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"Agora a casa tem vida": e se toda moradia popular tivesse um arquiteto?
Reportagem Seriada

"Agora a casa tem vida": e se toda moradia popular tivesse um arquiteto?

Melhorias habitacionais podem proporcionar dignidade e conforto para pessoas que não podem pagar por serviços de arquitetura e engenharia em suas construções ou reformas. Conheça projetos que tornam essa solução possível e acessível, aliando a experiência de pedreiros com a necessidade de intervenção técnica que diminui riscos e assegura qualidade de vida
Episódio 5

"Agora a casa tem vida": e se toda moradia popular tivesse um arquiteto?

Melhorias habitacionais podem proporcionar dignidade e conforto para pessoas que não podem pagar por serviços de arquitetura e engenharia em suas construções ou reformas. Conheça projetos que tornam essa solução possível e acessível, aliando a experiência de pedreiros com a necessidade de intervenção técnica que diminui riscos e assegura qualidade de vida Episódio 5
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No bairro Siqueira, no Grande Bom Jardim, na periferia de Fortaleza, dona Meire Vânia, 50 anos, aprendeu a cavar com as próprias mãos. “Não foi porque eu quis, foi porque eu precisei” é a frase que está escrita em uma de suas paredes e justifica a ação. Foi na terra batida do quintal que ela escavou, sozinha, uma vala para tentar drenar a água das chuvas que invadiam a casa.

A lama entrava pela residência, o frio colava no chão cru e as noites vinham sem promessa de sossego. Por anos, ela e os dois filhos dividiram o mesmo quarto, a mesma cama e, por não haver banheiro, também a mesma humilhação de depender da vizinhança para fazer as necessidades mais básicas.

“Era só barro (o cômodo da casa que deveria ser o banheiro). Pra tomar banho, a gente colocava umas madeiras no quintal e usava umas vasilhas. Mas pregava o barro na sandália. Quando chovia, o chão virava um lamaçal. Eu pegava os pedacinhos de lajota e botava, pra água não invadir a casa mais ainda”, conta ela, um tanto constrangida, com a memória marcada pelas goteiras e pela vergonha.

Meire Vânia, 50 anos, teve a vida transformada depois de ter sua casa escolhida pelo programa Morar Bem para uma reforma(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Meire Vânia, 50 anos, teve a vida transformada depois de ter sua casa escolhida pelo programa Morar Bem para uma reforma

A dignidade parecia sempre adiada — até que a casa de Vânia virou um dos endereços contemplados pelo programa Morar Bem, projeto de melhorias habitacionais desenvolvido pela Secretaria Municipal do Desenvolvimento Habitacional (Habitafor) em zonas vulneráveis da Capital.

Na reforma, conduzida pela engenheira Mariana Sales, não houve luxo. Mas o que houve foi suficiente: piso de cimento, novas portas, reboco nas paredes, divisão dos cômodos, instalação elétrica e o mais importante: a construção do banheiro.

“Era o meu maior sonho”, diz Vânia, emocionada e orgulhosa, enquanto admira o próprio banheiro.

 

A engenheira lembra do impacto que o caso causou. “Foi uma virada de chave. Mesmo sendo só o básico, a casa da Vânia teve uma mudança radical. E precisava mesmo ser. Mas mesmo com tão pouco, a vida dela se transformou.”

Agora, a casa que já foi medo virou abrigo. E o que antes era barro, virou chão firme para recomeçar.

Com orçamento enxuto e atuação localizada em áreas de vulnerabilidade, o projeto tem como diferencial a presença de engenheiros(as) e arquitetos(as) acompanhando todas as etapas da obra, do diagnóstico ao acabamento.

Meire Vânia ao lado da engenheira Mariana Sales, da Habitafor, responsável pelo projeto técnico de reforma da casa dela(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Meire Vânia ao lado da engenheira Mariana Sales, da Habitafor, responsável pelo projeto técnico de reforma da casa dela

“A Vânia foi um dos casos mais extremos, uma virada de chave, porque a estrutura era muito frágil. A casa dela não tinha banheiro, não tinha divisão de cômodos, a estrutura era precária. Reformar ali era uma questão de dar dignidade praquela família”, conta a engenheira civil Mariana Sales, responsável técnica pela obra.

