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Felipe Neto: do ódio nas redes sociais ao enfrentamento do bolsonarismo
Reportagem Seriada

Felipe Neto: do ódio nas redes sociais ao enfrentamento do bolsonarismo

Como o segundo maior youtuber brasileiro largou a "extrema-direita" e enveredou para o progressismo, abraçando uma luta contra o ódio nas redes sociais
Episódio 38

Felipe Neto: do ódio nas redes sociais ao enfrentamento do bolsonarismo

Como o segundo maior youtuber brasileiro largou a "extrema-direita" e enveredou para o progressismo, abraçando uma luta contra o ódio nas redes sociais
Episódio 38
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Sentado em uma sala reservada no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, Felipe Neto estava à serviço: usava calças brancas e uma camiseta do seu Instituto, com os dizeres “HUG”, abraço em inglês. Falava sobre a carreira e as dificuldades na comunicação virtual da esquerda quando, em certo momento, lembrou-se da ocasião em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu a campanha de reeleição. Ficou “aliviado”, disse. Pulou na piscina de casa com roupa e tudo.

O youtuber então cruzou os braços, pensativo. Citou as recentes investigações de tentativas de golpe e ponderou sobre si mesmo como alvo, apresentando ao O POVO+ a tese de que o bolsonarismo lhe dava uma importância maior do que ele a si mesmo. Era 22 de novembro e, como exemplo, citou um caso de poucos dias antes.



O amanhecer de 19 de novembro foi marcado pela Operação Contragolpe, na qual a Polícia Federal revelou a existência de uma trama de assasinato contra o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A investigação interligou os planos a aliados de Bolsonaro, prendendo, inclusive, Mário Fernandes, secretário executivo da Presidência da República dele.

Curiosos de plantão não desgrudaram dos noticiários, com expectativa de atualizações e, talvez, de uma palavra do ex-mandatário. Pronunciamentos à imprensa dele sempre foram complexos e minguados, então quase uma inércia levou o público às redes sociais de Bolsonaro.

Não havia nada lá. Em meio ao caos, quem acessasse o Instagram do ex-presidente esbarraria com apenas duas publicações daquele dia. A primeira trazia um texto sobre a situação fiscal do Brasil, anexado à foto de um Bolsonaro sorridente. A segunda era mais trabalhada: um vídeo de recortes de falas antigas de, justamente, Felipe Neto.

Bolsonaro publicou, no dia da deflagração da Operação Contragolpe, um vídeo resgatando falas antigas de Felipe Neto(Foto: Reprodução/Instagram/@jairmessiasbolsonaro)
Foto: Reprodução/Instagram/@jairmessiasbolsonaro Bolsonaro publicou, no dia da deflagração da Operação Contragolpe, um vídeo resgatando falas antigas de Felipe Neto

Ainda que o timing de publicação da peça siga curioso, ela não é exatamente inédita e a tese do youtuber ganha um quê de sentido. Felipe Neto firmou-se, do Governo Bolsonaro até hoje, como um dos mais ferrenhos e barulhentos opositores de Bolsonaro e seus aliados, falando para mais de 46 milhões de seguidores apenas no YouTube.

Nas redes sociais, um cita o nome do outro com frequência e, do lado do youtuber, o discurso ainda é atrelado a pautas "de esquerda", alvos de críticas do ex-presidente. Dentre elas, destaca-se a regulamentação das redes sociais, ambiente do comunicador.

Dos 36 anos de idade, Felipe dedicou 14 à carreira na internet, em uma trajetória de metamorfoses e abordagens diversas, muitas vezes coexistentes, mas também contraditórias. Começou "raivoso", enveredou para uma atuação em sketchs de humor, para o empreendedorismo, depois para os cabelos coloridos, dancinhas, gameplays e, por fim, para o engajamento político, a ponto de virar foco de Bolsonaro mesmo em momentos inesperados. Tendo partido do “ódio”, hoje Felipe quer explicar como enfrentá-lo.


