
É doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro de contos
É doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Pesquisa agendas internacionais voltadas para as mulheres de países periféricos, representatividade feminina na política e história das mulheres. É autora do livro de contos
A morte de dois adolescentes na Escola Estadual Luiz Felipe, em Sobral, trouxe à tona uma miríade de reflexões acerca da violência nas instituições escolares e da proteção de crianças e adolescentes em nosso estado.
O choque e a revolta provocados pelo fato vêm, na maior parte das vezes, acompanhados de discursos carregados de repressão e ódio.
As crianças e adolescentes são pessoas em desenvolvimento que, segundo a Legislação brasileira, gozam de prioridade absoluta e proteção integral, o que demanda políticas públicas de educação em tempo integral, esporte, de profissionalização, lazer e o supremo direito a brincar.
A concentração de renda, a falta de oportunidades no presente e ausência de perspectiva de futuro tornam muitos jovens vulneráveis ao alistamento do tráfico de drogas e do crime organizado.
O cuidado de crianças e adolescentes é dever do Estado, da família e da sociedade, segundo preconiza a Constituição Federal.
Entretanto, pesquisas demonstram sobejamente que é no espaço familiar onde muitas vezes a negligência, o abandono e a violência física e sexual ganham proporções alarmantes.
A proteção estatal, por sua vez, é falha, haja vista a quantidade de crianças em situação de rua, de trabalho infantil, evadidas da escola, subescolarizadas ou se perdendo nas drogas.
A essa altura, é inevitável fazermos uma reflexão acerca de como o Ceará se projetou nacionalmente nos últimos anos.
Hoje, o estado do Ceará é reconhecido pelos elevados índices de alfabetização de crianças. Feito louvável, mas precisamos refletir que crianças e adolescentes são indivíduos multidimensionais que necessitam ser desenvolvidos em todas as suas facetas. É preciso pensar em estratégias de autoconhecimento, acolhimento das diferenças e combate ao bullying.
Diane Ravitch, no livro "Vida e morte do grande sistema escolar americano", denunciou os efeitos psicológicos e sociais de modelos de educação calcados nos resultados, nas estatísticas e no ranqueamento de escolas.
A mesma crítica veio dos filósofos da Escola de Frankfurt que expuseram as mazelas de uma educação unilateral compreendida como aquela voltada unicamente para formação de mão de obra.
O episódio ocorrido na escola sobralense é um ponto de inflexão que nos ajuda a (re)pensar nosso modelo de sociedade e de educação.
Histórias. Opiniões. Fatos. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.