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"O último remédio": como funciona a eutanásia em animais?
Reportagem Seriada

"O último remédio": como funciona a eutanásia em animais?

Diferente da medicina humana, médicos veterinários do Brasil têm autorização para realizar eutanásia em animais que, entre outros cenários, estejam sem perspectiva de melhora e em alto grau de sofrimento. Permissão abre espaço para discutir sobre vida e morte digna em animais e sobre a posição de médicos veterinários entre a dor e a gratidão pelo procedimento
Episódio 4

"O último remédio": como funciona a eutanásia em animais?

Diferente da medicina humana, médicos veterinários do Brasil têm autorização para realizar eutanásia em animais que, entre outros cenários, estejam sem perspectiva de melhora e em alto grau de sofrimento. Permissão abre espaço para discutir sobre vida e morte digna em animais e sobre a posição de médicos veterinários entre a dor e a gratidão pelo procedimento
Episódio 4
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A primeira vez que a médica veterinária Bárbara Florence Guedes se deparou com a eutanásia foi durante a faculdade. A cadelinha da família estava com câncer e tinha passado por muitas cirurgias. Ela entrou em metástase e, não tão de repente, a sugestão de fazer o procedimento de morte assistida surgiu.

“Eu falei pro meu professor na época e ele disse algo que eu nunca mais esqueci: ‘Você tem medicado a sua cachorra todos esses meses de tratamento. Você tá fazendo tudo, você tá fazendo todas as medicações, você tá fazendo todos os curativos... O que você decidiu fazer para ela, hoje, é o último remédio que você vai dar para ela'”, relembra a médica.

Essas palavras ressignificaram, para ela, a complexa relação que os médicos veterinários têm com a eutanásia: entre o alívio de cessar a dor e a tristeza de cessar a vida.

Nomeada "O Presente", a ilustração do veterinário e animador Frank Gaschk retrata o momento da eutanásia de um cão, acompanhada pelos familiares(Foto: Frank Gaschk)
Foto: Frank Gaschk Nomeada "O Presente", a ilustração do veterinário e animador Frank Gaschk retrata o momento da eutanásia de um cão, acompanhada pelos familiares

“Eu tenho mais de 20 anos de carreira e eu digo, com toda certeza, que a gente nunca se acostuma”, diz Camila Campos, médica veterinária de pequenos animais. Diferente dos médicos de humanos, os veterinários encontram-se no exercício constante de avaliar causos e informar aos tutores quando a eutanásia é a melhor opção para o animal. “Muitas vezes, eu sou grata por poder (fazer a eutanásia)”, reflete a médica.

No caso de animais domésticos, é recomendada quando “o bem-estar do animal estiver comprometido de forma irreversível, sendo um meio de eliminar a dor ou o sofrimento dos animais”. A instrução é da Resolução 1000/2012 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), reforçada pelo Guia Brasileiro de Boas Práticas para a Eutanásia em Animais, do mesmo conselho.

Há outros casos em que o procedimento é permitido: quando o animal constituir ameaça à saúde pública ou risco à fauna nativa ou ao meio ambiente; quando o bicho for objeto de atividades científicas, devidamente aprovadas por uma Comissão de Ética para o Uso de Animais (Ceua); e quando o tratamento representar custos incompatíveis com a atividade produtiva a que o animal se destina ou com os recursos financeiros do proprietário.

Se a discussão sobre o procedimento para humanos é coberta de tabus, para os animais é envolta por desinformação e pelo silenciamento do sofrimento psíquico que médicos veterinários enfrentam ao estar em constante contato com o procedimento.

 

 

Eutanásia, quando necessário

A eutanásia é um procedimento regulamentado e guiado por práticas éticas e científicas focadas no respeito e no bem estar do animal em qualquer situação. Palavras como “crueldade”, “descaso” e “ganância” não se enquadram nas aplicações da eutanásia, mas essa é uma compreensão muito recente sobre o assunto.

De acordo com Daniel Viana, presidente do Conselho Regional Medicina Veterinária do Estado do Ceará (CRMV-CE) e professor na Universidade Estadual do Ceará (Uece), a eutanásia é um “procedimento humanitário”. Os métodos não podem ser crueis, devem ser irreversíveis e implicam um processo inicial de anestesia seguido de analgesia.

Na Resolução 1000/2012, descreve-se quais os métodos indicados caso a caso: para animais domésticos, para animais de criação, silvestres, exóticos, clonados e até para ovos fecundados.

Isso não significa que a decisão de indicar a eutanásia é fácil. A possibilidade do procedimento exige dos veterinários reflexões éticas e morais constantes, que muitas vezes podem ir de encontro a crenças pessoais e até ao que é aprendido na faculdade, onde a premissa é de salvar vidas.

