Cantora, compositora, jornalista. Lançou sete CDs (Mona Gadelha, Cenas & Dramas, Tudo se Move, Salve a Beleza, Praia Lírica - um tributo à canção cearense dos anos 70 e Cidade Blues Rock nas Ruas); o EP Tudo se Move 20 Anos Depois e vários singles. Fez Comunicação Social na Universidade Federal do Ceará. É mestra em Comunicação (PPGCOM). Lançou o livro "Perfume Azul - Transgressão e Rock na Fortaleza dos Anos 70" (Edição FWA)
Não deixa de ser irônico que o Cheiro alcance uma merecida visibilidade e maior alcance fazendo chacota de pastas, portfólios e outros itens solicitados nos regulamentos de editais na área da música
Foto: Lissa Cavalcante/Divulgação
Cheiro do Queijo
O Cheiro do Queijo nos ensina a rir de nós mesmos (as). Na sua autoparódia “Aburocracia”, metalinguagem assinada por Abu da Pereba (Payaço Abu), que ao lado de Bito Beat, e Iky (Potchoco) formam o trio de Maracanaú (CE), eles trazem à tona um sentimento muito comum entre artistas independentes, que começou com o modelo de autoempreendedorismo.
“Eu só queria ser um artista/tive que tirar um CNPJ”. O clipe da música viralizou no Instagram, alcançando mais de oitenta mil visualizações, milhares de comentários e cerca de doze mil compartilhamentos até dezembro (a postagem é de outubro).
O rap catártico d’Cheiro criticando com toda a sua verve de humor ácido as regras burocráticas dos editais (um mecanismo do qual artistas independentes estão inexoravelmente “dependentes”), ampliou o público do trio de palhaços e seu caldeirão de referências.
Punks e humanistas, o Cheiro diz as coisas na nossa cara, como em “Indivíduos”, um rap com marcha circense gravada com participação de Russo Passapusso (“Somos indivíduos/endividados e divididos/Num buzão lotado na Avenida Osório que interliga/Fortaleza, a cidade dormitório/Mas aqui ninguém dorme”).
E com essa linguagem o grupo amplia sua atuação além do Ceará, apresentando-se recentemente no Festival MADA, em Natal (RN), também com Russo, que já o havia chamado para o Festival Zepelim pela segunda vez, em Fortaleza.
Foto: Maria haydee/Divulgação
De Maracanaú, a Cheiro do Queijo subiu ao palco do BaianaSystem na primeira noite de shows do Festival TAMO JUNTO BB
Não deixa de ser irônico que o Cheiro alcance uma merecida visibilidade e maior alcance (que não surpreende quem já conhecia seu trabalho) fazendo chacota de pastas, portfólios e outros itens solicitados nos regulamentos de editais na área da música.
Essa adesão do público é muito interessante e curiosa, uma vez que essa informação do pacote burocrático chega sempre mais aos interessados, a quem, de fato se inscreve. A realização do clipe faz parte do programa Zona de Criação do Hub Cultural Porto Dragão.
A conexão do Cheiro do Queijo com Russo Passapusso e o BaianaSystem começou na tutoria deste artista-pensador no Laboratório de Música da Escola Porto Iracema das Artes, em 2021.
Como coordenadora do Lab na época, vi Russo incentivar Abu (Igor), Bito (David) e Eliel Carvalho (que integrava o projeto Circo Rap) a desbravar a sua própria história, a memória da música cearense, presenteando o grupo com o LP fundamental “Estrela Ferrada”, do grande Wilson Cirino e com disco de Ednardo.
Russo se interessa pelo movimento Massafeira (tem o álbum duplo de 1980 em seu acervo), pela música do Pessoal do Ceará, e fez questão de se encontrar com Ednardo e os integrantes d’O Cheiro numa animada conversa no Bar do Mincharia, na Praia de Iracema, em Fortaleza.
Da safra musical de Maracanaú, além do Cheiro do Queijo, vem também Caiô & Outragalera, JR Metal, Arquelano e mais artistas que transformam a cena musical cearense numa paisagem alentadora, com trajetórias singulares, e que podem se apresentar em qualquer palco do mundo.
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