Para ela, a atuação em campo faz refletir sobre o papel da engenharia dentro da política habitacional. “A gente se depara com realidades que nenhuma faculdade ensina. O que está em jogo é a vida das pessoas. É ter onde tomar banho, onde dormir sem goteira, onde ter privacidade.”

Mariana percebe que, mesmo com as limitações do projeto, o impacto da intervenção foi visível. “Eu vejo como ela cuida da casa, como ela limpa o piso, como ela fala da casa. Depois da reforma, ela começou a colocar plantinhas e deu vida praquele quintal. A forma como ela se relaciona com o espaço mudou muito. Eu percebo que, pra ela, virou um espaço de cuidado. E isso muda tudo: a relação com os filhos, com o bairro, com ela mesma”.

 

 

Essa é a base da chamada Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social (Athis), prevista em lei federal desde 2008 (Nº 11.888), mas que ainda engatinha nas cidades brasileiras. A iniciativa da Habitafor representa, ainda que de forma modesta, uma tentativa de política pública efetiva.

Dona Vânia, como milhares de brasileiros, construiu a própria casa sem arquiteto, sem engenheiro e sem segurança: “Foi tudo na cara e na coragem, né? Pela necessidade. Mas sempre os vizinhos ajudando uns aos outros”.

É o retrato da chamada autoconstrução, forma predominante de edificação nas cidades brasileiras. A realidade de Vânia é semelhante à de muitos que não possuem banheiro por falta de recursos e de acesso a conhecimento técnico.

Melhorias habitacionais podem proporcionar dignidade e conforto para pessoas que não podem pagar por serviços de arquitetura e engenharia em suas construções ou reformas(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Melhorias habitacionais podem proporcionar dignidade e conforto para pessoas que não podem pagar por serviços de arquitetura e engenharia em suas construções ou reformas

As soluções improvisadas são comuns, mas trazem riscos: instalações elétricas malfeitas, infiltrações, sobrepeso em lajes, ausência de esgoto sanitário. A falta de acesso à arquitetura e engenharia de qualidade aprofunda desigualdades, perpetua condições de insalubridade e fragiliza a saúde e segurança das famílias.

Enquanto caminha pela rua, a engenheira Mariana Sales é interrompida várias vezes por moradores vizinhos de Vânia que também carecem de melhorias em suas moradias. “A reforma da Vânia mostra que é possível. Mas a Cidade precisa de muitas Vânias sendo atendidas. Enquanto não houver investimento maciço, vamos continuar apagando incêndios com baldes d’água”, conclui ela.

Após as intervenções, a frase que Vânia pretende mostrar na parede de casa é: “Agora a gente tem onde ficar em paz”.

 

 

Morar Bem: o direito à qualidade de vida de portas abertas

Há uma Fortaleza que não nasceu de plantas baixas nem de cálculos estruturais. É essa cidade, forjada na autoconstrução, que a arquiteta e urbanista Camila Aldigueri conhece de perto.

Professora por mais de uma década, hoje ela atua como coordenadora da Assessoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional (Asplan) da Habitafor. Entre planilhas, visitas técnicas e reuniões, carrega uma convicção: o papel do Estado é reconhecer essa cidade que já existe e oferecer, com cuidado e técnica, aquilo que faltou desde o início.

“As casas estão sempre em processo de construção: ela acontece por etapas, conforme a família consegue juntar dinheiro, comprar o material, ganhar uma porta, uma janela. Às vezes cresce para o fundo, para a frente, para cima. É uma arquitetura que se molda à vida e cujas soluções surgem da criatividade. São um conjunto de fragmentos”, diz Camila.

