
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
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A política brasileira da forma como funciona atualmente vai naturalizando situações que vão levar à sua morte, não há como projetar outro desfecho diante do cenário à vista. Ou as forças responsáveis - independentemente de serem de direita, esquerda, centro ou ideologicamente neutras - agem com o sentido de oferecer uma resposta no tamanho que o problema se apresenta ou estamos indo para o buraco, inapelavelmente.
O episódio das quase 30 horas de paralisação e caos na Câmara e no Senado, entre a terça e a quarta-feira últimas, merece muito mais preocupação do que a que tem sido expressa.
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Há quem se orgulhe do que fez, caso do senador cearense Eduardo Girão (Novo), valendo-se de um instrumento nada democrático para, na base do grito e da força, tentar impor uma pauta que lhe é do interesse. Impedir o funcionamento de um parlamento sem ser através de instrumentos que legitimem tal intenção, como as obstruções previstas no regimento da Casa, é um ataque à democracia. Não tem outra forma de interpretar.
O representante cearense, que se movimenta para viabilizar uma candidatura ao governo estadual em 2026, oferece um péssimo exemplo à sociedade com seu radicalismo. Como alguém que apoia uma baderna naquele nível, participando dela ativamente, pode se habilitar para uma tarefa que cobraria dele, como fator de exigência, respeito à ordem e compromisso com a institucionalidade? Não é o melhor cartão de apresentação de que pode dispor para o que tem como plano para a próxima disputa.
Há, ainda olhando para os atores cearenses, quem lamente não ter participado e corra a dar explicações sobre a sua notada ausência entre os canastrões na ópera bufa que teve o Congresso como palco. Caso do deputado federal André Fernandes, estrela do PL estadual, que se justificou nas redes sociais com quem estranhou não vê-lo de esparadrapo na boca, e até também nos olhos dependendo do grau de falta de noção, informando que se recupera de uma cirurgia e apenas por isso ninguém o localizou em qualquer das cenas lamentáveis que a turma produziu ao longo daquelas melancólicas horas.
No mais, fica implícito, ele concorda com toda aquela algazarra que alguns teimam em chamar de ação política, até lamentando, possivelmente, o fato de não ter podido contribuir para que ela fosse um pouco maior.
"Algumas pessoas já se aproveitaram para me chamar de covarde, criticar, como se eu, em alguma vez na minha vida, já tivesse fugido do meu dever"
O saldo de tudo é uma democracia mais fragilizada, ainda mais ameaçada e, se realmente disposta a sobreviver (porque outras agressões mais fortes virão se nada for feito agora) precisando dar uma resposta firme e potente ao que aconteceu. Quem liderou a bagunça deve ser identificado, responsabilizado e punido, da maneira mais exemplar possível, porque o momento que vivemos é definidor do que queremos de fato para o País quando olhamos para o seu futuro e tentamos enxergar algo.
Quanto ao presente Eduardo Girão e o ausente André Fernandes, simbolizam, no plano local, linhas de pensamento que parecem não acreditar mais nas vias institucionais como caminho de solução para os problemas que toca à política resolver, com seus limites e possibilidades. Mesmo assim, considerando as conversas de que participam olhando para o próximo ano, daqui a pouco estarão pedindo o voto do cearense e vislumbrando uma sequência na vida pública. É o caso do eleitor refletir, então, desde agora: pra quê? Por quê?
A Assembleia Legislativa fez uma mescla interessante de personalidades locais e nacionais para o primeiro evento de entrega da Medalha Paulo Bonavides, que acontece amanhã no contexto geral de comemorações pelo dia do Advogado.
A lista com Martônio Mont'alverne, Teodoro Santos, Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha e Paulo Gonet mostra uma competente seleção de nomes que, certamente, o homenageado assinaria embaixo: Martônio, professor e procurador do Município em Fortaleza; Teodoro, cearense e ministro do STJ; Elizabeth, ministra e atual presidente do Superior Tribunal Militar; Gonet é procurador geral da República e está em evidência pela atuação no firme combate à tentativa de golpe de Estado entre o final de 2022 e o começo de 2023.
A homenagem acaba de ser criada e os quatro anunciados terão a honra de serem os primeiros a receber a comenda, que marca um momento importante: Paulo Bonavides completaria 100 anos neste 2025. Como sempre há algum desavisado, é preciso destacar que trata-se de um paraibano, de Patos, que adotou o Ceará e é reconhecido como um dos maiores constitucionalistas do século XX.
O evento está previsto para começar às 18 horas no auditório Deputado João Frederico Ferreira Gomes, no Anexo II da Assembleia. Detalhe: Paulo Gonet, que evita sair de Brasília a essa altura, pediu desculpas antecipadas e encaminhará um vídeo de agradecimento pela homenagem. Os outros três confirmaram presença.
A advogada Mariana Pedrosa, conselheira federal da OAB e articulista do O POVO, foi eleita para presidir a unidade cearense do Instituto Brasileiro de Direito de Família (Ibdfam). À frente da chapa "União e Responsabilidade", ela conseguiu 81,4% dos votos e promete, em sua gestão, ampliar o diálogo com o sistema de justiça para aperfeiçoar o direito das famílias e o direito das sucessões.
O Ibdfam, que tem sede nacional em Belo Horizonte e conta cerca de 26 mil filiados em todo o País, foi criado no ano de 1997. O tema mais presente aos textos que Mariana publica mensalmente nas plataformas do grupo é, exatamente, o direito da família, numa perspectiva que prioriza o protagonismo feminino.
O PSD cearense já mandou os recados necessários ao comando nacional - leia-se Gilberto Kassab - quanto aos movimentos eleitorais de 2026. O partido vai estar no palanque do PT local, independente das movimentações em torno da disputa nacional, já que existem grupos trabalhando firmes por uma candidatura própria ao Palácio do Planalto.
Enquanto isso, Domingos Filho, presidente da executiva estadual e secretário do Desenvolvimento Econômico da gestão Elmano de Freitas, vê seu espaço crescer junto ao petismo e, por exemplo, acaba de emplacar o primo Odilon Aguiar no comando da Codevasf.
A gente precisa dar como natural que contradições assim continuem se registrando na convivência entre PDT de lá e (parte do) PDT de cá. Na semana saiu um manifesto nacional em defesa da soberania nacional em reação ao tarifaço dos Estados Unidos e de como se deu, assinado pelas cúpulas de seis partidos, incluindo o pedetista Carlos Lupi.
Além dele, os presidentes de PT, Psol, PSB, PCdoB e PV. Os termos são os mesmos propostos um tempo atrás pelo presidente da Assembleia, Romeu Aldigueri, ao lado de Salmito Filho, ambos do PSB, mas que a bancada do partido na ocasião recusou-se a respaldar, acompanhando a posição oposicionista local, da qual faz parte. Acho que o calendário vai resolver o incômodo, abrindo uma janela eleitoral oportuna para ajudar os envolvidos a respirar melhor.
Presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, engrossa o coro da cobrança ao governo Lula para que agilize as ações de apoio aos setores atingidos pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos contra o Brasil, desde o dia 6, cobrando uma sobretaxa de 50% dos produtos para lá exportados.
Como ilustração do caráter suprapartidário de sua crítica, ele aponta como exemplo contrário, de resposta boa e na hora certa, o caminho adotado pela gestão de Elmano de Freitas, tão petista quanto a nacional, que considera ter demonstrado agilidade no conjunto de medidas que adotou para amenizar os efeitos da pancada inesperada de Donald Trump contra a economia cearense.
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