Logo O POVO+
Capitão Wagner é aposta dos anti-Ferreira Gomes
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Capitão Wagner é aposta dos anti-Ferreira Gomes

Tipo Opinião
 Kamila Cardoso e Capitão Wagner (Foto: Aurelio Alves/ O POVO)
Foto: Aurelio Alves/ O POVO Kamila Cardoso e Capitão Wagner

A convenção do Capitão Wagner (Pros) deu noção do campo político em torno dele, para além da aliança. Aposta nele o bloco anti-Ferreira Gomes. Basicamente, uma porção que se filiou ao PSDB em 2018. Não é o tucanato histórico, tassista. Trata-se do setor que sempre fez oposição aos governos de Cid Gomes (PDT). O grupo do deputado Federal Roberto Pessoa - inclusive a filha, deputada Fernanda Pessoa e o prefeito de Maracanaú, Firmo Camurça. Também lá estava o ex-governador Lúcio Alcântara. Hoje são tucanos, mas, muito antes de tucanos - e antes de Capitão Wagner fazer política - eram opositores de Cid Gomes quando quase ninguém se opunha ao hoje senador. Esse grupo vê hoje no Capitão a melhor oportunidade de impor derrota aos Ferreira Gomes.

O PSDB ainda não sabe aonde vai. Há quem queira deixar o partido aliado justamente ao PDT dos Ferreira Gomes. A chance de essa turma topar é zero.

Bolsonarismo

O PSL, que foi o partido do bolsonarismo e mantém até hoje relação ambígua com o presidente Jair Bolsonaro, não declarou apoio ao Capitão e deverá ter Heitor Freire como candidato. Mas, praticamente todos os ícones do bolsonarismo no Ceará explicitam apoio ao candidato do Pros: deputado estadual suspenso André Fernandes (Republicanos), deputado Delegado Cavalcante (PSL), vereadora Priscila Costa, pré-candidato a vereador Carmelo Neto (Republicanos). Bolsonaro não tem partido, mas partidos hoje mais alinhados com Bolsonaro que o PSL estão com o Capitão. Apoiadores de Bolsonaro estão com o Capitão.

O fato de Wagner não ter apoio do PSL tira dele tempo precioso no rádio e na televisão, mas até ajuda na tentativa de evitar o carimbo de Bolsonaro do Ceará, que o PDT tenta colocar nele. O voto dos apoiadores de Bolsonaro tende a ir para o Capitão. A exploração da rejeição, como tentam os pré-candidatos pedetistas, talvez não seja tão direta. Sem apoio explícito de Bolsonaro, não há vínculo formal. Porém, a ligação é óbvia.

Bancada

Além da deputada Fernanda Pessoa, o outro único deputado estadual do PSDB também foi à convenção de Wagner: Nelinho Freitas. Os sinais não indicam que o PSDB irá com o Capitão, mas a bancada estadual inteira foi à convenção. Também estavam lá o único deputado federal titular do PSDB no Ceará - Roberto Pessoa - e o suplente atualmente em exercício na Câmara: Danilo Forte. Outro candidato que venha a receber o apoio do PSDB terá uma adesão algo desmoralizada.

 Kamila Cardoso e Capitão Wagner
Foto: Aurelio Alves/ O POVO
Kamila Cardoso e Capitão Wagner

Nomes para vices

Dos nomes que vão sendo definidos para compor as chapas no início desta semana, dois me chamaram atenção. Ao lado de Capitão Wagner estará Kamila Cardoso (Podemos). É estreante na política. Nesse sentido, não posso falar de forma mais ampla sobre sua atuação, personalidade, ideias. Há uma face pública na atuação dela, e ela é muito interessante. A advogada tornou-se notória pela luta pelo transplante do filho Kaio e pelo trabalho pela saúde e pelas pessoas com deficiência. É uma história bonita e sensível. Uma vice diferente do que se costuma ver. Não sei se o filho dela será usado na campanha, algo que pode ser questionável a depender da forma.

Se Kamila é nova na política, a vice do candidato do PCdoB, Anízio Melo, é provavelmente quem tem mais tempo de militância nestas eleições. Helena Serra Azul (PCdoB) é médica, professora, foi presa política na ditadura militar e presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará (Adufc). Foi casada com Francisco Monteiro, também preso político. Ao lado dele, formou um dos casais mais emblemáticos da resistência no Ceará ao regime ditatorial. Ele, falecido em 2011, ficou na história como Chico Passeata. Ela era célebre como Helena Concentração.

De perfis bem distintos, dois nomes interessantes nesse debate eleitoral.

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?