Áreas de risco são comuns em comunidades como o Serviluz, com algumas casas desabando, abandonadas e interditadas em períodos de fortes chuvas(Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Áreas de risco são comuns em comunidades como o Serviluz, com algumas casas desabando, abandonadas e interditadas em períodos de fortes chuvas

Ela conta que muitas moradias visitadas pela equipe da Habitafor foram erguidas sobre a areia, sem fundações, piso ou ventilação adequada. Os banheiros, quando existem, são improvisados e frequentemente sem acesso à rede de esgoto.

É por isso que a atuação da Secretaria, segundo ela, se aproxima da “alfaiataria”. “A gente entra, entende o que aquela família precisa, e atua com o olhar técnico para transformar aquele espaço em um lugar mais digno e salubre para se viver.”

A lógica das melhorias, segundo ela, rompe com a ideia de que a assistência técnica se limita ao papel do arquiteto no projeto.

Paloma Pereira, de 35 anos, é uma das beneficiárias do programa Morar Bem, da Habitafor. Ela mora junto com três filhos pequenos no bairro Siqueira(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Paloma Pereira, de 35 anos, é uma das beneficiárias do programa Morar Bem, da Habitafor. Ela mora junto com três filhos pequenos no bairro Siqueira

Os serviços coordenados pela Habitafor vêm acompanhados de execução, fiscalização, compra de materiais e garantia de que aquela intervenção, mesmo pequena, traga mudanças concretas na vida das pessoas.

Além disso, pessoas das próprias comunidades beneficiadas são contratadas para atuar como mão de obra nessas reformas.

A mudança na casa de dona Vânia é uma das 35 já concluídas no Siqueira, bairro que ainda tem outras 319 em andamento. De acordo com Camila Aldigueri, no total são 1.666 reformas previstas, todas em Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis): 122 no bairro Moura Brasil e 1.190 no Serviluz.

 

 

A arquitetura não se afastou: ela nunca chegou a estar perto

O arquiteto e urbanista Jefferson John, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil no Ceará (IAB/CE), caminha pela Cidade com um olhar treinado para identificar quando um espaço foi pensado e quando simplesmente se fez.

“Você entra num ambiente e sente a diferença entre algo projetado e o que foi surgindo no improviso”, diz. Essa diferença, afirma, não é apenas estética; é também funcional, e tem raízes profundas na própria história da profissão.

Desde as pirâmides do Egito, lembra Jefferson, a arquitetura esteve ligada ao poder econômico. No Brasil, isso se traduz na concentração de arquitetos e obras assinadas nas regiões mais ricas — e na ausência crônica desses profissionais nas periferias.

O arquiteto e urbanista Jefferson John é presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento do Ceará (IAB/CE)(Foto: Aline Caldas)
Foto: Aline Caldas O arquiteto e urbanista Jefferson John é presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento do Ceará (IAB/CE)

“Hoje, apenas cerca de 10% das obras na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) têm a presença de um arquiteto. Isso não é só por falta de dinheiro; é também por falta de informação e, admito, por uma falha nossa, da categoria, em criar estratégias para atender esse mercado.”

Ele fala de uma lógica que poderia mudar o cenário: a economia de escala.

“Se um projeto custa R$ 20 mil para uma casa, por que não pensar em atender vinte casas no mesmo quarteirão, reduzindo o valor individual e mantendo a qualidade?”, provoca.

Mas reconhece que poucos escritórios se dispõem a sair da zona de conforto do mercado imobiliário ou institucional para enfrentar a complexidade das obras populares.

A ausência de assistência técnica deixa marcas que vão além da estética.

“Falta pensar iluminação, ventilação, acessibilidade. Quantos corredores, banheiros e portas já não foram feitos estreitos demais, sem prever que ali, um dia, poderia morar um idoso ou uma pessoa com deficiência?”, questiona. Para ele, oferecer arquitetura não é caridade, é negócio e também responsabilidade social.

“O arquiteto tem repertório. Com R$ 1 mil para uma janela, ele vai buscar a melhor solução para aquele espaço, aproveitando luz, ventilação e segurança.”

Esse distanciamento, diz, também se explica pela falta de exemplo do poder público. Jefferson defende que a valorização da arquitetura começa no Estado, seja com concursos públicos de projeto, seja estruturas públicas de arquitetura e urbanismo para assessorar a população mais carente.