 

“A arte me salvou”

O vídeo compartilhado por Bolsonaro, obviamente, não era de militância progressista. Resgatava um compilado de declarações de Felipe, de meados de 2015 e 2016, no auge do “lavajatismo”. O youtuber chama, na gravação, apoiadores do PT e membros da classe artística de “burros” e defende o impeachment da presidente Dilma Rousseff, na época em pauta na Câmara dos Deputados.

A fala, com palavrões e gritos, ia de encontro à postura dele do início do canal do YouTube, em 2010, até aquele fim de era petista. De modo incisivo eram disparadas críticas, algumas com ofensas machistas e homofóbicas, algo reconhecido por ele hoje.

Os “ideais de extrema-direita”, segundo Felipe, têm raízes familiares. No seu último lançamento literário, Como enfrentar o ódio (Companhia das Letras), ele comenta de um tio que o teria ensinado sobre meritocracia, criticando os que estavam no poder - no caso, o PT.

Ao O POVO+, não citou diretamente o tio, mas disse que “a presença muito forte de uma pessoa da família”, o levou “para esse lado da extrema-direita”. “Era um grande admirador da Ditadura Militar”, disse sobre o parente.

 

Felipe diz ter levado legados ruins da infância para a fase adulta. Em muitos mudou, mas algo segue igual: a paixão pelo Botafogo

 

Em inúmeras declarações, ele destaca uma influência conservadora na infância. "Cresci achando que ser gay era errado”, disse, em 2019, em entrevista ao Uol. Também cita violência. “O encontro de amigos anual era para falar sobre quem foi preso ou morreu“, brincou ele, em um show de humor.

O cenário em questão é o do bairro do Engenho Novo, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Filho de pais separados, ele viveu com a mãe, Rosa, que poucos anos depois teve outro filho, Luccas - hoje grande influenciador focado no público infantil. Segundo ele, a mãe chegou a trabalhar 12 horas por dia para criar os filhos.

A relação com o pai, no entanto, é aparentemente harmônica. Felipe não perde as datas comemorativas do genitor, que vive fora das mídias e cujo nome ele não divulga. Do lado paterno, tem dois irmãos, ambos crianças.

Luccas (à esq) e Felipe Neto na infância. Os dois têm quatro anos de diferença e, em comum, partilham a influência nas redes(Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Luccas (à esq) e Felipe Neto na infância. Os dois têm quatro anos de diferença e, em comum, partilham a influência nas redes

Mas outros fatores marcaram sua formação. Apaixonou-se pelos livros da série Harry Potter (Rocco), adquirindo o interesse pela leitura. Em conjunto, a exibição brasileira de Chiquititas, especialmente a performance do então ator mirim Bruno Gagliasso, o fez brilhar os olhos para a atuação.

Aos 12 anos, começou no teatro e, ainda que tenha se distanciado do sonho de atuar em novelas, a influência da arte seguiu na carreira. Em vídeos e entrevistas antigas ele se diz, antes de qualquer coisa, um ator.

Então, quando Felipe, em um dia raivoso, se colocou pela primeira vez na frente de uma câmera e publicou um vídeo reclamando de um roubo de posters, estavam ali todos os elementos: as opiniões fortes, os problemas urbanos e a interpretação.

Fez amigos assistirem e, aos poucos, o negócio explodiu. “Em uma época que ninguém fazia vídeo ainda para o YouTube, eu comecei a fazer despretensiosamente, a coisa estourou e, quando eu vi, estava com milhões de acessos”, disse ao O POVO+.

