Pensei em falar sobre algo bom, mas quase não consegui
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Ana Márcia Diogénes é jornalista, professora e consultora. Mestre em Políticas Públicas, especialista em Responsabilidade Social e Psicologia Positiva. Foi diretora de Redação do O POVO, coordenadora do Unicef, secretária adjunta da Cultura e assessora Institucional do Cuca. É autora do livro De esfulepante a felicitante, uma questão de gentileza
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva
Pensei em escrever sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente, que é nesta quinta, 5 de junho. Mas frases como “Me respeite, ministra, se ponha no teu lugar”, “Estou falando com a mulher, com a ministra não. Porque a mulher merece respeito, a ministra não” e “A senhora não é mais ética do que ninguém aqui”, ditas por três senadores contra a dignidade da mulher e da ministra Marina Silva, estão agarradas à minha memória.
As falas foram dos exaltados senadores Marco Rogério, Plínio Valério e Omar Aziz durante a discussão sobre pavimentação da BR-319, que liga Porto Velho a Manaus.
Pensei em falar sobre a importância da empatia entre povos de diferentes culturas e do respeito à história de cada uma. Mas bastava começar a pensar no assunto, que minha mente não conseguia focar em nada que não fosse a morte de nove dos dez filhos de um casal de médicos palestinos na Faixa de Gaza, vítimas de ataque aéreo israelense.
Eles tinham entre seis meses e 12 anos de vida. Dias depois, o pai não resistiu aos ferimentos e morreu. Da família restou a mãe, pediatra, e o filho de 11 anos, que permanece hospitalizado.
Pensei em falar sobre o Dia dos Namorados, que acontece em 12 de junho, mas vi uma postagem nas redes sociais sobre feminicídio e fui pesquisar. A realidade é que muitas mulheres, para viver, precisam amar mais a si mesmas do que aos seus companheiros.
O Atlas da Violência, divulgado em 2025, traz que em 2022 e 2023 houve crescimento de 2,5% no número de homicídios femininos no Brasil, embora no mesmo período tenha sido registrada tendência de redução dos homicídios em geral. Dez mulheres são mortas por dia no Brasil: esta é a nossa média nacional.
Pensei em falar do custo de vida, até porque em maio passado tivemos o Dia do Trabalhador (prefiro que Dia do Trabalho).
Só que lembrei da diferença entre quem trabalha duro e os famosos que ficam ainda mais milionários atuando como garotos-propaganda de plataformas que oferecem apostas esportivas e cassinos online.
De acordo com a revista Piauí, o ator Cauã Reymond, por exemplo, estaria faturando R$ 22 milhões por ano. E tem influenciadores de redes sociais, como Virgínia Fonseca, que, segundo o portal Terra, teve contrato de até R$ 64 milhões com casa de apostas.
Mas não sou de desistir em procurar algo positivo, mesmo em meio a todo este caos de negatividade. Existem notícias péssimas, outras que precisam de nossa interação para que haja mudanças e outro tanto que projeta cenário de melhorias, mas que precisa de acompanhamento para não se perder no caminho.
Vi no @opovoonline que uma família está fazendo vaquinha com a meta de arrecadar R$ 150 mil para o filho Arthur, de 11 anos, realizar tratamento por conta de uma malformação arteriovenosa. No link da bio do O POVO há acesso à plataforma de financiamento coletivo para receber as doações. A notícia pode ser acessada aqui.
Ainda no @opovoonline li que o governo do Ceará anunciou que quase 60 mil crianças saíram da extrema pobreza no Estado: a taxa caiu de 15,5% para 10,6% entre 2022 e 2024. A informação foi dada pelo governador Elmano de Freitas, a quem, ao mesmo tempo, elogio pelo desempenho da gestão, peço atenção especial para os órfãos da covid-19, por meio do fortalecimento do programa Ceará Acolhe.
São cinco anos de orfandade para quem perdeu pais, responsáveis ou cuidadores durante a pandemia. Precisamos o mais rapidamente ter notícias positivas nesta temática.
Pensei tanto no que escrever, que escrevi de tudo um pouco. Para que possamos ler mais sobre felicitâncias um dos caminhos mais viáveis é acompanhar e cobrar das políticas públicas uma qualidade de vida melhor. É não baixar a guarda, não perder a empatia, a humanidade do individual e do coletivo.
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