Dona Fátima, outra beneficiária do programa Morar Bem, da Habitafor, mostra seu novo banheiro após a reforma feita pelo projeto na casa dela(Foto: Divulgação/Habitafor)
Foto: Divulgação/Habitafor Dona Fátima, outra beneficiária do programa Morar Bem, da Habitafor, mostra seu novo banheiro após a reforma feita pelo projeto na casa dela

“Nenhuma cultura se estabelece sem que o Estado dê o exemplo. Nos anos 50, 60 e 70, houve valorização da arquitetura. Eu acho que o Estado perdeu a capacidade de trabalhar com a mensagem, mas isso é um pouco do que a gente vive no Brasil. Qual é o projeto de país que nós temos? Um dia nós quisemos criar uma nação e a imagem do Brasil e do brasileiro para o exterior. E hoje, com tanto antagonismo, disputas de narrativa e falta de interesse, qual é a imagem que o Brasil quer passar?”

Além da função prática, ele lembra que a arquitetura é também estética, emoção e mensagem. Um viaduto, uma praça, um prédio público comunicam algo sobre a Cidade e sobre o próprio País.

“O feio é caro. O papel do arquiteto é fazer caber beleza, funcionalidade e solução no orçamento disponível. Quando o Estado constrói algo com qualidade arquitetônica, ele mostra capacidade econômica, política e técnica. Isso constrói imaginário.”

Apenas cerca de 10% das obras na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) têm a presença de um arquiteto, segundo o presidente do IAB Ceará(Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Apenas cerca de 10% das obras na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) têm a presença de um arquiteto, segundo o presidente do IAB Ceará

Enquanto iniciativas como a da Habitafor ou projetos de extensão universitária tentam ocupar parte dessa lacuna, a demanda segue muito maior que a oferta.

Para Jefferson, o caminho passa por aproximar jovens arquitetos desse universo, abrindo espaço para que construam portfólio, adquiram experiência e atendam a preços acessíveis.

“Se é possível comprar cimento, tijolo e ferro, também é possível contratar arquitetura, desde que a gente saiba como oferecer”, resume.

 

 

Arquitetura e engenharia na periferia

Anualmente, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Ceará (CAU/CE) lança editais para selecionar e apoiar financeiramente profissionais que ofereçam acompanhamento e execução de obras e reformas em habitações de famílias com baixa renda.

Foi graças a essa iniciativa que nasceu o Caderno de Projetos da Ocupação Carlos Marighella, uma parceria entre as assessorias técnicas populares Taramela, Quintau Coletivo e Instituto de Arquitetura, Urbanismo e Design da Universidade Federal do Ceará (Iaud/UFC), cuja cooperação resultou no projeto para a construção das moradias das mais de 80 famílias que vivem desde 2020 nessa ocupação no bairro Mondubim.

Antes de construir esse desenho das unidades habitacionais, os moradores participaram ativamente da criação de soluções para as questões existentes no local.

Projeto de unidade habitacional na Ocupação Carlos Marighella(Foto: Acervo Taramela, Quintau e Extensão Universitária da UFC)
Foto: Acervo Taramela, Quintau e Extensão Universitária da UFC Projeto de unidade habitacional na Ocupação Carlos Marighella

“Tem gente que tem venda em casa, tem gente que faz bazar, mercearia, diversas formas de vida que precisam ser mantidas lá e que poderão ser ampliadas sem correr o risco de comprometer a estrutura”, explica o arquiteto e urbanista Vinicius Saraiva, coordenador do projeto.

Além das áreas livres e dos espaços comuns como o centro comunitário e a horta, as casas foram projetadas de maneira que possam ser expandidas — no caso de a família aumentar ou de originar um pequeno comércio, por exemplo, ou caso algum membro precise de garagem para guardar um meio de transporte como moto ou carro.

O caderno, que especifica um orçamento detalhado, foi entregue à Prefeitura e aguarda um desfecho. Enquanto nada se concretiza, os moradores continuam a conviver com os desafios de não terem moradias dignas.

