)
Foto: Mateus Dantas para O POVO em 15 de novembro de 2017 Então presidente do Fortaleza, Marcelo Paz e Rogério Ceni em 2017 durante apresentação do novo treinador do Leão do Pici

Um segundo ato marcante do mandatário tricolor foi a escolha de Rogério Ceni como treinador da equipe para a temporada de 2018. O ex-goleiro teve um papel crucial para a reestruturação tricolor, exigindo melhorias nas instalações do clube e implementando uma mentalidade vencedora nos bastidores.

Desde então o Fortaleza tem colecionado os melhores momentos de sua centenária história. Em 2018, com uma campanha irretocável que lhe concedeu o título da Série B do Campeonato Brasileiro, o Leão confirmou seu retorno à Série A depois de mais de uma década de ausência.

Além disso, o Tricolor do Pici deu sequência a sua era mais vitoriosa nos anos seguintes, conquistando um pentacampeonato cearense (2019 a 2023) e três taças da Copa do Nordeste (2019, 2022 e 2024).

O Fortaleza vive atualmente uma fase vitoriosa, com a conquista do pentacampeonato cearense (de 2019 a 2023), três títulos da Copa do Nordeste (em 2019, 2022 e 2024), além do vice da Copa Sul-Americana de 2023(Foto: Itawi Albuquerque/ Agif)
Foto: Itawi Albuquerque/ Agif O Fortaleza vive atualmente uma fase vitoriosa, com a conquista do pentacampeonato cearense (de 2019 a 2023), três títulos da Copa do Nordeste (em 2019, 2022 e 2024), além do vice da Copa Sul-Americana de 2023

Para além dos troféus, o Fortaleza ficou muito marcado por figurar, regularmente, entre as principais equipes do País, chegando à semifinal da Copa do Brasil em 2021, e terminando o Campeonato Brasileiro entre as quatro melhores colocações em duas oportunidades, em 2021 e 2024.

Não bastasse a consolidação nacional, a equipe alçou importantes voos internacionais, classificando-se para três edições de Libertadores (2022, 2023 e 2025). Além disso, foi a primeira equipe na história do futebol cearense a disputar uma final continental, que resultou em um vice-campeonato da Copa Sul-Americana para a LDU do Equador em 2023.

Desde 2023, o Fortaleza também aderiu ao movimento das SAFs criando a Fortaleza EC SAF que, até o momento, mantém 100% de suas ações nas mãos do próprio clube. Com essa mudança, Marcelo Paz assumiu o cargo de CEO da SAF e estuda o mercado para negociações com acionistas minoritários para o projeto.

Essas mudanças estruturais e o bom desempenho dentro de campo, porém, não eliminam o elemento da imprevisibilidade que ronda o dia a dia dos clubes.

Em um meio que possui uma certa dependência de aprovação externa, os desafios impostos pela torcida, como pressão por resultados e cobranças por contratações, também devem ser uma constante no planejamento profissional das gestões.

O futebol, para além de um mero negócio, é uma paixão com forte poder de mobilização popular. Ignorar a importância de saber lidar com essa característica é reprimir um importante passo para a consolidação de um cenário esportivo mais estável no Brasil.

O que você achou desse conteúdo?