Felipe Neto começou na internet, em 2010, com o quadro "Não Faz Sentido", no qual incorporou um personagem "crítico"(Foto: Reprodução/YouTube/Felipe Neto)
Foto: Reprodução/YouTube/Felipe Neto Felipe Neto começou na internet, em 2010, com o quadro "Não Faz Sentido", no qual incorporou um personagem "crítico"

Já em 2012, tornou-se o primeiro youtuber brasileiro a atingir a marca de 1 milhão de inscritos, muito devido ao quadro “Não Faz Sentido”. De óculos escuros, Felipe incorporava uma persona raivosa. Xingava “modinhas” da época, como o filme Crepúsculo, o cantor Justin Bieber e os colírios da revista Capricho. “Muita gente tem uma percepção equivocada de que eu fui o responsável pelo fim da Capricho”, disse em vídeo de 2016.

No vídeo, ele cita as consequências negativas do “Não Faz Sentido”. Diz ter ouvido relatos de bullying provocados indiretamente por suas críticas e, ao longo dos anos, começou a criar o costume de se desculpar por algumas opiniões. Já em 2013, dedica um vídeo a críticas à homofobia e três anos depois - justamente na época do lavajatismo - faz um vídeo direto ao ponto: ensina “Como não ser um babaca”, citando a si mesmo como exemplo.

“Já pedi desculpas a mulheres, gays, todas as minorias que ofendi quando eu era mais jovem. Mas o mais importante é o que você vai fazer com essas desculpas”, disse, na gravação.

 

Confira abaixo recortes da trajetória de Felipe Neto na internet

 

A partir de 2014, os vídeos do “Não Faz Sentido” passam a dividir espaço na grade do canal com conteúdos mais “leves”, sobre filmes e curiosidades.

A retratação por opiniões antigas torna-se comum devido a uma briga, segundo ele, inevitável entre duas facetas suas: a arte - literatura e atuação - e as opiniões preconceituosas, mais tarde citadas por ele, como de “extrema-direita”.

Já de cara, ele diz que o interesse pelo meio artístico o impediu de apoiar a Ditadura Militar, algo influenciado pelo parente. “Eu olhava para a Ditadura Militar e falava 'não, pera aí. Se eu quero ser ator, como é que eu vou defender a Ditadura Militar?'”, afirmou ao OP+. A contradição aumentou ao longo dos anos e, em um cabo de guerra ideológico, a arte saiu vitoriosa.

“A arte é resistência contra o autoritarismo. Ela nunca vai se permitir que alguma autoridade 'censora' e coloque como um grande líder. Acho que a arte me salvou em vários aspectos e ela salva a sociedade em vários aspectos.”


 

Do antipetismo ao alívio com a vitória de Lula

“O jovem que se encanta por produzir conteúdo de extrema-direita na internet não está visando ser um grande político de extrema-direita, ele quer acesso”, alega Felipe Neto ao OP+. Segundo ele, políticos jovens como Nikolas Ferreira e André Fernandes enveredam para a extrema-direita devido à atenção e a audiência que ela proporciona. “Eles queriam (atenção), assim como eu quis - também tive minha necessidade de atenção”, disse.

Ele não define um estalo para sua mudança para a esquerda. Teria sido mais uma caminhada. “A vida não é muito feita de estalos. Toda mudança, quando ela é profunda, ela é progressiva, acumulativa”, comentou.

Em 2016, como vimos, mesmo em meio a retratações, ainda era incisivo nos xingamentos ao governo petista. Alguns fatores o fizeram mudar de ideia, sendo o primeiro deles a Vaza Jato.

Revelações do jornal The Intercept Brasil revelaram conversas realizadas por meio do aplicativo Telegram entre o então juiz Sérgio Moro e o então promotor Deltan Dallagnol, mostrando irregularidades em uma Operação que visava justamente o fim delas.

“Eu já tinha percebido que a Lava Jato era uma grande armação, mas a coisa não tinha ficado completamente prática e visível. Estamos falando aí de seis, sete anos de um processo de transformação e, mesmo assim, declaro voto no Haddad dizendo muito claro que sou contra o PT”, comentou Felipe.

