O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
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É natural e até óbvio que governos aliados "passem o bastão" entre si de maneira harmônica, quase sempre com equipes que reflitam o senso de continuidade, onde a nova gestão inclusive aproveita parte dos nomes da anterior. Isto é especialmente verdadeiro em casos como o de Roberto Cláudio (PDT) e José Sarto (PDT), onde o segundo acabou em muito se utilizando da força do primeiro para atingir o governo. Passados um mês desde a eleição, ainda é difícil dizer onde RC termina e Sarto começa, com equipes de transição incluindo nomes de mútua confiança de ambos.
O anúncio do secretariado de Sarto, muito esperado para o final do ano, será o primeiro grande sinal do estilo pessoal que o gestor trará para o Paço Municipal. Fora as pastas onde a proximidade com o prefeito é requisito básico (como chefia de Gabinete, Procuradoria-Geral do Município e articulação política), a definição de outras secretarias essenciais será momento crucial para traçar a linha entre um governo e outro, definir o que é "da cozinha" de Sarto e o que é só continuação do projeto de poder que comanda Fortaleza há oito anos.
Segundo interlocutores do PDT ouvidos pela coluna, errará feio quem aposta em um estilo semelhante entre RC e o novo prefeito, existindo grandes diferenças no modo de agir entre eles. Enquanto Roberto Cláudio é um grande apreciador de gestos públicos que terceirizava sua articulação junto ao Legislativo para homens de confiança (sendo o mais notável o agora vereador eleito Lúcio Bruno), seu sucessor seria mais afeito às negociações de bastidores, conduzidas por ele mesmo. Nas últimas eleições para Mesas Diretoras da Câmara Municipal e Assembleia Legislativa, tal tese prevaleceu e as diferenças entre ambos ficaram mais evidentes. Resta saber se isso seguirá em vigor durante as muitas atribulações de governar uma cidade como Fortaleza.
Sobre o assunto:
Segundo esses mesmos aliados, uma das pastas onde o gestor gostaria de deixar isso claro é na saúde, onde Sarto já teria procurado gente na academia e no setor privado em busca de um futuro secretário. A ideia é repetir o perfil de Cabeto Martins, secretário de Camilo Santana (PT), que possuía notável carreira como cardiologista antes de seguir para o setor público. A definição, no entanto, costuma ser complicada, com muita gente da área rejeitando assumir abacaxi do tamanho do sistema de saúde de Fortaleza. O próprio Cabeto precisou de uma insistência de anos do governador até ceder ao convite.
Outro ponto muito esperado do secretariado de Sarto é o que definirá quantos parlamentares participarão do novo governo. Mais do que a troca entre poderes Executivo e Legislativo, o anúncio é esperado sobretudo pelos efeitos que produziria sobre a atual composição de Casas Legislativas do Estado. Essas peças, no entanto, costumam ser as últimas a serem definidas, levando em consideração as muitas pressões vindas do bloco aliado. Como de costume, pelo menos três vereadores já são esperados para integrar a nova gestão.
Entre nomes citados por aliados, pelo menos dois seriam de vereadores eleitos pelo PDT, o que abriria caminho para a posse dos suplentes Carlos Mesquita e Iraguassu Filho. Entre os nomes mais cotados para pastas da gestão, está o próprio irmão do prefeito eleito, Elpídio Nogueira. Outra cotada para assumir uma pasta é a vereadora Cláudia Gomes (DEM), que abriria caminho para posse de Adams Gomes, filho do deputado estadual Tin Gomes (DEM).
Restam ainda os nomes cuja indicação é considerada "certa" entre deputados e vereadores aliados. O grupo inclui o atual coordenador do gabinete de Sarto na Assembleia, Elpídio Moreira (não confundir com o irmão do prefeito, Elpídio Nogueira), nome mais que certo para a chefia de Gabinete da gestão. Outro integrante do bloco é Samuel Dias, que ocupou a Secretaria de Governo de RC e deve seguir para a Infraestrutura de Sarto.
Outros aliados são dados como praticamente confirmados, mas sem destino definido. Entre eles estão Renato Lima (atual coordenador das Regionais), João Pupo (atual secretário de Conservação e Serviços Públicos) e Ferruccio Feitosa (atual Regional II). Nenhum destes, no entanto, deve repetir postos que ocupavam na gestão Roberto Cláudio, devendo prevalecer um "rodízio" de pastas entre os nomes aproveitados de uma gestão para outra.
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