Jornalista, colunista de Economia da rádio O POVO/CBN; Coordenador de Projetos Especiais do Grupo O POVO DE COMUNICAÇÃO; Co-Autor do livro '50 Anos de Desenvolvimento Industrial do Ceará' e autor dos 'Diálogos Empresariais', dois livros reunindo depoimentos de líderes empreendedores do Estado do Ceará
A futura usina de tratamento d'água do mar de Fortaleza, usando o processo de dessalinização, fica estranhamente localizada ao lado das lindas mansões do bairro de Lourdes, numa área privilegiada da Praia do Futuro, onde estão situados hotéis, espaços de eventos e barracas de luxo.
A unidade deve ocupar perto de 30 mil metros quadrados, e vai alterar o planejamento urbano do bairro, engolindo algumas ruas do local para poder integrar o imóvel.
O empreendimento, a cargo do consórcio Águas de Fortaleza, liderado pela Marquise, foi uma conquista do segundo mandato de Camilo Santana (PT), e levou dois anos de estudos até chegar ao momento atual, com intensa movimentação de consultores e engenheiros no local das obras em terra.
Como exigência prevista na legislação vigente, o processo de licenciamento ambiental ainda está em andamento, com a finalização dos estudos de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA Rima), "contendo detalhes de eventuais impactos identificados e a aplicação de medidas mitigadoras necessárias" - enfatiza o engenheiro Silvano Porto, biólogo e especialista da diretoria de Engenharia da Cagece.
Dentre os estudos que estão ou serão conduzidos, observa Silvano, há programas de monitoramentos prévios e posteriores à entrada em operação da planta. Só assim se poderá avaliar e monitorar as influências do empreendimento no ambiente, disse.
De fato, nesse projeto, todo o cuidado é pouco. Ao escolher a Praia do Futuro, em meio a um espaço residencial e de investimentos internacionais em comunicação, para a instalação da Usina de Dessalinização, a planta encontra obstáculos e cuidados para não afetar não só o meio ambiente, como também o turismo consolidado na região, com a poluição de uma área própria para o banho, práticas esportivas e intenso lazer.
Além de observar questões ligadas à localização dos cabos submarinos que aportam ao nosso litoral a partir daquela praia.
O biólogo Silvano tranquiliza quanto ao aspecto ambiental. Ele afirma que "a água marinha captada é previamente submetida a tratamento semelhante aos já usados em estações de tratamento d'água.
Segundo ele, a qualidade marinha da Praia do Futuro resultará em menor necessidade de uso de produtos químicos e de despejo na limpeza dos filtros. O emissário submarino do concentrado salino, por sua vez, está sendo projetado de forma que as condições de salinidade sejam rapidamente restabelecidas, conforme recomendações internacionais de países como Estados Unidos e Japão.
O biólogo não vê motivos para preocupação com relação ao Turismo e as atrações naturais do local: "grandes cidades turísticas do Mediterrâneo, Austrália e ilhas Canárias convivem e dependem de plantas de dessalinização".
A planta em execução pelo Consórcio Águas de Fortaleza foi contratada de forma integral, incluindo projetos, obras e operações. Considerando apenas os investimentos em obras e projetos, foram estimados na licitação em cerca de R$ 485 milhões, e deverá entrar em operação em até 48 meses, considerando todas as etapas de contratação, licenciamento, detalhamento de projetos e execução das obras, estima Silvano.
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