O Governo do Ceará quer captar para o Porto do Pecém a movimentação de 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados anual que o Consórcio Santa Quitéria – formado pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e a Galvani Fertilizantes – negocia com a Companhia Docas do Ceará, administradora do Porto do Mucuripe, em Fortaleza.
O objetivo é fortalecer o projeto de hub de fertilizantes no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, segundo contou com exclusividade ao O POVO, Sérgio Araújo, coordenador de Atração de Investimentos Industriais Estruturantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet).
A ideia do novo hub surgiu a partir do hub de hidrogênio verde, o qual estima a produção de até 20 mil toneladas de amônia para o processo de transporte. A possível chegada de fertilizantes a base de fosfato produzidos no Ceará, então, traz mais variedade e mais poder econômico em um segmento que tem preocupado o Brasil após a invasão da Rússia pela Ucrânia – uma vez que o país invasor é um dos principais exportadores de fertilizantes para os produtores brasileiros.
Sem mencionar os R$ 85 milhões projetados pelo consórcio para a construção de uma área do Mucuripe dedicada exclusivamente para a movimentação das cargas vindas da Mina de Itataia, onde é prevista a exploração dos minérios, Araújo acredita que o Pecém pode oferecer custos menores ao consórcio.
“Eles querem fazer parte dessa movimentação por esteira. O Pecém tem uma esteira enorme e não requer tanto investimento. Agora, tem todo um processo entre Itataia e o Porto do Mucuripe e eu não sei como vai ser esse acesso. Eu já pedi uma reunião com esse grupo para entender o projeto. São negócios e, obviamente, se o complexo do Pecém tiver uma infraestrutura menor de custos, vai ser mais interessante para eles”, afirmou ao O POVO durante a Intersolar Summit Brasil Nordeste 2022, que aconteceu na última semana no Centro de Eventos.
As empresas que formam o Consórcio conduzem tratativas com os portos paralelo ao processo de licenciamento ambiental. O aceite do projeto pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) movimentou esses bastidores e as empresas revelaram os planos de investimento para garantir as saídas das cargas de fertilizantes pelo Mucuripe e de urânio via Pecém (apenas quatro no ano, enviadas para o exterior).
Já o Governo do Estado, apesar do interesse em captar mais um investimento, já afirmou que a construção de uma adutora e uma rodovia para atender as demandas de exploração do minério só terão início após a aprovação total do projeto pelos órgãos ambientais.
Tratativas
Enquanto isso, após o aceite do projeto pelo Ibama, as empresas deram início a negociações paralelas para garantir a movimentação das cargas