Exclusivo: Diretor de Valorant revela bastidores de criação de agentes Valorant
clique para exibir bio do colunista
Wanderson Trindade é coordenador da Central de Dados e repórter do O POVO+, com uma paixão declarada por contar as histórias de quem faz a indústria dos jogos eletrônicos acontecer. Especializado na cobertura do universo dos games no Ceará, no Brasil e no mundo, acompanha de perto tanto o cenário competitivo quanto o desenvolvimento de jogos. Autodescrição: Homem pardo de cabelos ondulados, Wanderson aparece na foto usando óculos e fones de ouvido, com um sorriso no rosto que traduz sua energia e entusiasmo pelo tema.
Exclusivo: Diretor de Valorant revela bastidores de criação de agentes Valorant
Responsável pela visão criativa de Valorant, David Nottingham detalha o processo de criação dos agentes e a proposta que consolidou o jogo como referência em diversidade em um dos jogos digitais mais populares da atualidade
Foto: Riot Games
Responsável pela visão criativa de Valorant, David Nottingham detalha o processo de criação dos agentes e a proposta que consolidou o jogo como referência em diversidade em um dos jogos digitais mais populares da atualidade
Desde seu lançamento em junho de 2020, o jogo digital Valorant não apenas conquistou o público com sua jogabilidade tática e ritmo acelerado. Ele também tem se destacado como uma referência mundial em representatividade e inclusão. Desenvolvido pela Riot Games, o título se diferencia ao construir um universo onde diversidade racial, cultural, de gênero e sexualidade não são somente elementos decorativos, mas pilares de uma experiência.
Em entrevista exclusiva ao O POVO+, o diretor criativo de Valorant, David Nottingham, revela os bastidores do processo de criação por trás dos personagens e da filosofia que transformou o jogo em um símbolo de pertencimento para milhões de jogadores ao redor do mundo.
Disponível para PC, consoles e futuramente em smartphones, o jogo promove a diversidade ao incluir agentes de diferentes origens e identidades, como a brasileira Raze, o que fortalece a representatividade e torna a comunidade mais acolhedora para jogadores historicamente excluídos. Esse impacto positivo é percebido em eventos, redes sociais e na rotina de criadoras de conteúdo, que se sentem parte de algo maior.
Para entender como tudo isso é pensado desde os bastidores e quais são os próximos passos da Riot em relação à inclusão, confira a entrevista completa com David Nottingham, que aborda os desafios, os aprendizados e o impacto real que a representatividade tem causado no universo do jogo.
"Culturas que moldam a vida dos nossos jogadores"
O POVO+ – A criação da Raze, a primeira agente brasileira, foi um marco para a comunidade do Brasil. Pode nos contar como foi o processo de desenvolvimento dessa personagem e o que vocês buscaram representar do Brasil nela?
David Nottingham – Raze foi uma agente que passou por algumas mudanças criativas que ajudaram a moldar nossa abordagem para design e representação de agentes. Nossa decisão de centralizar sua origem no Brasil motivou uma extensa pesquisa sobre as diversas regiões, cidades e pessoas do país.
A escolha de torná-la especificamente afro-brasileira nos levou a Salvador, permitindo-nos incorporar a rica história cultural da cidade e sua importância para o Brasil. Nosso objetivo era representar o Brasil entendendo sua personalidade, que se tornou cada vez mais autêntica à medida que nos inspirávamos na cultura de rua de sua criação.
Isso incluía o grafite como forma de arte, a cena de dança competitiva de B-Boys e B-Girls, com sua conexão com a Capoeira. A música também desempenhou um papel fundamental na definição de sua identidade desde o início. Em 2020, mergulhamos no baile funk e no hip hop brasileiro. Você pode ouvir a playlist que inspirou sua criação no Spotify.
Foto: Riot Games / Valorant
Imagens de esboços da agente brasileira Raze, no Valorant
O POVO+ – No Valorant, cada agente carrega não só um conjunto de habilidades únicas, mas também traços culturais, sotaques e histórias próprias. Como o time de design do jogo equilibra a criação de mecânicas com a construção de identidades culturais tão distintas?
