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O que revela a crise do Psol no Ceará
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

O que revela a crise do Psol no Ceará

A crise no partido traz à tona o debate sobre a consistência programática dos partidos
Técio Nunes (Psol) foi nomeado por Evandro Leitão (PT) como titular da Coordenadoria Especial de Políticas Sobre Drogas da Prefeitura de Fortaleza (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Técio Nunes (Psol) foi nomeado por Evandro Leitão (PT) como titular da Coordenadoria Especial de Políticas Sobre Drogas da Prefeitura de Fortaleza

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O Partido Socialismo e Liberdade (Psol) entrou em crise - talvez nunca tenha saído dela, mas isso não é só com ele, tampouco é necessariamente ruim - depois de um dirigente da agremiação passar a integrar a base de Evandro Leitão (PT), assumindo função no governo do petista na Prefeitura de Fortaleza. Técio Nunes, que comanda a executiva municipal, foi candidato ao Paço pela legenda ano passado.

Na campanha, assim como o autodenominado independente George Lima (Solidariedade), evitou rusgas com o concorrente do bloco apoiado pelo governador Elmano de Freitas (PT), cuja gestão o Psol também integra. Vencido o pleito, ambos foram então premiados - Lima com uma Regional e Nunes, com a Coordenadoria Especial de Políticas sobre Drogas.

O episódio deflagrou uma querela interna que se externalizou rapidamente - ou externa que se internalizou -, levando a pensar sobre a consistência programática dos partidos. Hábil na composição, Evandro recrutou representantes à direita e à esquerda cuja justificativa para aceitar o convite do prefeito foi sintomaticamente a mesma, e é isso que chama atenção ao fim e ao cabo. Sinal de uma conjuntura na qual a "governite" é mais forte que qualquer ideologia.

O "bode na sala" da Câmara

Todos devem se lembrar das frases: "Leitão, filho da p., tu vai pra churrasqueira; prepara teu caixão, vagabundo". O autor, o vereador Inspetor Alberto (PL), à época candidato à reeleição, proferiu-a ainda no pleito de 2024, durante atividade de campanha do aliado André Fernandes (PL), candidato derrotado por diferença de menos de 10 mil votos.

De lá para cá, a despeito da reincidência do parlamentar (veja-se o vídeo com maus-tratos a um animal), a Câmara fez ouvidos moucos. Então presidente da Casa, Gardel Rolim (PDT) não levou qualquer providência adiante. Léo Couto (PSB), sucessor na cadeira, não deu sinalização mais concreta sobre o caso.

O assunto, de resto gravíssimo por conter ameaça de violência, foi perdendo fôlego no Legislativo em meio a um clima pós-eleitoral de camaradagem e acomodação. Nele, as partes parecem ter chegado à conclusão de que é melhor virar a página, jogando para debaixo do tapete até mesmo uma prática avessa ao decoro de seus representantes.

Apagão do Dragão

O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura esteve novamente às escuras dias atrás. Falha elétrica, conforme mostrou reportagem do O POVO, atribuída pela Enel à precariedade da rede estrutural da edificação. Foi a segunda vez num intervalo de menos de 15 dias.

Nas duas, o apagão, que se estendeu a alguns setores do CDMAC, comprometeu os trabalhos do cinema, que segue como a âncora de um espaço cujo entorno é um campo de obras por começar, refletindo o estado de abandono presente. O problema é a "cereja do bolo" de uma situação de dificuldade jamais vista num dos principais cartões-postais de Fortaleza - e, como agravante, durante o período de férias.

Nem se fale da reforma, então, prometida e sucessivamente adiada. Talvez seja hora de estabelecer isonomia de tratamento entre os equipamentos sob a guarda da Cultura do mesmo governo.

Educação na frente

Titular da Secretaria da Educação de Fortaleza, Idilvan Alencar (PDT) deve abrir seleção em breve para compor um banco de reservas para chefes de distritos, diretores e coordenadores das unidades educativas da capital cearense.

A intenção é avançar na qualificação da gestão escolar, vitrine das administrações do PDT desde Sobral e do PT a partir dos governos de Camilo Santana, hoje ministro da área - eram os tempos da grande aliança. No geral, Idilvan, que é deputado federal cujo currículo inclui experiência sólida no setor, pretende ampliar a capilaridade da rede, assegurando melhora de desempenho nos exames mais importantes.

 

Foto do Henrique Araújo

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