Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Ciro Gomes está com bagagem pronta para desembarcar em outro partido. No PSDB, o mais cogitado, a expectativa é lançar chapa com o ex-presidenciável na cabeça e um segundo turno na sucessão de Elmano
Foto: Daniel Galber / Especial para O POVO
CIRO e Elmano
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O ex-presidenciável Ciro Gomes, ainda no PDT, está perto de definir seu futuro partidário. Embora não haja data oficial para a filiação, o ex-governador acerta detalhes para um desembarque no PSDB, conforme a coluna tinha antecipado em 15 de julho último, quando informou que Ciro negociava com o ex-senador Tasso Jereissati seu retorno ao ninho tucano.
No partido social-democrata, há expectativa de que a chegada do pedetista dinamize a legenda, ampliando sua presença legislativa. Para tanto, uma chapa cuja cabeça fosse Ciro teria força para tentar eleger até dois deputados federais e três estaduais, nas contas de um integrante da agremiação.
Os cálculos da sigla incluem um possível 2º turno na corrida pela sucessão de Elmano de Freitas (PT). Sem fragmentação na direita, que convergiria para Ciro, a primeira etapa do pleito já assumiria feição de decisão, obrigando a uma recomposição em torno de dois polos antagônicos: de um lado, o bloco guiado por Camilo Santana (PT), Cid Gomes (PSB) e Elmano. E, do outro, o de Tasso, Ciro, Capitão Wagner (UB), André Fernandes (PL) e Roberto Cláudio.
Mesmo que a hipótese de Ciro como candidato seja encarada apenas como possibilidade, esse cenário produz efeitos de imediato. Se tudo correr como planejam os adversários do petismo local, o grupo anti-PT apresentaria seu nome mais competitivo, a despeito da alternativa consistente que RC representa para essas lideranças. Esse desenho de eleição catalisaria um rearranjo não somente de atores, mas também de estratégias.
Afinal, Ciro compunha a cozinha do "camilismo" até julho de 2022, quando o então candidato ao Senado e o ex-ministro eram vistos se congraçando, festejando a unção da primeira mulher governadora do Estado, Izolda Cela. Logo, enfrentar Ciro numa briga pelo Governo não é como duelar com Wagner ou RC.
O páreo exigiria do postulante governista uma recalibragem tática, antecipando movimentos que previsivelmente Ciro faria como concorrente que conhece seus oponentes como poucos nesse jogo de xadrez.
Divisão na família
O ingresso de Ciro no PSDB para buscar se alçar ao Abolição teria outras consequências no tabuleiro. Uma delas é ainda imprevista: qual o peso que sua candidatura teria na própria família, sobretudo para Cid, aliado de Elmano e quadro com ascendência sobre um número razoável de prefeitos do PSB no Ceará?
Mais: num possível 2º turno de uma peleja renhida, como seria o comportamento do senador pessebista: um recuo para não confrontar o irmão ou a adesão à reeleição do governador? E, nesse caso, como se portariam os chefes de Executivo municipal vinculados a Cid ante alguma perspectiva de vitória do mais velho dos Ferreira Gomes?
Como se nota, a participação de Ciro entre os cotados para o Governo tornaria o apoio de Cid mais decisivo nesta eleição.
Foto: Leitor/Via WhatsApp
Priscila Costa entre de Michelle Bolsonaro e Valdemar Costa Neto
Priscila e Michelle
Na queda de braço entre o dirigente André Fernandes e Priscila Costa por uma vaga na chapa do PL para o Senado, a vereadora vai levando a melhor sobre o deputado federal. Para romper o cerco que Fernandes impôs no Estado, operando como único gestor do capital bolsonarista, a parlamentar costurou uma conexão direta com Brasília, sem a intermediação do ex-candidato à Prefeitura de Fortaleza. Trata-se de jogada de risco, porém.
Se sair vitoriosa e viabilizar seu nome para a senatorial, Priscila tem chances consideráveis de se eleger - principalmente se do outro lado a composição governista oferecer nomes menos palatáveis. Uma vez eleita para o Senado Federal, ela seria quadro natural para a eleição de 2028 ou 2030, dividindo com Fernandes o ativo da influência local - que já foi de Carmelo Neto e hoje está concentrando no deputado.
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