“O sofrimento da gente é muito desesperado. A gente sabe que na hora da chuva a gente quer tá num conforto, e na hora da chuva nós tamo agoniado, com as nossas casa cheia d’água (sic). As crianças não têm onde passar o frio, porque todo canto tá molhado. Eu quero que todos tenham sua moradia digna, porque esse sofrimento que a gente passa”, desabafa Maria Edina, uma das chefes de família que vivem na Ocupação Carlos Marighella.

É para minimizar esse sofrimento de pessoas humildes como Edina que outro grande projeto atua desde 2005: o Escritório de Tecnologia Social (Etecs) da Universidade Federal do Ceará.

É numa pequena sala dentro do Campus do Pici, na UFC, que funciona o projeto de extensão criado pelo engenheiro civil Alexandre Bertini para encurtar a distância entre o conhecimento técnico e quem mais precisa dele.

Ovelhas da Ocupação Carlos Marighella(Foto: Maria Edina N. Araújo, moradora da OCM)
Foto: Maria Edina N. Araújo, moradora da OCM Ovelhas da Ocupação Carlos Marighella

“Realizamos trabalhos sociais na área de engenharia e arquitetura, trabalhando alinhados à comunidade no sonho e na construção de um futuro melhor, por meio do combate às desigualdades e garantia de direitos básicos, disponibilizando assistência técnica gratuita de projeto e construção às pessoas de baixa renda que necessitam desses serviços”, explica o professor.

Ao longo de quase duas décadas, o Etecs já ultrapassou 1.500 atendimentos, somando famílias inteiras beneficiadas por projetos de arquitetura, reformas, instalações elétricas e hidrossanitárias, inspeções prediais, memoriais descritivos e plantas para regularização fundiária — tudo sem custo para o morador.

“Eu costumo dizer que é o SUS da engenharia”, compara Bertini.

O trabalho se sustenta em um time que mistura experiência e juventude: cerca de quinze alunos de graduação — a maioria voluntários —, estagiários de escolas profissionalizantes e professores de diferentes departamentos da UFC, além de profissionais da própria Universidade.

Prof. Alexandre Bertini (ao centro) com integrantes do Etecs. Projeto foi iniciado em 2005 e já desenvolveu mais de mil projetos para a população de baixa renda em Fortaleza(Foto: Ribamar Neto/UFC)
Foto: Ribamar Neto/UFC Prof. Alexandre Bertini (ao centro) com integrantes do Etecs. Projeto foi iniciado em 2005 e já desenvolveu mais de mil projetos para a população de baixa renda em Fortaleza

No dia a dia, o escritório também é espaço de formação. “É uma mão de via dupla, onde eles ensinam e aprendem também”, resume.

A atuação sofreu mudanças com a pandemia de Covid-19, quando o atendimento precisou ser adaptado para a internet. Projetos foram desenvolvidos a partir de vídeos e reuniões virtuais, garantindo que a engrenagem não parasse.

Entre as demandas mais volumosas, está hoje a regularização fundiária, com plantas e memoriais elaborados em parceria com a Defensoria Pública e a Faculdade de Direito da UFC.

Habitafor administra uma fila com pessoas esperando uma moradia(Foto: Levi Aguiar)
Foto: Levi Aguiar Habitafor administra uma fila com pessoas esperando uma moradia

“É uma pequena revolução silenciosa quando as pessoas têm direito ao papel da casa”, afirma.

Bertini acredita que, com mais apoio das universidades, do poder público e da sociedade civil, a assistência técnica poderia transformar de forma estruturante as periferias brasileiras. “As construções poderiam ser erguidas com maior solidez, conforto térmico e acústico, segurança e qualidade. As universidades têm uma capilaridade enorme e podem atuar fortemente para a melhoria habitacional, contribuindo também para a formação cidadã de nossos futuros engenheiros e arquitetos.”

Assim, entre plantas baixas e memórias descritivas, o Etecs segue como um elo entre saber e necessidade, fazendo caber dentro de poucos metros quadrados o que, para muitas famílias, representa o alicerce de um sonho.

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