Na sétima edição desta coluna, iremos abordar detalhes metodológicos do programa de bolsas de estímulo ao empreendedorismo inovador da Universidade Federal do Ceará - Empreende UFC - de forma estimular outras instituições de educação superior a conceber e a desenvolver iniciativas do tipo. Boa leitura!

De forma a dar materialidade ao foco estratégico de fortalecer o empreendedorismo inovador no ambiente universitário entre os(as) estudantes de graduação, de pós-graduação e os(as)servidores docentes e técnico-administrativos(as) para criar soluções para desafios da sociedade, há dois anos, a UFC estabeleceu como uma das ações prioritárias a criação de um programa de bolsas voltado para acadêmicos empreendedores.

Nesse sentido, tal como abordado na edição anterior desta Coluna, tem-se o desenvolvimento do Programa Empreende UFC para, especificamente, estimular e apoiar propostas de projetos de empreendimentos inovadores & startups, incluindo negócios de impacto socioambiental, negócios de base tecnológica e spin-offs acadêmicas.

Durante o programa com ciclo anual, os participantes são capacitados quanto à modelagem de negócios e conectados com especialistas, empreendedores, mentores e investidores do ecossistema empreendedor cearense, nacional e internacional, tendo acesso ambientes criativos organizados no formato de coworking e aprendizagem vivencial baseada no desenvolvimento de projetos de negócios em equipes multidisciplinares.

Em termos metodológicos, os participantes têm acesso ao Ciclo de Formação em Empreendedorismo Inovador estruturado em três partes integradas, sendo ofertado em parceria com o programa Centro de Empreendedorismo (CEMP UFC) de forma intensiva durante o primeiro semestre do ano

Na Parte I da formação, são abordados elementos introdutórios e contemporâneos do empreendedorismo, com destaque aos seguintes temas: contexto atual do empreendedorismo (tecnologia, inovação, sustentabilidade, propósito e negócios digitais); conceitos e tipos de empreendedorismo: novos negócios/startups/spin-offs, empreendedorismo de impacto socioambiental e intraempreendedorismo; ecossistema empreendedor (investidores, incubadoras, aceleradoras, hubs de inovação, parques tecnológicos, instituição de fomento à inovação, Sistema S, centros de empreendedorismo em universidades, movimentos empreendedores da sociedade civil organizada, ecossistemas internacionais de empreendedorismo; entre outros); competências e características do empreendedor; montagem de equipes em empreendimentos inovadores e a importância das complementariedades.

Na Parte II da formação, os participantes entram em contato prático com modelos, ferramentas e metodologias de criatividade e estruturação de negócios, sendo os seguintes temas abordados: diferenças entre modelo de negócios e plano de negócios; geração do modelo de negócios por meio do BMG Canvas e do Lean Canvas; Lean Startup; Design Thinking; Design Sprint; Scrum & agilidade no gerenciamento de projetos; gestão de equipes / squads; Teoria da Mudança em negócios de impacto socioambiental; avaliação de impacto socioambiental; noções de modelagem econômico-financeira de negócios e acesso ao capital; contratos jurídicos em sociedades de startups e em investimentos de risco; propriedade intelectual; Noções de transferência tecnológica e exploração econômica de ativos de propriedade intelectual; maturidade tecnológica (escala TRL - Technology Readiness Level); roadmap tecnológico: planejamento integrado de tecnologia, produto & mercado; marketing 4.0; funil de vendas & marketing digital; Noções de internacionalização de startups; indicadores & métricas para startups; Design/Canvas de proposta de valor; jornada & experiência do cliente.

Na Parte III, o ciclo de formação em empreendedorismo inovador avança para abordar modelagem de negócios & pitch, sendo os seguintes temas trabalhados de forma sequencial com as equipes participantes: identificação do problema; validação do problema; proposta de valor da solução e comparação com alternativas existentes; prototipação da solução / Produto Minimamente Viável (MVP); definição do modelo de monetização; teste e validação da solução; pitch de negócios e técnicas de apresentação de alto impacto. O ciclo de formação é concluído com um evento de simulação de pitch de negócios para investidores de risco. De forma tal a continuar o processo de validação e desenvolvimento dos projetos de negócios após o ciclo de formação, no segundo semestre do ano, os participantes do Programa Empreende UFC têm participado do programa StartupCE do Sebrae, iniciativa oriunda de parceria estratégica com a Universidade.

Na próxima edição desta coluna, iremos discutir sobre competições colaborativas de inovação aberta empresarial no formato de hackathons envolvendo a academia e grandes empresas & instituições cearenses, nacionais e multinacionais. Até a próxima!

Abraão Freires Saraiva Júnior, Eng°. Ms. Dr.
Coordenador de Empreendedorismo da Pró-reitoria de Relações Internacionais e Desenvolvimento Institucional (PROINTER UFC)
Fundador e Coordenador do Centro de Empreendedorismo (CEMP UFC) abraaofsjr@gmail.com