“O que respinga no veterinário é um sentimento muito ruim de fracasso, de perda”, pontua Daniel. “As nossas formações humanísticas nas faculdades ainda são muito falhas. O médico veterinário não é preparado para isso.”

“A eutanásia é, em muitos casos, a única opção para o veterinário promover alívio, tanto para o paciente quanto para o tutor, e oferece ao veterinário uma ferramenta poderosa”, destacam os pesquisadores Paula Andrea Bastos e Cláudio Cohen, em artigo publicado em março de 2024.

Muitas vezes, animais adoecidos tardam a receber atendimento médico veterinário, piorando possibilidades de melhora. Na foto, gatos abandonados no Parque do Cocó e no Parque Adahil Barreto(Foto: Samuel Setubal/O POVO)
Foto: Samuel Setubal/O POVO Muitas vezes, animais adoecidos tardam a receber atendimento médico veterinário, piorando possibilidades de melhora. Na foto, gatos abandonados no Parque do Cocó e no Parque Adahil Barreto

“Essa prerrogativa - que os médicos da medicina humana não dispõem - deveria ser acompanhada de muita reflexão. Valora-se de forma diferente a eutanásia de cães e gatos comparada com a do ser humano devido a ética e a moral antropocêntricas”, refletem.

Para além da eutanásia para cessar o sofrimento — realizada apenas com autorização das famílias —, há outros casos em que a percepção pública já foi menos compreensiva. Entre eles, o controle de zoonoses.

“A ameaça à saúde pública é o principal ponto que pode ser mais polêmico”, pontua o presidente do CRMV-CE. Zoonoses são doenças transmissíveis de animais para seres humanos, como o vírus da raiva.

  

Você sabia? O aumento de zoonoses também está relacionado ao desmatamento e à degradação dos habitats. Com isso, animais silvestres estão cada vez mais sujeitos ao contato direto com humanos, facilitando a transmissão de doenças. Esse é um dos motivos para não podermos tocar em animais silvestres.

 

A raiva é prevenível com a vacinação antirrábica para cães e gatos e com o soro antirrábico humano para profissionais vulneráveis à exposição direta à doença. No entanto, a taxa de letalidade é de quase 100%, por isso é uma meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) eliminar até 2030 a raiva humana transmitida por cães nas Américas.

O Brasil já atingiu essa meta, porque está há nove anos sem registros da doença em humanos por transmissão canina. O último caso ocorreu em 2015, no Mato Grosso do Sul, em um cenário totalmente diferente dos anos 1980 ao começo dos anos 2000. Ainda ocorrem poucos casos de raiva transmitidas por animais silvestres, como morcegos e raposas.

 

Casos de raiva humana no Brasil (1986 a 2024)

 

De acordo com o Ministério da Saúde, “os casos de raiva transmitida por cães foram drasticamente reduzidos devido a campanhas de controle da raiva em cães e à profilaxia antirrábica adequada para a população”. Parte desse processo envolveu eutanasiar animais contaminados.

“Quando a gente tinha casos de raiva, a eutanásia foi, sim, uma ferramenta importante para o controle da doença, entre outras ações”, comenta a médica veterinária Camila Campos. “Na saúde pública, as abordagens são diferentes. O foco é a saúde humana, então a eutanásia vira um procedimento de manutenção da saúde do coletivo.”

Camila Campos trabalha na clínica pública e privada de pequenos animais(Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Camila Campos trabalha na clínica pública e privada de pequenos animais

A partir de 2008, o recolhimento de animais abandonados nas ruas foi suspenso, principalmente por notar-se que não havia mais necessidade sanitária de realizar tantos procedimentos de morte assistida. Por outro lado, ainda há situações em que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) precisa encaminhar animais para a eutanásia. “Cada município tem sua realidade epidemiológica. Fortaleza é mais focada na leishmaniose, que é o calazar”, pontua Camila.

Atualmente, o CCZ só realiza o procedimento em animais de rua atropelados (sem possibilidade de melhora), em animais com calazar que os tutores não têm como custear o tratamento e em casos de doenças incuráveis e sem tratamento.

“Realizar eutanásia é um trabalho muito pesado”, define a médica. “A gente tem que ter esse entendimento (da importância do procedimento), caso contrário a gente pira. Em 2007, chegava a se ter em um único dia a eutanásia de quase 400 animais. A gente fazia triagem para conseguir doar, mas mesmo assim era muito.”

“Hoje a gente tem apoio maior da população porque tem mais entendimento, o CCZ não é mais visto como um matadouro”, afirma. O tratamento para calazar é custoso e precisa ser contínuo, tornando-o inviável para muitos tutores e impossível de ser custeado pelo governo.

