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Ser uma startup que apoia a diversidade dá trabalho, e por isso muitas não são
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Mentor e conselheiro de startups há mais de quatro anos, formado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e com especializações pela UFRJ e Unyleya. Hoje, atua como diretor de Operações da Casa Azul Ventures, já tendo mentorado mais de 100 startups e avaliado mais de 1.000 em diversos programas nacionais e internacionais. Também atua como gerente de Novos Negócios no Grupo de Comunicação O POVO.

Ser uma startup que apoia a diversidade dá trabalho, e por isso muitas não são

Trabalhar com pessoas com outras realidades, podem exigir novas formas de se trabalhar: pessoa com pouco uso de Whatsapp, pessoas com horários diferentes, pessoas sem possibilidade de ter um escritório pra home office
Tipo Opinião
Será mesmo que a sua startup apoia a diversidade? (Foto: truthseeker08/Pixabay)
Foto: truthseeker08/Pixabay Será mesmo que a sua startup apoia a diversidade?

Nas últimas semanas, a Abstartups divulgou o Mapeamento do Nordeste, apontando alguns dados interessantes sobre diversidade e inclusão nas startups. Vou me ater ao cenário de Fortaleza, mas os dados não diferem muito das outras regiões do Nordeste (e também do Brasil). 

Um número que precisa ser apresentado inicialmente aqui é que 97,9% das startups “diria que apoiam a diversidade”. E aí começo a me perguntar algumas coisas.

Quais serão as 2,1% startups que “não apoiam a diversidade”? Será que elas não entenderam a pergunta, ou consideraram uma leitura mais profunda desta (pensando que para apoiar, precisa fazer mais do que falar)?

E o que significa “apoiar a diversidade”? Qual a profundidade dessa pergunta? E é nisso que quero entender.

Na mesma pesquisa, também observamos que:

  • 70,2% não possuem uma ação ou processo seletivo voltado a diversidade
  • 93,7% dos fundadores, são heterossexuais
  • 76,6% são do sexo masculino
  • 66% são brancos

Bem, poderíamos ser rasos, e justificar que esses números são apenas reflexos da nossa sociedade. Sim, são.

Também podemos argumentar que as startups são ambientes mais “amigáveis” com a diversidade (diversity-friendly). Sim, podemos.

Mas, a pergunta inicial era: Você apoia a diversidade?

E apoiar, entendo por fazer algo por ou para garantir e buscar a diversidade nas suas empresas.
No meu histórico de engenheiro e gestor, entendo que os resultados não estão sendo alcançados, e no mínimo, se estão fazendo algo, podem estar fazendo sem efetividade.

Mas o que peso na percepção é que: ser diverso dá trabalho.

Para pensar em um processo seletivo que apoia a diversidade, é necessário considerar buscar pessoas de outras bolhas sociais (e muito provavelmente longe das que empreendedores estão). Isso requer um esforço maior do que simplesmente buscar nos contatos próximos.

Trabalhar com pessoas com outras realidades, podem exigir novas formas de se trabalhar: pessoa com pouco uso de Whatsapp, pessoas com horários diferentes, pessoas sem possibilidade de ter um escritório pra home office.

Estruturar isso para essas novas pessoas requer esforço e dedicação para pensar por ela. Pois em muitos casos, podem até contratar alguém, mas considerar que ela “não se adaptou” (Será que foi ela que não se adaptou, ou a empresa que não se adaptou à diversidade?)

Como a pesquisa mostra, imagino que muitos podem ter respondido “apoiar a diversidade” como “não sou preconceituoso”. Mas me perdoem aqueles que pensaram nisso, mas vocês estão fazendo o que é obrigação, e dever por lei (Lei 7.716/89).

Acho que a pergunta precisa ser feita novamente, e os respondentes conscientizados do que é “apoiar a diversidade”. Meu medo é não terem passado nem do primeiro estágio: aceitar a verdade. Que não apoiam a diversidade. Para depois da reflexão pensarem em ações efetivas.

E aí, sua startup apoia a diversidade?

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