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Os pés na areia que ensinam sobre a preservação num museu no mangue da Sabiaguaba
Reportagem Especial

Os pés na areia que ensinam sobre a preservação num museu no mangue da Sabiaguaba

Ecomuseu Natural do Mangue da Sabiaguaba oferece visita guiada ao longo de 12 diferentes pontos do ecossistema. Instituição ensina há 18 anos sobre a coexistência entre o natural e aquilo produzido pela mão humana

Os pés na areia que ensinam sobre a preservação num museu no mangue da Sabiaguaba

Ecomuseu Natural do Mangue da Sabiaguaba oferece visita guiada ao longo de 12 diferentes pontos do ecossistema. Instituição ensina há 18 anos sobre a coexistência entre o natural e aquilo produzido pela mão humana
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O Ecomuseu Natural do Mangue da Sabiaguaba não cabe nas paredes da pequena sala à beira da foz do rio Cocó, onde estão expostas queixadas de baleias, aves empalhadas e peixes fossilizados, entre outros itens. A maior parte do museu não está guardada e não pode ser colecionada. Para conhecê-lo, é preciso colocar os pés na areia e entrar pelo mangue. Há 18 anos, o Ecomuseu ensina a coexistência entre o natural e aquilo produzido pela mão humana e expõe a urgência do respeito ao meio ambiente.

Em visita guiada ao longo de 12 diferentes pontos do ecossistema, crianças e adultos, pesquisadores e curiosos conhecem a biodiversidade e aprendem sobre o cuidado com o mangue. A excursão conecta os visitantes à vida marinha que se desenvolve no manguezal. Propicia contato íntimo com a natureza, por vezes esquecido em meio à agitação da Cidade.

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A experiência vai desde a exposição de queixadas de mamíferos marinhos até a observação de aves migratórias sobre o rio e a vegetação. Dos vestígios de crustáceos até os movimentos de pequenos caranguejos encontrados facilmente ao caminhar pelas faixas de areia. No trajeto, o visitante fica próximo e aprende sobre esse bioma híbrido e responsável pelo encontro não só de águas, mas também de vivências. “As pessoas estão acostumadas à selva de pedra do seu dia a dia, por isso as trazemos para cá para envolvê-las nesse habitat”, explica Rusty de Sá Barreto, ex-dono de barraca e fundador do Ecomuseu.

Rusty fechou sua barraca de praia para cuidar do meio ambiente a sua volta
Rusty fechou sua barraca de praia para cuidar do meio ambiente a sua volta (Foto: Mateus Dantas em 23 de abril de 2019)

A instituição é localizada na foz do Rio Cocó, entre as praias da Caça e Pesca e da Sabiaguaba, no litoral leste da Capital. A área concentra fauna e flora diversificadas, mas também acumula muito do que é prejudicial ao ecossistema. Sujeira e poluição transportadas principalmente ao longo do leito do Cocó. Por lá é possível encontrar espécies raras de animais e plantas, ao mesmo tempo que se vê detritos descartados nos mais diversos locais do mundo.

Pernambucano, Rusty mudou-se para o Ceará em 1993 para tocar empreendimento comercial na praia da Sabiaguaba. Passados alguns anos, porém, ao identificar variados tipos de resíduos que desembocam na região, acolheu uma mudança radical: dedicar-se exclusivamente ao ambiente que lhe rodeava. Foi quando, em 2001, fechou a barraca que sustentava a família para abrir espaço e vez ao Ecomuseu.

Afirmando ter sido esse um “trabalho de formiguinha” para convencer a si próprio, à esposa e aos filhos, Rusty reconhece que nunca se pode cobrar mudanças rápidas dos outros. “Até porque as pessoas mudam de hábito somente de acordo com as próprias necessidades”, indica. Assim, o trabalho desenvolvido no ecomuseu concerne em jogar luz sobre as problemáticas ambientais dos dias atuais.

De exposição de queixadas de baleia à de peixes raros, diversos animais podem ser observados na instituição
De exposição de queixadas de baleia à de peixes raros, diversos animais podem ser observados na instituição (Foto: Mateus Dantas em 23 de abril de 2019)

“Quando as pessoas vêm para cá, é preciso fazer com que elas se sintam parte desse contexto e vejam que todos nós temos de dar nossa contribuição. Quando sai da própria casa, da sua zona de conforto, para vir ao mangue, a pessoa começa a refletir sobre isso”, diz Rusty, que também atua em visitas a escolas, onde realiza palestras e oficinas com intuito de fazer ecoar os conhecimentos elaborados no ecomuseu.

Sineide Crisóstomo é educadora e esposa de Rusty
Sineide Crisóstomo é educadora e esposa de Rusty (Foto: Mateus Dantas em 23 de abril de 2019)

Esposa de Rusty, a educadora Sineide Crisóstomo engrandece as atividades e a relevância da instituição devido à três principais funções: sensibilizar, educar e mostrar a quantidade de vidas que dependem do manguezal. “Então a importância do ecomuseu é apresentar o mangue como uma fonte de vida, por isso é um ecossistema considerado o berço da vida marinha. Por meio dele e de todo o nosso trabalho, queremos que as pessoas comecem a preservar o meio ambiente, porque senão a vida na Terra ficará insustentável”, anuncia.

Serviço

Onde: rua Professor Valdevino, 48, casa 1, Sabiaguaba

Quando: segunda-feira a sábado, pela manhã e pela tarde. É preciso agendar visita

Contato: (85) 98748 5296 / (85) 99112 6779 ou museunaturaldomangue@hotmail.com

Entrada: R$ 5

(Foto: O POVO)

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