O polo de produção agrícola da Serra da Ibiapaba segue em evolução no Ceará e já representa 44,3% do resultado estadual. O levantamento da Secretaria Executiva do Agronegócio do Governo do Ceará foi repassado ao O POVO em primeira mão.
A área, considerada como a "joia" do agronegócio cearense, é destaque na produção de flores, frutas e hortaliças de alto valor agregado e de mão de obra intensiva. Parte do espaço, no entanto, é alvo de disputa na Justiça em litígio envolvendo o Piauí e o Ceará.
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Na Ação Cível Originária (ACO) 1831, áreas de municípios cearenses de Ibiapaba são pleiteadas pelo estado do Piauí. A ACO tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
O litígio tem o potencial de impactar significativamente o Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará. Conforme o titular da Secretaria Executiva do Agronegócio, Silvio Carlos Ribeiro, a região de Ibiapaba responde por mais de 30% do valor de produção da agricultura cearense.
Silvio explica que as condições climáticas favorecem as culturas de maior valor agregado. "A agricultura na Ibiapaba está crescendo e vai crescer ainda mais por conta dos investimentos que estão sendo feitos, como o da Itaueira".
As produções em estufa acabam demandando também menor uso de água e quantidade maior de pessoas envolvidas no trabalho manual, gerando mais empregos.
"Diferentemente do Sudeste e Centro Oeste, o Ceará tem como foco as grandiosas produções de soja e milho. Mas nas frutas, hortaliças, flores, mel e culturas nobres. Então, a Ibiapaba é uma região de grande importância para o Ceará", completa.
Outro levantamento recente, divulgado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), revela que a participação da Grande Fortaleza no PIB cearense caiu na última década.
Em 2010, respondia por 65,45%, mas ao fim de 2020 caiu para 61,77%. Já a participação do Interior (no conjunto de suas 13 regiões de planejamento no Estado) representavam em 2010 por 34,56% do PIB, mas em 2020 esse percentual chegou a 38,23%.
E a Serra da Ibiapaba foi uma das regiões que teve um salto. Na análise da evolução da estrutura produtiva por região, ainda de acordo com o Ipece, a Serra da Ibiapaba foi a segunda que registrou maior ganho de participação de 2002 a 2020, com crescimento de 0,92 ponto percentual, atrás somente do Cariri (+0,96 p.p.). O PIB per capita ainda saltou mais de 600% entre 2002 e 2020.
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Para o economista Wandemberg Almeida, do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), após tamanho avanço econômico e social nos últimos anos, perder territórios nesta região seria um baque para o Estado.
Para a região, há ainda a possibilidade de que essa indefinição iniba investimentos, avalia o economista. A incerteza sobre a continuidade de investimentos em infraestrutura e condições para investimentos em negócios são pontos citados.
"É importante começar a analisar esses dados que demonstram uma crescente ao longo dos últimos anos. A Ibiapaba tem um poder econômico muito forte, contribui significativamente para economia do Estado e consegue fazer um efeito de transbordamento para outros municípios, enriquecendo a região toda", aponta.
Principais polos de produção do Ceará
> Polo Ibiapaba: 44,3%
> Polo Baixo Jaguaribe: 15,4%
> Polo Paraipaba/Metropolitano: 12,2%
> Polo Baixo Acaraú: 11,9%
> Polo Cariri: 10,3%
> Polo Centro Sul: 5,9%
Fonte: SDE