Logo O POVO+
Como amenizar o prejuízo em tempos de lockdown
Economia

Como amenizar o prejuízo em tempos de lockdown

Especialistas ouvidos pelo O POVO dão dicas de como as empresas podem tentar atravessar mais essa crise sem quebrar.
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Fortaleza segue em lockdown até o dia 18 de março. (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Fortaleza segue em lockdown até o dia 18 de março.

Um ano depois do primeiro lockdown, vários setores econômicos em Fortaleza estão tendo que suspender o atendimento presencial, em mais uma tentativa do Governo de tentar frear o avanço da transmissão da doença no Estado. As restrições mais rígidas seguem, inicialmente, até o dia 18. Especialistas ouvidos pelo O POVO dão orientações de como garantir a continuidade da operação e tentar atenuar o prejuízo deste período.

O vice-presidente do Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças (ibef-CE), Ives Castelo Branco, explica que a situação não é fácil, já que além do caixa fragilizado, a maior parte das medidas de socorro implementadas no ano passado, como suspensão de contratos e linhas de crédito subsidiadas, não estão mais disponíveis. Por isso, mais do que nunca é preciso focar em planejamento.

“É preciso ter uma visão geral do negócio, ficar em cima do caixa, enxugando o que é possível enxugar, ajustando o estoque para esse momento e concentrar esforços no que tem mais giro”.

Ele pondera que se o atendimento presencial não é possível, não há outro caminho a não ser usar a tecnologia para dar continuidade às operações. Neste sentido, é importante reforçar os canais de venda e de atendimento digitais, ter uma comunicação eficiente e clara pelas redes sociais, além de viabilizar outros meios para entrega seja delivery; aplicativos ou drive-thru.

“Mas para que isso dê certo, como cada segmento tem a sua particularidade, é fundamental ter um bom conhecimento do seu mercado consumidor porque nenhuma empresa sobrevive sem faturamento. É hora de olhar para o seu cadastro, ver os hábitos de compras dos seus clientes e encontrar formas de chegar até eles, despertar o interesse em consumir com estratégias personalizadas”.

A consultora Alessandra Negrão acrescenta que hoje existem várias ferramentas de vendas com baixo ou nenhum custo, como o whatsapp business, que além de canal de atendimento, possibilita que o empreendedor disponibilize um catálogo de produtos ou serviços. Outra alternativa é se associar a alguma plataforma de marketplace que tenha relação com seu produto e assim ter acesso a um público maior de vendas. Mas alerta que é preciso usar essas ferramentas de forma eficiente.

“Um erro muito comum, por exemplo, é deixar o cliente esperando e isso pode ser crucial para a venda. Quando estiver offline, aproveite o recurso de resposta de ausência para que, pelo menos, a pessoa saiba que a mensagem foi recebida corretamente e será respondida na primeira oportunidade”.

Ela explica que para quem é do setor de serviços, a saída vai exigir ainda mais criatividade. Um personal trainer, exemplifica, pode começar a trabalhar em pacotes de consultoria online para que a pessoa possa malhar em casa ou passar a alugar seus equipamentos. “É claro que, na maioria dos casos, essas medidas não vão implicar em ganho de faturamento, mas podem ajudar a minimizar a perda na renda neste período mais crítico”.

O advogado especialista em direito empresarial, Rafael Almeida, do escritório de Advocacia Almeida Abreu, reforça que tem acompanhado de perto as inúmeras dificuldades dos setores e diz que o cenário é caótico para muitas empresas. “Muitos, infelizmente, não conseguirão retornar às atividades daqui a 14 dias ou, provavelmente, 30 dias, caso o decreto seja prorrogado, uma vez que a previsão para o pico da pandemia ainda é no final de março”.

Ele explica que diante desse quadro uma das orientações para quem desenvolve atividades em imóveis locados é tentar uma renegociação ou mesmo avaliar a possibilidade de ingressar com ações para que não venham futuramente a ser despejados. “Já que para esse novo lockdown ainda não tem nenhuma previsão legal de suspensão das ações de cobrança e despejo”.

O especialista também lembra que a nova lei de Recuperações Judiciais, a Lei 14.112, que entrou em vigor em janeiro, possibilita, por exemplo, que antes mesmo de entrar em recuperação judicial, uma empresa requeira uma medida cautelar para suspensão de todas as cobranças efetivadas e a empresa terá 60 dias para promover suas negociações, levando ao juiz da Recuperação Judicial nesse momento um pedido de homologação de um acordo.

“Caso não consiga nesses 60 dias um acordo, aí sim deverá ingressar, de fato, com o seu pedido de recuperação judicial. Essa é uma forma jurídica que empresas que estão em dificuldade ou passarão por certa dificuldade agora em 2021, certamente, se socorrerão antes de entrar com um pedido imediato de recuperação judicial”..

 

Confira algumas dicas para não sucumbir à crise

Planejamento
Para poder traçar estratégias específicas para atravessar esse momento mais crítico de lockdown é fundamental ter domínio sobre a real situação da empresa, o quanto entra de receitas e despesas, identificar eventuais gargalos na operação e ver o quanto é possível dispor para manter o negócio funcionando nas próximas semanas.

Controle de Despesas
Quando o faturamento é reduzido ou mesmo zerado temporariamente é necessário fazer os ajustes nas despesas, reduzindo ou cortando aqueles que forem possíveis, pelo menos por um período.

Atenção ao estoque
Fazer uma revisão mais completa do estoque, ajustar a demanda a nova realidade ou mesmo reorganizar a arrumação dos produtos dentro das lojas é determinante para reduzir as perdas no período e ganhar maior fôlego na reabertura.

Invista no digital
Uma das principais lições da primeira onda da pandemia é que a digitalização ajudou muitas empresas a minimizar danos. Agora não será diferente. Invista nos canais digitais, em aperfeiçoar a comunicação com cliente e em ferramentas que ajudem a viabilizar a logística de entrega dos produtos

Medidas de socorro
O ‘colchão’ das medidas emergenciais não é o mesmo do ano passado, mas algumas ações ainda são possíveis. O Governo Federal, por exemplo, ainda está com prazo para renegociação de tributos federais. E o Governo do Ceará lançou pacotes específicos para alguns setores como eventos, bares e restaurantes. Vale avaliar o que é possível de ser feito.

Renegocie dívidas

O atual cenário favorece a renegociação de contratos. É possível negociar débitos com aluguel, bancos, contas de energia, água, empresas terceirizadas. Mas é importante avaliar se as novas condições caberão dentro do planejamento.

Inovação

Veja o que está acontecendo com o seu mercado, analise tendências, pesquise novos produtos, avalie o que é possível diversificar dentro do seu mix de negócios. Ainda que não seja possível implementar de imediato, quando a economia retomar, a empresa já estará em vantagem.

Invista em capacitação

Aproveite o período de movimento mais fraco para fazer capacitações que possam resultar em melhorias na operação. 

Fonte:Entrevistados

 

O que você achou desse conteúdo?