 

Felipe Neto publicou seis livros. As próprias capas das obras revelam a mudança de postura dele ao longo dos anos

 

Mas o engajamento aumentou com a candidatura e, depois, a presidência de Jair Bolsonaro (PL). Na campanha, ele declarou apoio a Fernando Haddad (PT) apenas no segundo turno, dizendo-se ainda antipetista. Durante o governo, aproximou-se da classe artística e de figuras como o próprio Glenn Greenwald, um dos jornalistas por trás da Vaza Jato.

Com os anos, foi se “enturmando” com a esquerda e hoje é amigo próximo de Marcelo Freixo, por exemplo. Pediu desculpas públicas a Lula e Dilma. Em conjunto veio - de novo ela - a arte. Cita especialmente dois autores como formadores desta sua nova opinião política. São eles: Eduardo Galeano e Noam Chomsky.

Eduardo Galeano, escritor chileno, é citado como uma das inspirações literárias de Felipe Neto(Foto: Wikipedia)
Foto: Wikipedia Eduardo Galeano, escritor chileno, é citado como uma das inspirações literárias de Felipe Neto

O foco das críticas mudou, mas a intensidade permaneceu. Felipe passou a direcionar críticas quase diárias ao Governo vigente, constantemente respondidas pelo presidente, seus apoiadores e/ou sua família.

Já em 2019, três anos após o antipetismo, era citado em matérias como o “youtuber que incomoda Bolsonaro”. Em termos numéricos, pesquisas filtradas revelam 47.200 resultados com o nome de Felipe Neto e Bolsonaro (qualquer um deles) de 1º de janeiro de 2019 a 31 de dezembro de 2023.

Quem assistisse apenas ao canal do YouTube de Felipe, se depararia com cabelos coloridos e reações a jogos, em uma linguagem reformulada e voltada para o público adolescente - presente até hoje. Na vida pessoal, no entanto, o impacto das opiniões políticas era intenso.

 

Mudanças na cor do cabelo marcavam cada novo milhão de inscritos alcançados, em 2017


As ameaças a familiares eram constantes. Em 2019, a mãe foi exilada em Portugal, devido a questões de segurança. “Infelizmente a notícia é real. As ameaças se intensificaram e estamos montando um documento para dar entrada na polícia. Já tirei minha mãe do Brasil e estou vivendo com o mínimo possível de exposição", disse Felipe Neto, via comunicado divulgado por sua assessoria na época.

A intensidade foi aumentando ao longo dos anos e chegou ao ápice durante a campanha presidencial de 2022. Engajou-se fortemente e, pela primeira vez, desde o início vestiu a camisa do PT, visando a derrota de Bolsonaro.

Para ele, era “vida ou morte”. Chegou a comprar passagem para a Argentina caso o então presidente se reelegesse e conferiu os resultados com apreensão.

O pulo na piscina, comentado no início deste material, foi a materialização do alívio neste contexto. Bolsonaro havia perdido e o Brasil voltaria a ter um governo progressista. Ironicamente, a Argentina, país de refúgio, hoje é comandada por um governo de extrema-direita.


 

Polêmicas, polêmicas e mais polêmicas

“O que Felipe Neto tem a dizer sobre isso?”, foi a expressão que rodou as redes sociais, em tom irônico, nos últimos anos. Parecia que tudo, de certa forma, circulava o youtuber ou seria comentado por ele. Apesar de cômica, a constatação tem um quê de sentido.

Somente nos dias após a entrevista com O POVO+ foram pelo menos duas grandes polêmicas envolvendo seu nome. A primeira, trata-se das empresas beneficiadas de forma irregular pelo Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).

A iniciativa era voltada para ajudar financeiramente empreendimentos afetados pela pandemia de Covid-19, mas foi constatado o uso indevido por empresas, inclusive, de grandes influenciadores, dentre eles Felipe Neto.

O empreendimento em questão é a Play9, empresa de marketing de influência fundada em 2019. São assessorados nomes como Angélica, Fátima Bernandes, Leandro Karnal e Paola Carosella. Segundo Felipe, ele não participa da gestão financeira do negócio.