Em contrapartida, segundo Daniel Viana, o conselho de veterinária ainda atende alguns casos em que os veterinários do CCZ são acusados de “assassinos”.

“A gente tende a ir até as últimas consequências para evitar uma eutanásia”, reforça Camila. “Eu sinceramente não sei te dizer como eu não adoeci (durante os anos com muitos procedimentos).”

 

Unidades de Controle de Zoonoses em Fortaleza

São unidades de saúde destinadas ao atendimento médico veterinário para triagem e identificação de doenças e realização de exames para diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina e vacinação antirrábica animal. É necessário apresentar documento de identificação com foto (RG ou CPF ou CNH), cartão de vacinação animal (cão e gato) e comprovante de endereço.

  

 

A dor dos médicos veterinários

Por mais que a eutanásia seja regulamentada e embasada em princípios éticos e sanitários, a exposição ao procedimento e ao sofrimento dos tutores é um fator de burnout e fadiga da compaixão para os médicos veterinários. Nos Estados Unidos, por exemplo, um estudo indica que a taxa de suicídio entre médicos veterinários é maior que a da população geral: 3,5 vezes mais alta entre as profissionais mulheres e 2,1 vezes mais alta entre os homens.

“A eutanásia é sempre um momento triste, que me destrói de certa forma”, comenta Natália Carioca, médica veterinária de gatos. “Eu costumo sentir muito a situação, eu sempre preciso de alguns momentos para me recuperar… Mas eu enxergo como um procedimento que não é de todo ruim. Tem seu lado positivo.”

Natália Carioca é média veterinária de gatos em Fortaleza(Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Natália Carioca é média veterinária de gatos em Fortaleza

Compreender a validade da eutanásia não a exime de ser um processo doloroso, que em muitos casos pode ir de encontro com as crenças pessoais dos médicos veterinários. Pela natureza conflitante, os profissionais podem se negar a realizar o procedimento e encaminhar os pacientes para outros veterinários.

No começo da entrevista, Natália comentou que tinha iniciado o dia justamente eutanasiando uma gatinha. Ela tinha entre 16 e 18 anos e estava com um problema renal avançado, além de dificuldades para defecar. Era uma paciente de longa data de Natália. Junto com a tutora, chegaram à conclusão de que o melhor seria garantir uma morte tranquila para a gatinha.

Ambas são espíritas, o que ditou o rito de passagem do animalzinho. A tutora decidiu não acompanhar o procedimento, mas a médica tomou diversas atitudes para humanizar o momento e garantir o tempo de despedida. “Eu fiz uma cartinha, com um carimbo da patinha na carta. Cortei um pedaço do pelo para entregar para ela”, descreve Natália.

A eutanásia ocorreu com a gata envolta na mantinha que costumava usar, portanto com cheiro conhecido. Como a veterinária já a acompanhava há anos, a paciente partiu com toques e vozes familiares. “Eu entendi que minha missão não é salvar vidas, porque a morte faz parte. O meu papel é atenuar o sofrimento”, sintetiza Natália.

Mas nem sempre foi assim. No começo da carreira, ela relembra dos momentos de sofrimento antecipado, de muitas vezes chorar junto com os tutores e das mãos tremerem durante a aplicação do medicamento. “Eu ainda tremo um pouco, mas naquela época era muito”, confessa.

  

Você sabia? Família multiespécie é aquela formada por pessoas e os animais de estimação. O Projeto de Lei 179/2023 propõe reconhecer legalmente essa configuração familiar. No momento, aguarda parecer do relator na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família (CPASF).

 

O peso emocional foi tanto que ela precisou passar um ano longe da clínica para passar por processo terapêutico e encontrar uma forma de enfrentar o sofrimento. Foi quando ela impôs limites e determinou quais casos de eutanásia ela aceitaria e quais não, além de quais ritos ela considerava essenciais para o bem-estar dela e do tutor.

“Na faculdade, a gente não tem um diálogo aberto sobre isso. Sobre como colocar isso para o tutor, sobre as crenças ao redor do procedimento… É um tema desvalorizado. Se coloca como se fosse uma coisa, mas merecia e precisaria ganhar mais espaço em congressos, semanas universitárias, nos conselhos… Os profissionais precisam compreender tudo que envolve (o procedimento)”, defende.

 

 

Eutanásia por conveniência

Apesar de menos frequente, vez ou outra os médicos veterinários deparam-se com pedidos infundados de eutanásia vindo dos tutores. As razões são variadas: há quem reclame do comportamento dos animais, que a cadela usada para parir filhotes não se reproduz com a mesma frequência de antes, que o animal tenha alguma deficiência, ou simplesmente porque não quer mais cuidar do bichinho.

