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Coração do sertão e Canoa Quebrada
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Demitri Túlio é editor-adjunto do Núcleo de Audiovisual do O POVO, além de ser cronista da Casa. É vencedor de mais de 40 prêmios de jornalsimo, entre eles Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Embratel, Vladimir Herzog e seis prêmios Esso. Também é autor de teatro e de literatura infantil, com mais de 10 publicações

Coração do sertão e Canoa Quebrada

Devolvi a gentileza dizendo que "sim", terei prazer em festejá-la num abraço de texto, vídeo, e agradecê-la pela afabilidade da leitura de crônicas inquietas e avoantes
Tipo Crônica
2408demitri (Foto: Carlus Campos)
Foto: Carlus Campos 2408demitri

Crônica talvez seja assim, chega o dia de escrevê-la e, às vezes, são tantos assuntos redemoendo que se vai e volta. Também há ocasiões em que há vagões vazios e a paisagem na janela são asas.

Há uma leitora que me pede para não revelar como faço para escrever uma crônica. Não quer saber dos redemoinhos, prefere o bolo na janela, fumacinha tomando e comê-la quente, mesmo se dor de barriga for.

Ia escrever sobre uma aflição na praia de Canoa Quebrada, barraqueiros que me procuraram pedindo ajuda à Redação do O POVO. Há mais de 20 anos esperam pela remoção de 28 barracas que estão em uma área de risco, entre falésias e na linha do avanço no mar.

 

"Há uma leitora que me pede para não revelar como faço para escrever uma crônica"
 

 

Um perigo discutido há mais de duas décadas e, até aqui, nada de transferência dos comerciantes para uma área segura. Eles e suas famílias dependem dali para sobreviver. Se apenas derrubarem as barracas, a quebradeira trará, inclusive, fome para o andar debaixo. 

Provavelmente, quando houver uma tragédia de morte desaba em cima de turistas e comerciantes, corram atrasados por uma solução. O que estaria faltando para a Prefeitura de Aracati e para o Governo do Ceará evitarem tragédia que se anuncia há anos?

O terreno para a construção do "complexo" em Canoa Quebrada ainda está em processo de desapropriação? Vinte e um anos depois de iniciado o estica e puxa entre políticos burocratas e aspones? Sugeri à Redação do O POVO mergulhar na história. 

 

"Minha mãe, dona Terezinha (ou Tetê), é sua leitora já há muito tempo. De quando morávamos todos em Fortaleza"

 

Vou voltar para a crônica... Enquanto pensava sobre a insustentável delicadeza da praia de Canoa Quebrada, uma leitora - Camila Barbosa - me escreve pelo direct do Instagram. Um agradável inesperado. Parecia quando, no auge do jornal impresso, recebíamos "cartas do leitor".  

Oi Demitri, bom dia! Tudo bem? Espero que sim. Tentei enviar mensagens mais cedo, mas não consegui. Até escrevi um comentário pedindo um e-mail seu, mas acho que as coisas conseguem se resolver por aqui. :)

Minha mãe, dona Terezinha (ou Tetê), é sua leitora já há muito tempo. De quando morávamos todos em Fortaleza e tínhamos assinatura do jornal O POVO impresso. Na época, ela recortava as colunas que achava mais relevantes e deixava na minha escrivaninha para comentarmos depois.

 

"E estou entrando em contato, além de compartilhar todo esse bem-querer, pra fazer um pedido. No próximo mês dona Terezinha irá completar 70 anos"

 

Desde 2016, ela mora no Rio de Janeiro e atualmente estou morando no Crato. (...) Mesmo assim ela segue te acompanhando nas redes, buscando seus textos e falas que são como um farol pra ela.

E estou entrando em contato, além de compartilhar todo esse bem-querer, pra fazer um pedido. No próximo mês dona Terezinha irá completar 70 anos e estou organizando uma surpresa pra ela, onde os seus escritores e colunistas preferidos enviam um vídeo ou um áudio parabenizando-a. E, se possível, fazer alguma menção ao histórico de leitora que citei no começo da mensagem.

Vou ficar bem feliz se você puder participar desse momento. E acho que vou deixar uma ambulância do Samu a postos na hora de apresentar para ela a homenagem! Rsrsrs. Se você puder, vou deixar aqui meu e-mail e zap.

 

"A leitora que me importa feito cronista é dona Tetê ou Terezinha Fernandes Barbosa, de Iguatu"

 

Devolvi a brandura respondendo que "sim", terei prazer em festejá-la num abraço de texto, vídeo, e agradecê-la pela lhaneza da leitura de crônicas desencontradas e, quase sempre, inquietas e avoantes. 

A leitora que me importa feito cronista é dona Tetê ou Terezinha Fernandes Barbosa, de Iguatu. Até ir morar com um filho no Rio, viveu no Otávio Bonfim, em Fortaleza, vizinho à estação do trem e noutros bairros. 

No Rio de Janeiro, escreve Camila, Tetê se adaptou fácil ao ritmo de uma "senhora carioca", de ter a possibilidade de andar a pé em zona segura pela cidade. Tem mais autonomia e o SUS, no bairro onde existe a mulher do "coração de sertão", funciona sustentável.

Pois abraços e até a crônica do domingo que vem.

 

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