“A única empresa onde sou sócio majoritário e tomo as decisões chama-se Netolab. Ela se enquadrava no programa Perse e teria direito a milhões em isenções fiscais. Eu RECUSEI (sic) o benefício”, informou em nota.

  

“O governo Lula tentou acabar com o Perse. Ele removeu o benefício para atividades referentes à “produção”. Em maio desse ano, momento em que a Play9 deixou de utilizar o benefício relativo a este CNAE, seguindo a legislação. Associar o PERSE ao Lula e dizer que minha proximidade com integrantes do governo teria relação com o benefício é absolutamente patético.”

Felipe Neto, via nota

  

O outro ocorrido envolveu divulgação de casas de apostas. Felipe foi convocado pela Comissão Parlamentar de Inquérito das Bets, no Senado Federal. O intuito é esclarecer a questão dos influencers em propagandas das bets. Os trâmites e as negociações.

Em 2023, ele se envolveu em uma polêmica após divulgar uma casa de apostas virtual - cujo nome ele pediu para não ser informado devido a questões judiciais. Sobre o tópico, diz se arrepender profundamente. 

Felipe Neto concedeu entrevista exclusiva ao O POVO+ durante sua visita ao Expo Favela 2024(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Felipe Neto concedeu entrevista exclusiva ao O POVO+ durante sua visita ao Expo Favela 2024

Questionado sobre ações práticas de remediação deste erro, Felipe citou dois tópicos. Disse que todo o dinheiro arrecadado será revertido em ações para “a sociedade”. Além disso, disse lutar “ativamente, principalmente pelo Instituto Conhecimento Liberta, a qual me tornei sócio, em uma campanha contra as Bets no Brasil. Pela proibição dos cassinos online e pela regulamentação das casas de apostas esportivas.”

“Venho tentando corrigir o erro que eu cometi. Espero que eu consiga em algum momento, perceber que consegui, que reparei o dano que eu causei, mas é uma jornada até lá”, afirmou.

Ação de Felipe Neto na Bienal do Rio distribuiu livros censurados pelo prefeito Marcelo Crivella(Foto: Reprodução/Felipe Neto)
Foto: Reprodução/Felipe Neto Ação de Felipe Neto na Bienal do Rio distribuiu livros censurados pelo prefeito Marcelo Crivella

São apenas algumas das polêmicas. Em alguns - muitos - tópicos, ele se envolve propositalmente. Um caso de grande notoriedade envolveu a compra de exemplares da HQ Vingadores: A Cruzada das Crianças, banida da Bienal do livro pelo então prefeito do Rio, Marcelo Crivella, por conter uma cena de beijo gay. O youtuber distribuiu os livros gratuitamente.

Segundo ele, o preço é alto por se engajar neste tipo de pauta, especialmente as com teor político. “Perdi muito dinheiro. Muito mesmo. Obviamente, as empresas não querem fazer campanha com um cara que 25% da população odeia”, contou.

Sobre possíveis arrependimentos, ele disse não manter. “Foi a educação que recebi de pai e mãe. É lutar por justiça. Se eu não tiver lutando por justiça, para devolver parte daquilo que a sociedade me proporcionou, eu sou um vazio existencial. Eu não vejo função da vida.”


 

“Dizer ‘nunca’ é cuspir para cima. Sempre cai na testa”

Hoje, há quem revire os olhos quando surge o nome do youtuber. Em outros casos, há comoção. A entrevista com O POVO+ ocorreu após um painel no evento ExpoFavela, de negócios e inovação nas periferias.

 Expo Favela com a presença o ministro, Camilo Santana, o governador do Estado do Ceará, Elmano de Freitas e o youtuber, Felipe Neto(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Expo Favela com a presença o ministro, Camilo Santana, o governador do Estado do Ceará, Elmano de Freitas e o youtuber, Felipe Neto

Ainda que fosse sexta-feira, dia letivo, o local estava lotado de adolescentes, que vibraram com a entrada do youtuber no espaço principal do Centro de Eventos. “A gente nem deveria estar aqui, era uma excursão da escola”, confidenciaram alguns estudantes, com uniformes de uma Escola Estadual.