Na literatura, essa é a chamada eutanásia por conveniência — quando os interesses dos humanos são colocados à frente do real estado de saúde do animal. “Eu posso assegurar que no Ceará não são realizadas eutanásias por conveniência”, destaca o presidente do CRMV-CE. A literatura aponta que a “modalidade” apresenta taxas muito pequenas no Brasil em comparação a de outros países.

Estrela já tem 13 anos e está com Florence desde pequena, após tratamento de doença do carrapato(Foto: Arquivo pessoal)
Foto: Arquivo pessoal Estrela já tem 13 anos e está com Florence desde pequena, após tratamento de doença do carrapato

Foi da negativa de fazer uma eutanásia por conveniência que Bárbara Florence Guedes, de 34 anos, adotou a cadela Estrela, hoje com aproximadamente 13 anos. Florence era uma médica veterinária recém-formada de 23 anos quando Estrela, com apenas um ano de idade, entrou carregada pela então tutora no consultório. Estrela não conseguia caminhar e a tutora exigia a eutanásia da pequena.

“Ela falou todas as coisas horrorosas que a gente escuta em uma base diária. ‘Eu não quero bicho deficiente. Eu não quero a Estrela’”, narra Florence. “Eu não sabia naquela hora, mas a Estrela estava com a doença do carrapato. Não andava e estava urinando sangue vivo. E a tutora falava: ‘Ela tá sujando minha casa. Ela faz xixi e fica tudo espalhado, eu não quero essa cachorra porque eu não quero essa sujeira’.”

A antiga tutora sequer quis fazer exames para entender qual era a doença de Estrela e se era possível tratá-la. Após uma longa discussão, Florence decidiu adotar a cadela: “Seguinte, eu não vou fazer a eutanásia da sua cachorra. Se você quiser, você dá ela para mim e quem cuida dela sou eu. E ela disse: ‘Fica com essa porcaria dessa cachorra.’ Essas coisas acontecem”, conta.

“Isso é muito comum. Em algum lugar (dentro de mim), eu ainda consigo agradecer que essas pessoas levam ao veterinário para fazer eutanásia, porque tem muita gente que sequer isso faz, né?”, reflete a médica. “Pelo menos esses que estão sendo levados para o veterinário, nós ainda conseguimos tentar contornar a situação de alguma forma.”

Da mesma maneira, os médicos veterinários tendem a desprender muitos esforços para evitar outro tipo de eutanásia: a eutanásia econômica. É quando o tutor comprovadamente não tem recursos para custear os tratamentos do animal. Apesar de permitida pelo Conselho de Veterinária, esses casos são mais difíceis de lidar.

“Pode ter certeza que, quando chega nesse ponto, o tutor já exauriu todas as possibilidades econômicas”, comenta Daniel Viana, do CRMV-CE. É muito comum ver nas redes sociais vaquinhas para tratamentos de pets, e até tutores que fazem empréstimos para tal. Os próprios veterinários tentam reduzir custos quando possível, seja não cobrando as consultas ou receitando medicamentos humanos.

Infelizmente, nem sempre é possível alcançar valores que cabem no bolso. Parte da inquietação dos tutores com o atendimento veterinário está no preço da saúde, sentimento que surge da falta de referência que os brasileiros têm com o real custo de procedimentos médicos dada a universalidade do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em 2016, a prefeitura de Fortaleza inaugurou o Vet Móvel para atendimentos gratuitos a animais em bairros populares(Foto: Camila De Almeida / Especial O POVO 2016)
Foto: Camila De Almeida / Especial O POVO 2016 Em 2016, a prefeitura de Fortaleza inaugurou o Vet Móvel para atendimentos gratuitos a animais em bairros populares

“O poder público tem que ter o cuidado de trazer atendimento público (para animais)”, defende Daniel. Mesmo que existam estratégias como o VetMóvel e hospitais universitários como o da Uece, uma forma de expandir o atendimento sanitário a pets seria por meio de prontos atendimentos públicos. “Ele poderia trazer mais precocidade no início dos tratamentos”, diz o presidente do CRMV-CE.

Em um cenário em que famílias multiespécie são cada vez mais comuns, essa poderia ser uma solução de interesse coletivo. Por outro lado, a médica veterinária Camila Campos reforça que as famílias também precisam estar mais conscientes da responsabilidade de cuidar de animais: “As pessoas têm que saber o limite (financeiro) delas. Não dá para ter 10 cachorros (se não for possível dar a eles qualidade de vida)”, frisa.

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