João Gabriel Tréz é repórter de cultura do O POVO e filiado à Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine). É presidente do júri do Troféu Samburá, concedido pelo Vida&Arte e Fundação Demócrito Rocha no Cine Ceará. Em 2019, participou do Júri da Crítica do 13° For Rainbow.
Neste sábado, 21, e no próximo, 28, o Cinema do Dragão irá acolher programações especiais que destacam obras brasileiras produzidas entre os anos 1960 e 1980 com temáticas queer e feminista. Todas as exibições serão gratuitas e têm classificações indicativas diferentes.
Ambas as mostras marcam o começo de uma parceria do equipamento com a CineLimite, organização sem fins lucrativos que promove e digitaliza produções brasileiras historicamente negligenciadas. As exibições também ocorrem em parceria com diferentes organizações e instituições ligadas à difusão, preservação e pesquisa audiovisual, tanto brasileiras quanto estrangeiras.
A primeira das mostras já acontece no sábado, 21: "A Onda de Filmes Queer em Super-8 da Paraíba", fruto de colaboração entre a CineLimite, a Iniciativa de Digitalização de Filmes Brasileiros, o Núcleo de Documentação Cinematográfica da Universidade Federal da Paraíba e a Associação Brasileira de Preservação Audiovisual.
A programação, com sessões às 18h20min e 19h40min, traz seis obras queer paraibanas produzidas em meio à ditadura militar. Elas são frutos de um importante, mas invisibilizado movimento de resistência a partir do cinema. O chamado “Cinema Guei” trazia discussões ligadas às pautas LGBTs+ na época do regime totalitário.
Compõem a mostra os filmes "Baltazar da Lomba" (1982), do grupo Nós Também; "Tá na rua" (1981) e "Era vermelho seu batom" (1981) de Henrique Magalhães; "Perequeté" (1981), de Bertrand Lira; "Closes" (1982), de Pedro Nunes; e "Miserere Nobis" (1982), de Lauro Nascimento. Eles serão exibidos em novas cópias 2K.
Já no sábado seguinte, 28 de outubro, o Cinema do Dragão receberá dois eventos dedicados a filmes dirigidos e protagonizados por mulheres. Compõem a programação especial a mostra “Seis Vezes Mulher - rumo à liberdade sob ditadura” e a sessão especial “Mulheres: uma outra história”.
A mostra será realizada a partir das 16 horas, enquanto a sessão especial está marcada para 17h50min. No total, serão exibidas oito produções. A organização é colaborativa entre a CineLimite, a plataforma britânica Another Gaze e o Instituto Moreira Salles.
“Seis vezes mulher”, com curadoria da pesquisadora de cinema feminista Hanna Esperança, reúne filmes que, a partir de temas como lutas sociais, saúde mental e liberdade sexual, traziam reivindicações políticas e estéticas à época do regime militar.
Compõem a mostra os curtas “Preparação 1” (1975), de Letícia Parente; “A Entrevista” (1966), de Helena Solberg; “Duas vezes mulher” (1985), de Eunice Gutman; “Ana” (1982), de Regina Chamlian; “Meninas de um outro tempo” (1987), de Maria Inês Villares; e “Histerias” (1983), de Inês Castilho.
Já “Mulheres: uma outra história” traz o média-metragem homônimo de Eunice Gutman produzido em 1988 e o filme “Sulanca” (1986), dirigido por Katia Mesel. Ambas as obras serão exibidas em cópia digitalizada em 2K pelo IDFB. Após a sessão, acontece debate com a professora Kênia Freitas, crítica, pesquisadora e ex-curadora do Cinema do Dragão.
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