Ainda que muito jovens, quase todos os ouvidos alegaram uma familiaridade de anos com Felipe. Tinham por volta de 16 e 17 anos. Wilianna Barbosa, de 27 anos, descobriu de última hora a participação de Felipe, catou o livro dele e partiu em busca de um autógrafo, custe o que custar. Acabou conseguindo. “Eu assitia pelo entretenimento, mas achei muito legal quando ele veio para esse lado de conscientizar as pessoas”, disse.

Entrevista exclusiva com Felipe Neto ocorreu durante sua visita ao Expo Favela 2024. Na foto, Wilianne Barbosa, fã do youtuber(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Entrevista exclusiva com Felipe Neto ocorreu durante sua visita ao Expo Favela 2024. Na foto, Wilianne Barbosa, fã do youtuber

O painel tratou de “Educação, tecnologia e empreendedorismo". Junto de Felipe, discursavam o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), o organizador e presidente da Central Única das Favelas (Cufa), Preto Zezé. Estava presente ainda o ministro da Educação, Camilo Santana (PT) que, incomumente, não foi a pessoa mais aplaudida do local. Ambos os políticos trataram o ex-antipetista com cordialidade e, mais do que isso, com gratidão.

 

Falas de Camilo e Elmano sobre Felipe Neto


 

Elmano de Freitas sobre Felipe Neto

Elmano de Freitas sobre Felipe Neto

"Acabou de passar a eleição e eu não poderia deixar de agradecer ao Felipe Neto. Estávamos agorinha no Palácio [da Abolição], estava ele e o Xamã. [...] Está convidado a voltar aqui", disse Elmano, no evento.

 

Camilo Santana sobre Felipe Neto

Camilo Santana sobre Felipe Neto

O ministro da Educação tem um diálogo cordial com Felipe há anos. Em 2021, ele comentou um post de Felipe sobre fake news em plena pandemia: “Os chefes são bem conhecidos. Sigamos firmes agindo com a verdade, tendo pessoas corajosas como vc aliadas nessa luta”, escreveu o então governador.

Nos bastidores, ele chegou abraçado da estudante de Direito, Juliane Carvalho, 22. Um dos poucos relacionamentos públicos de Felipe. Antes dela, as relações mais conhecidas foram com a youtuber Maddu Magalhães, de 2011 a 2015, e com a também influencer Bruna Gomes, que durou cinco anos até 2021.

Felipe e Juliane assumiram o relacionamento em novembro de 2023. Passar tempo com ela e com os amigos são prioridades nas suas horas livres, diz. Também gosta de ler e de viajar, ainda que fique muito em casa.

Em um contexto de investigações da Polícia Federal e atentados ao Supremo Tribunal Federal, ele ainda não se considera inteiramente seguro, mas vê avanços enormes.“A sociedade vive do exemplo”, explica, citando o presidente Lula como uma boa referência, que influenciaria outras.

 

Campanhas de doações e Institutos de Felipe Neto. Clique nas imagens e saiba mais.

 

O foco agora são ações para a sociedade civil. Montou institutos e realiza campanhas de doações. Sobre pretensões políticas, não tem. Ou, ao menos, não em um futuro próximo. “Não costumo dizer nunca porque já cuspi muito para cima e sempre cai na testa. Eu não tenho uma pretensão hoje, mas não posso dizer como vou estar pensando daqui a dez anos.”


 

Confira a entrevista na íntegra

 

Ficou curioso para conferir a entrevista completa com Felipe Neto? O material sairá na íntegra nas Páginas Azuis.

O assinante do O POVO+ tem acesso antecipado, no sábado, dia 7 de dezembro.

Para os leitores do impresso, a publicação é na segunda-feira, 9 de dezembro. Não perca!

 


 

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