A usina de produção de biometano GNR Fortaleza recebeu aporte de R$ 800 mil para inaugurar um sistema que permite ampliar o acesso do combustível na rede de gás natural da Companhia de Gás do Ceará (Cegás). A permissão para testes foi dada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) após dois anos de espera.
Na prática, a inauguração do novo sistema permite o enriquecimento da mistura do biometano com o gás natural na rede da Cegás. Todo sistema é automatizado com análise em tempo real.
A mudança ocorre após a Cegás determinar que antes de chegar à rede, todo biometano seja misturado ao gás natural de petróleo antes de ser distribuído aos consumidores.
Com os testes, todo biometano e o gás natural da Cegás misturados são monitorados antes de entrarem na rede.
Thales Motta, diretor da usina de biometano GNR Fortaleza, destaca que o pedido à ANP garante que a alteração garantirá o pleno abastecimento dos consumidores sem qualquer efeito nocivo.
"Isso vai significar também uma ampliação de aproximadamente no mínimo em 20% porque estamos fazendo uma mudança na rede para que forneçamos um biometano com menor poder calorífico, que mistura ao gás natural seja distribuído ao consumidor final dentro dos parâmetros de qualidade", afirma.
Thales explica que o gás natural proveniente de fontes fósseis e o biometano possuem uma diferença de até 15% em poder calorífico e o ajuste feito agora permite parear esse cenário, aumentando ainda a captação de metano do Aterro Sanitário da Região Metropolitana de Fortaleza, localizado em Caucaia.
Isso deve permitir que a pegada de carbono do empreendimento seja reafirmada e a operação da usina seja ainda mais eficiente. "Aumentamos a escala de produção de biogás no Brasil. Aumenta a produtividade, aqui são 100 hectares de aterro, então é impossível captar todas as moléculas de biometano (30% escapavam) e a partir desse esforço esperamos reduzir essa perda".
Em 2023, a produção de biometano da GNR Fortaleza alcançou a média de 85 mil metros cúbicos (m³) por dia, atendendo entre 15% e 20% da demanda da Cegás. Esse percentual é um dos mais relevantes do mundo quando se refere à introdução de biogás na rede de gás natural.
O diretor presidente da Cegás, Miguel Nery, destaca que, além da geração de energia, esse processo também evita que mais de 610 toneladas de CO² sejam lançadas na atmosfera anualmente, equivalentes à retirada diária de mais de 800 mil litros de diesel do setor de transportes.
Miguel destaca ainda que a introdução de biogás deve ser ampliada nos próximos anos, conforme previsto no planejamento estratégico da empresa. Ele aponta que essa expansão deve começar por cidades populosas com aterros sanitários, como Sobral e Limoeiro do Norte, além de citar a região do Cariri.
Quem também acompanhou a solenidade foi o presidente do conselho de administração da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), Luiz Gavazza, e uma comitiva de presidentes de distribuidoras de gás estaduais de estados nordestinos.
Os executivos cumpriram agenda de reuniões de evento do Consórcio Nordeste relacionado a energia, em Fortaleza, e aproveitaram a oportunidade para troca de informações com a experiência cearense de injeção de biometano.
Luiz destaca o pioneirismo do Ceará e seu esforço na evolução dessa indústria. "Estamos diante de um momento histórico. A possibilidade de uma mistura com maior quantidade de biometano levará a uma redução da emissão de carbono do gás natural que chega aos clientes".
DINAMARCA
Se no Ceará a injeção de biometano na rede de gás natural da Cegás varia entre 15% e 20% do total distribuído, na Dinamarca existe a principal experiência neste quesito, em que uma usina faz com que o biometano represente 25% do volume de gás natural distribuído no país. A média mundial (nos países em que há experiência) é de 5% de injeção.
AMPLIAÇÃO
Segundo a diretoria da GNR Fortaleza, a expectativa é de que em até quatro anos a capacidade de produção de biometano alcance
130 mil m³ por dia.