O número de mulheres aplicando na Bolsa de Valores do Brasil (B3) deu um salto nos últimos cinco anos. De acordo com a B3, mais de 1 milhão de novas investidoras estão no mercado de capitais. E o grande diferencial desse público tem sido no valor aportado.
Nacionalmente, o primeiro investimento das mulheres gira em torno de R$ 167, enquanto dos homens atinge em média R$ 62.
Segundo os dados da B3, no Ceará, as 29.664 investidoras têm atualmente R$ 2,06 bilhões aplicados, enquanto os 104.843 investidores homens têm outros R$ 6,56 bilhões em aplicações.
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Portanto, as mulheres têm aplicado, em média, R$ 69,4 mil por CPF cadastrado, enquanto os homens, neste mesmo recorte, possuem R$ 62,5 mil.
O montante aplicado pelas mulheres é aproximadamente 10% maior quando analisado proporcionalmente à quantidade de investidores homens.
A realidade cearense dialoga com o observado a nível nacional, conforme a pesquisa inédita feita pela B3. O saldo médio investido entre as mulheres no ano em que entram na Bolsa é de R$ 26 mil, quase três vezes maior do que o dos homens (R$ 9,8 mil).
Para a economista especialista nas áreas financeira e comportamental e colunista do OP+, Desirée Mota, esse movimento se deve à democratização do acesso aos produtos de investimentos e ao melhor preparo para buscar esses produtos.
Esse preparo, destaca, está relacionado a outros dados que revelam o maior aptidão de mulheres aos conceitos da educação financeira. Um levantamento de 2022 da Acordo Certo apontou que, ainda que ganhem menos em relação aos homens, as mulheres são mais assertivas e cuidadosas com o dinheiro.
Os dados apontaram que, entre os que assumiram que gastavam mais do que deviam, 48% eram mulheres, enquanto 53% eram homens.
Outro levantamento, da fintech N26, de 2023, aponta que as mulheres têm mais controle financeiro do que os homens, poupando 30% mais.
Desirée destaca que a mulher ser responsável pelas contas da família parte de necessidade básica, até pela grande proporção de líderes familiares, então o interesse da mulher num momento de expansão da educação financeira foi natural.
"A educação possibilita com que a família tenha uma segurança maior, para a realização dos sonhos. A mulher foi se qualificando, primeiro partindo das finanças do lar e agora avançaram, na conquista pela independência, partindo para a renda viariável", pontua.
A economista destaca outro ponto: visão de longo prazo. Na avaliação de Desirée, os dados mostram que um perfil jovem e atento às novidades tem ampliado sua participação. Segundo a B3, a maior parte das mulheres que investem em renda variável estão na faixa entre 25 e 39 anos (46%), seguida pela faixa dos 40 a 59 anos (34%).
Nos últimos 5 anos, a faixa etária que mais cresceu percentualmente foi a de 18 a 24 anos. Eram 4,4 mil investidoras em 2018 e hoje são mais de 85,7 mil mulheres.
"A poupança sempre foi a principal opção de investimento dos brasileiros, mas não tem uma rentabilidade favorável, muitas vezes abaixo da inflação. Então, as mulheres estão observando que vale a pena arriscar um pouco mais para ter uma rentabilidade maior", afirma.
Recorte
A faixa etária que mais cresceu percentualmente foi a de 18 a 24 anos, em 5 anos. Eram 4,4 mil investidoras em 2018 e hoje são mais de 85,7 mil mulheres