A realização de mais hackathons - eventos focados em inovação que reúne desenvolvedores e empresas para soluções de problemas - no Ceará no último ano e a projeção do Estado como área fértil para essas experiências tem projetado sobre o ecossistema de inovação local expectativas promissoras para 2022. Mais arrojada a cada temporada, a articulação entre governo, academia e setor privado - considerado o tripé da inovação no planeta - evolui e lança sobre o Estado uma expectativa de destaque nacional.
"O Ceará está no estágio de desenvolvimento. Quase o penúltimo estágio na escala de inovação. Isso significa que está crescendo, gerando mais empreendedores que a média do Nordeste, criando ecossistema de suporte muito valioso, que outros estados não têm. Inclusive, estados que passam a impressão de serem mais maduros, como o Rio de Janeiro. E não é só o Rio", estima analisa Danilo Picucci, diretor de Comunidades da Associação Brasileira de Startups (Abstartups).
Ele reforça que o Ceará tem mais instituições de apoio que Aracaju, Rio Grande do Norte, Bahia. "São bases que fundamentam um crescimento muito grande nos próximos anos. Uma aposta pessoal minha é de que, nos próximos cinco anos, o Ceará vai ganhar um destaque bem relevante se continuar no mesmo ritmo."
Nos rankings que envolvem inovação, inclusive, o Ceará vem mantendo participação constante, apesar de colocações de pouco destaque. Isso é visto no ranking da Abstartups, no qual o estado está entre os oito de maior peso no País - e o segundo do Nordeste. Já na lista elaborada pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), as experiências locais estão entre as nove melhores do País - 1ª da Região. Mas a participação pode estar sendo subestimada.
"O Ceará tem mostrado um desenvolvimento do empreendedorismo de base tecnológica muito relevante a ponto de ser reconhecido, em 2019, como comunidade revelação pelo Startup On Awards, que levou o Ceará a um destaque que não acontecia antes. E em 2020 foi a comunidade do ano, ou seja, está existindo um nível de integração que permite mais nascimento de startups com chance de sucesso muito alto. O mito de que Bahia e Pernambuco têm atividades econômicas mais intensas em relação à startup que o Ceará tende a passar. Eu diria que o Ceará está num destaque maior nesse momento", completa o diretor de Comunidades da Abstartups.
Como exemplo dessa articulação, Abraão Saraiva Jr, titular da Coordenadoria de Empreendedorismo da Pró-reitoria de Relações Internacionais da e fundador e coordenador do Centro de Empreendedorismo (Cemp) da Universidade Federal do Ceará (UFC), cita o desenvolvimento de núcleos ou hubs de inovação pela iniciativa privada no Estado, nos quais a participação da academia tem aumentado.
Soma-se a essas experiências as parcerias fechadas entre grandes multinacionais de tecnologia e as universidades cearenses, o que acontece com UFC, Universidade Estadual do Ceará (Uece) e o Instituto Federal de Educação do Ceará (IFCE), que mantém projetos com Ericsson, Huawei, LG, Lenovo, entre outras.
Apenas no IFCE, segundo Maira Nobre, coordenadora da incubadora de empresas da instituição, foram R$ 916 mil em aportes apenas entre novembro e dezembro do ano passado vindos da parceria com a Alliage S/A Industria Médico Odontológica, a partir de um processo de inovação aberta - pelo qual os problemas da empresa são expostos a um grupo de startups e pesquisadores que buscaram solucioná-los.
A incubadora ainda dispôs de dez bolsas de pesquisas de R$ 400 mensais aos alunos. Ao todo, 11 experiências já passaram por lá e mais quatro seguem entre 2021 e 2022 nas mais diversas áreas de atuação, do turismo à indústria 4.0.
Setores mais promissores
1.Energias renováveis
2.TIC
3.Saúde
4.Agroalimentação
5.Recursos hídricos
Fonte: Cemp/UFC