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Novo lockdown reacende debates de saúde mental na pandemia
Reportagem Seriada

Novo lockdown reacende debates de saúde mental na pandemia

Aumento de casos da pandemia traz árduas lembranças de uma ano que ainda parece não ter acabado
Episódio 12

Novo lockdown reacende debates de saúde mental na pandemia

Aumento de casos da pandemia traz árduas lembranças de uma ano que ainda parece não ter acabado
Episódio 12
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O ano de 2020 começou bem para Lorrany Droste, 19 anos. Aprovada para o curso de Psicologia, começou bastante animada as aulas de neurologia em laboratório. Entretanto, veio a pandemia e um ano após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, a estudante segue em atividades remotas. O período a afetou bastante. "Fiquei isolada sozinha em casa por sete meses, passei a ter crises de ansiedade e cheguei a engordar oito quilos durante o processo", relembra. "São momentos que, querendo ou não, são enriquecedores. Mas também enlouquecedores".

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Jaleco da cearense, que só foi usado apenas uma vez(Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Jaleco da cearense, que só foi usado apenas uma vez

O debate sobre saúde mental durante o isolamento — que retorna de forma mais restritiva com o segundo lockdown no Ceará — continua sob a mesa. Para a psicóloga Sabrina Matos, foi a primeira vez em que confrontamos com o que chama de real da morte. "É uma sensação de frustração, medo. Esse não poder sair de casa é uma estratégia de sobrevivência."

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Desde o início da pandemia, o período que se estabelece a partir dela tem sido tratado como "novo normal", termo do qual Sabrina discorda. "Te faz pensar que o tempo anterior à pandemia era normal, mas realmente era? Nós já estaríamos em outro cenário, mesmo?", questiona. Para a psicóloga, a pandemia reforça um mal-estar no que condiz à convivência social.

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"Quando pensamos em saúde mental, parece também existir uma questão psicológica: são aspectos não só psíquicos, mas sociais e econômicos. É uma realidade de guerra contra o vírus", pontua, exemplificando pessoas que têm o privilégio de manter medidas mais restritivas em casa. "Isso afeta a saúde mental porque percebemos que algumas pessoas ignoram o que está acontecendo."

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A professora exemplifica com participantes de festas e de aglomerações pelo Estado, que pela primeira vez, neste mês de março, se viu inteiramente em lockdown. Segundo Sabrina, a sensação de frustração com o impacto da real da morte influencia a saúde mental durante a pandemia. "Por mais estranho que isso possa parecer, é como um esporte radical. Há uma paquera com a morte e a geração de uma adrenalina. Isso é prazeroso," exemplifica.

A favor das medidas protetivas contra o coronavírus, a psicóloga aponta outro aspecto influenciador na saúde mental sob o isolamento: a individualização. "Há um predomínio de características mais curiosas da condição humana". A frustração pode ser descontada de diversas formas, aponta Sabrina. Desde o uso das redes sociais, em esportes ou até mesmo infringindo normas sanitárias.

 

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Lorrany segue em aulas remotas(Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Lorrany segue em aulas remotas

Para lidar com a frustração de mais um ano de pandemia, a adoção de novas habilidades geradas durante o isolamento de 2020 é uma perspectiva de organizar a mente. Após passar sete meses sem contato com familiares - que viajaram e não puderam retornar ao Brasil -, Lorrany se reestabeleceu com novos hobbies durante o período.

"Uma coisa que me acalmou muito foi cozinhar. Também escutava muita música. No começo, estudar era uma coisa boa no sentido de ter coisas boas para fazer durante o dia. Mas com o passar do tempo, acabei não conseguindo estudar como deveria", lamenta.

A estudante aprendeu a cozinhar durante a pandemia. Hobbie se mantém após um ano(Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal A estudante aprendeu a cozinhar durante a pandemia. Hobbie se mantém após um ano

Diante as mudanças, os hábitos adquiridos persistem e garantem para a estudante a manutenção da rotina diante um possível momento de restrições, resultados de um ano que ainda não acabou. "Nós poderíamos ter controlado essa situação se tivéssemos ficado mais em casa", reforça. Sabrina concorda. "Nós temos de pagar esse preço agora para que possamos respirar e manter presencialmente os laços sociais." 

 

>> Assista à série Atravessar a pandemia

Episódio 1: Escola Família e TRabalho

Episódio 4: Saúde mental e arte  

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