Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Do ponto de vista político, a notícia mais relevante da montagem do governo Elmano de Freitas (PT) até aqui é a entrada do PDT, anunciada ontem. Trata-se ainda do maior partido do Ceará, com a maior bancada da Assembleia Legislativa, divide com o PL o posto de maior bancada na Câmara dos Deputados e tem o maior número de prefeitos, inclusive o da Capital. É uma força política capaz de garantir estabilidade a um governo — ou instabilidade, no caso de ir em bloco para a oposição.
Em julho, a aliança entre PT e PDT se rompeu. Parceria entre os grupos que surgiu nas eleições de 2006 — na época, os atuais líderes pedetistas do Ceará, os Ferreira Gomes, estavam no PSB.
Desde a eleição, há tratativas para levar o PDT para a base petista. Havia e ainda há resistências. Candidato derrotado por Elmano na eleição para governador, Roberto Cláudio defendia o partido na oposição. Ciro Gomes não queria e não quer conversa com petista. Mas, a maioria constatou que não havia clima para o partido ir para oposição. A cúpula podia ir em uma direção, mas a base não acompanharia.
Com o acordo, o PDT terá dois secretários. O modelo é o mais clássico possível: foram contempladas as bancadas. Um deputado estadual e um deputado federal. Salmito Filho, da ala pedetista simpática ao governador eleito, irá para o Desenvolvimento Econômico. Setor que ganhou muita força no segundo governo Camilo Santana (PT), com Maia Júnior à frente. Nos bons governos que o Ceará teve nas últimas décadas, uma marca em comum foi esse setor funcionar e atuar na geração de empregos e atração de investimentos. Com a indicação, abre-se vaga para o primeiro suplente do partido na Assembleia Legislativa, Bruno Pedrosa.
A outra vaga pedetista é do deputado federal Robério Monteiro, que irá para os Recursos Hídricos. Se o Desenvolvimento Econômico é importante, a área hídrica é absolutamente fundamental no Ceará, estado marcado pelas secas e pela escassez. É tradicionalmente um setor marcado pela excelência técnica, de padrão nacional. O titular que agora se despede, Francisco Teixeira, era ministro da Integração Nacional antes de assumir a secretaria. Se não houver água para o abastecimento da população, nada mais funciona no Estado.
Monteiro abre vaga na Câmara dos Deputados para Leônidas Cristino, primeiro suplente da bancada federal. Ele assumir o mandato agrada às várias alas dos Ferreira Gomes, hoje fraturadas.
Relação diferente
O PDT volta ao governismo, mas é de um jeito diferente. Na era Camilo, o governador era do PT, mas não era visto como lá muito petista. E todos sabiam que o PDT era a principal força. Agora, a legenda entra como coadjuvante — importante, mas secundário — em um governo petista.
Peças que faltam
A 48 horas do começo do governo Elmano, ainda não foram confirmados alguns dos nomes do secretariado. Chama atenção a importância dos cargos: Casa Civil, por exemplo. É o coração, o gerenciamento do governo. Normalmente, governos começam a ser montados por aí. Falta também a Infraestrutura. Uma pasta das mais sensíveis. Consome grande volume de investimentos, tem enorme potencial para captação de financiamentos. Se funcionar, é um dos alicerces da construção da imagem do governo. Se der errado, tem enorme potencial para escândalos, de obras atrasadas e inacabadas até o risco de desvio de dinheiro mesmo. Falta também Ciência e Tecnologia. Se a demora for sinal da relevância que o setor terá, equivalente às duas citadas anteriormente, é bom sinal.
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