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PL enfrenta os custos de ser a casa do bolsonarismo
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Paula Vieira, socióloga e cientista política. Professora. Pesquisadora do Laboratório de estudos sobre política, eleições e mídia (Lepem-UFC)

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PL enfrenta os custos de ser a casa do bolsonarismo

Durante as campanhas, esses partidos potencializam a força de "puxadores de votos"; no Parlamento, oferecem espaço para atuações individualizadas, geralmente vinculadas a dinâmicas regionais
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ANDRÉ Fernandes e Priscila Costa: PL terá de administrar situação sobre Senado (Foto: Reprodução/ Instagram)
Foto: Reprodução/ Instagram ANDRÉ Fernandes e Priscila Costa: PL terá de administrar situação sobre Senado

Há um embaraço no sistema político brasileiro relacionado à compreensão sobre a necessidade de se filiar a partidos para disputar eleições.

O debate gira em torno da ideia de que a existência de um projeto político partidário torna as propostas e compromissos mais compreensíveis ao eleitor e retira o caráter excessivamente individual da escolha dos representantes: a figura pública perde centralidade e cresce a importância do que se propõe como coletivo.

Surge, nesse contexto, uma divergência que incide diretamente nas estratégias dos partidos. Algumas legendas se consolidam como projetos políticos bem definidos, associando símbolos próprios, cores e ideias-força facilmente reconhecíveis pelo eleitorado — como a estrela do PT, ligada às políticas de redistribuição de renda, ou o “tucano”, símbolo do PSDB, associado a propostas de modernização.

Outras legendas, contudo, veem vantagem em flexibilizar sua identidade, agregando lideranças mais personalistas, pouco articuladas em torno de um projeto político único. Essa é uma prática predominante entre partidos com foco no Legislativo.

Durante as campanhas, esses partidos potencializam a força de “puxadores de votos”; no Parlamento, oferecem espaço para atuações individualizadas, geralmente vinculadas a dinâmicas regionais.

Essa explicação busca refletir sobre o modo como o Partido Liberal (PL) vem atuando ao longo de 2025, empenhado em consolidar a legenda, fortalecer candidaturas majoritárias nos estados e ampliar sua bancada legislativa.

Nesse processo, o PL passa a adquirir característica se enfrentar desafios de partidos com projeto nacional: a necessidade de articular interesses nacionais e locais e, consequentemente, lidar com os conflitos internos próprios dessas dinâmicas, como, por exemplo, alianças nacionais que divergem do contexto estadual e indicação de nome a serem disputados para o Senado.

No Ceará, em 2025, acompanha-se a formação de uma frente ampla de oposição à hegemonia petista, articulando a vertente bolsonarista com lideranças de centro-direita que se aproximam da extrema direita.

Eduardo Girão busca se apresentar como nome para o governo estadual, contando com o apoio de Michelle Bolsonaro, que também respalda Priscila Costa.

Nesse cenário conflituoso, observa-se a disputa interna no PL com Alcides Fernandes, pai de André Fernandes, nome previamente acordado na composição da frente ampla da direita.

A celeuma está posta: ao buscar sua consolidação partidária, o PL convive agora com conflitos internos entre lideranças que, até então, disputavam um espaço antes protagonizado por poucos ou únicos nomes de impacto eleitoral.

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