David Nottingham – Durante o processo de desenvolvimento do agente, a expressão criativa pode, às vezes, inspirar nossa abordagem de design de jogo, o que desbloqueia ideias para habilidades. No caso de Raze, seu kit de jogabilidade e design eram bem definidos e fortes desde o início. No entanto, sua identidade criativa inicial não se alinhava com sua jogabilidade.
Essa incompatibilidade levou a uma reformulação significativa de sua identidade criativa, incluindo a mudança de nacionalidade e persona. O objetivo é alcançar ressonância temática entre a fantasia da jogabilidade e vários elementos como apelo visual, história de fundo e identidade. Esse alinhamento é crucial para criar um personagem envolvente e inspirador, assim como encontrar a receita perfeita para uma refeição deliciosa.
Foto: Riot Games
ParaTodosVerem: Poster de Valorant com diferentes agentes jogáveis do jogo
O POVO + – Qual a importância de trazer multiplicidade e diversidade em raças, etnias, nacionalidades e até estilos de fala para um jogo competitivo como VALORANT? O que isso agrega para a experiência dos jogadores?
David Nottingham – Valorant se passa em uma terra de um futuro próximo, então projetamos o jogo pensando em uma base global de jogadores. Nosso elenco diversificado de agentes é um ponto forte da criatividade, permitindo que os jogadores se vejam representados por personagens jogáveis e ambiciosos de diferentes regiões, etnias e nacionalidades.
Como uma equipe sediada nos EUA, valorizamos a oportunidade de aprender sobre as culturas que moldam a vida dos nossos jogadores. Pessoalmente, estou ansioso para visitar Salvador depois de ter lido e pesquisado tanto sobre a cidade – o Streetview simplesmente não é a mesma coisa!
Foto: Riot Games
Jogo de tiro da Riot Games lança atualização 11.00 com novidades no balanceamento, mapa, combate a smurfs e eventos comemorativos; replays e novo motor gráfico chegam até setembro
O POVO+ – O processo de pesquisa e criação de um agente novo envolve consultas a pessoas e culturas reais? Como vocês garantem que a representação não caia em estereótipos e seja respeitosa, mas ainda divertida e reconhecível?
David Nottingham – Sim, nossa abordagem incorpora sensibilidade cultural, algo que aprimoramos ao longo do tempo. No início do desenvolvimento, identificamos e consultamos especialistas que fornecem conhecimento de base essencial que complementa nossa própria pesquisa. Esses consultores continuam a aconselhar e revisar nosso trabalho durante todo o processo.
Além disso, utilizamos nossos escritórios regionais e funcionários locais da Riot com vínculos culturais com a região específica. Consideramos cuidadosamente todas essas informações para orientar nossas decisões.
Foto: Riot Games
ParaTodosVerem: Imagem de uma partida de Valorant
O POVO+ – Na sua visão, a diversidade de agentes também pode ter influenciado a força da comunidade brasileira e de outros países latino-americanos ou africanos? Como os jogadores respondem a essas representações mais variadas?
David Nottingham – O forte apoio da comunidade brasileira a Valorant é notável, e atribuí-lo apenas à presença de um agente brasileiro seria uma simplificação exagerada. O Brasil possui uma base de jogadores sofisticada com uma rica história no mundo dos jogos.
Independentemente da região — seja Brasil, América Latina ou África — os requisitos fundamentais para o sucesso são um jogo de alta qualidade, aliado a um cuidado e atenção demonstrados ao feedback dos jogadores. Consequentemente, ao desenvolver um agente de uma região específica, é crucial priorizar a autenticidade e os detalhes.
Nossa filosofia com Valorant é criar agentes, não mascotes. Um único agente brasileiro não pretende representar toda a população diversificada do Brasil. Tentar uma representação tão ampla corre o risco de criar uma caricatura, enquanto nos esforçamos para criar personagens autênticos com os quais os jogadores possam se identificar, independentemente de onde estejam.
E para completar, o apoio da comunidade brasileira ao longo dos anos tem sido incrível, tanto que inspirou as equipes da Riot, incluindo a Riot Brasil, a criar dois videoclipes com Raze, "Raze // A cor da cidade" e "Raze - só coisas boas!". Agradecemos aos jogadores brasileiros pela paixão, dedicação e jogadas decisivas em Valorant!
Aqui é o lugar para você saber o que está acontecendo no universo dos games, no Ceará, no Brasil e no mundo. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.