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Luizianne Lins e suas batalhas particulares
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Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha

Luizianne Lins e suas batalhas particulares

Luizianne Lins, ex-prefeita de Fortaleza, candidata pelo PT à prefeitura enfrenta uma intensa campanha de difamação, o poderio econômico do PDT e do Pros e ainda disputa a imagem pública do governador Camilo Santana, também do PT, mas que apoia José Sarto (PDT)
Tipo Opinião

A candidata Luizianne Lins, uma das únicas mulheres a liderarem uma chapa que concorre à prefeitura de Fortaleza foi a que levou o maior tombo na pesquisa O POVO/Datafolha divulgada ontem à noite pelo O POVO. Em menos de duas semanas, Luizianne perdeu cincos pontos, saindo de 24% das intenções de voto para 19%.

Luizianne Lins atua na política de Fortaleza desde muito jovem. Conhece como ninguém esta cidade. Talvez seja a que melhor a conheça, além de ter plena ciência do que é gerir esta Capital. Tem disposição para o embate público em campo aberto. Isso inclui, inclusive, o machismo encravado nesta cidade ensolarada e aquele que povoa até partidos de esquerda como o PT. Luizianne demonstra saber lidar com tudo isso. E não é de hoje.

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Neste pleito, porém, Luizianne concorre com o que ela vê – e alguns de nós também – e com o que ela não vê – nem nós. Basta dar uma olhada no noticiário para perceber o quanto a ex-prefeita tem sido atacada de forma covarde numa campanha de desinformação que a atinge como mulher e candidata. Enquanto Luizianne denuncia esse fato à Justiça – que apenas caminha rumo à responsabilizar os promotores da desinformação –, a produção e a distribuição das peças difamatórias contra ela voam.

Em segundo lugar, é necessário verificar o poderio econômico que sustenta as outras duas candidaturas que brigam por uma vaga no segundo turno em Fortaleza. Conforme reportagem publicada ontem no O POVO, enquanto a campanha do candidato José Sarto (PDT) já arrecadou e gastou, segundo dados do TRE, R$ 4,8 milhões, e o candidato do Pros, R$ 2,1 milhões, Luizianne Lins gastou menos de quarto das despesas de Sarto e menos da metade das de Wagner.

No entanto, o que me parece mais complexo na candidatura do PT em Fortaleza – e isto está à vista de todos – é a posição do governador Camilo Santana, que é do mesmo partido de Luizianne Lins. Embora seja real a parceria entre o atual prefeito Roberto Cláudio e o governador do Estado, é estranho demais ver sua figura pública disputada do ponto de vista partidário pela ex-prefeita de Fortaleza, ex-aliada do grupo político que levou Camilo Santana ao governo, e por José Sarto, candidato do atual prefeito.

Se para quem acompanha diariamente a política estadual, às vezes, considera esquisito ver Camilo nas mídias sociais de Luizianne e de braços dados com o Roberto Claudio para cima e para baixo fortalecendo a candidatura do PDT, eu imagino um eleitor comum perdido nessa sopa de letras que são os partidos políticos no Brasil.

Mas além da disputa de imagem, há também uma disputa por modelos de gestão. A proposta de modelo que está liderando as pesquisas, na realidade, é desconhecida por completo. O que se sabe é que apesar dos discursos de campanha, o que é temos é um candidato militarista, que ficou conhecido pela sua luta corporativista em favor de policiais, mesmo que isso coloque em risco um Estado inteiro. Além disso, é apoiado nacionalmente por um presidente autoritário, montado num projeto de poder sem nenhuma propensão para o diálogo ou sensibilidade com a população mais vulnerável.

No artigo “A pesquisa e os seus efeitos nas estratégias dos próximos dias”, publicado hoje no O POVO, o jornalista Gualter George faz um alerta para que o caminho que levará à votação do primeiro turno das eleições, no próximo dia 15 de novembro, “não dinamite as pontes políticas futuras”.

É importante lembrar que as eleições é um processo que passa rapidamente, e é experienciado por pessoas. Em Fortaleza, há homens e uma mulher debatendo ideias sobre as formas de gerir uma cidade sob modelos diversos. É preciso ter cuidado para não proporcionarmos uma nova vitória a Pirro.

Mais análise sobre a segunda pesquisa
O POVO/Datafolha em Fortaleza

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