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Apesar dos entraves, cronograma de projetos no CE está mantido, diz diretor da Qair
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Apesar dos entraves, cronograma de projetos no CE está mantido, diz diretor da Qair

| SUSTENTABILIDADE | Executivo afirma ainda que processo de transição energético é irreversível e fontes renováveis são fundamentais para enfrentar mudanças climáticas
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Gustavo Silva é diretor de operações da Qair Brasil (Foto: João Filho Tavares)
Foto: João Filho Tavares Gustavo Silva é diretor de operações da Qair Brasil

O diretor de operações da Qair Brasil, Gustavo Silva, assegurou que os projetos para a construção das plantas de hidrogênio verde H2’ Fraternité e H2’Liberté, ambas na Zona de Processamento de Exportações (ZPE) do Ceará (no Complexo Industrial e Portuário do Pecém), e de uma usina eólica offshore (construída no mar) no município de Acaraú seguem cronograma previsto pela empresa.

Gustavo negou que tenha havido mudanças no planejamento da construção desses equipamentos por conta dos desafios relacionados à formação de um mercado interno e externo para o hidrogênio verde (H2V) e à questão das regulamentações desse combustível, bem como da construção de usinas eólicas offshore, embora tenha admitido que a empresa está monitorando tais movimentos. Para ele, a transição energética é um processo irreversível.

“É irreversível porque o ser humano não tem condição de parar. Se o aquecimento global continuar do jeito que está, a gente vai condenar à morte o mundo em poucos séculos. Porque com (a temperatura média do planeta) 1,5º C acima da referência pré-industrial, como aconteceu no ano passado, já tivemos as consequências que tivemos, imagine o mundo aquecendo 4ºC? Tem estudos que apontam que mais de 65% de toda a vida no planeta acaba. É um caos”, enfatizou.

A declaração ocorre em meio a um cenário de incertezas no setor em razão das recentes negativas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para conexão de projetos de hidrogênio verde ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Até o momento, três projetos tiveram o acesso negado: Fortescue (CE), Casa dos Ventos (CE) e Solatio (PI). A alegação da reguladora é de que o descompasso entre oferta e demanda de energia pode sobrecarregar o sistema.

O executivo também disse que as incertezas causadas pela guerra comercial travada entre Estados Unidos e China e pela política de valorização dos combustíveis fósseis adotada pelo presidente norte-americano Donald Trump podem reduzir a velocidade da transição, mas não pará-la.

“Houve um momento, principalmente no pós-pandemia e no início da guerra da Ucrânia, que todo mundo achava que a agenda da transição energética ia desaparecer. Pelo contrário, a Europa colocou essa agenda e continuou implementando o plano dela de descarbonização”, lembrou.

Sobre os projetos da Qair Brasil, subsidiária da multinacional francesa Qair Group no País, Gustavo Silva destaca como mais avançados o da planta de hidrogênio verde H2’ Fraternité, com capacidade instalada de 280 MW, e o projeto de energia eólica offshore em Acaraú, com capacidade de geração de 1,21 GW de energia e investimentos previstos de US$ 3 bilhões (ou cerca de R$ 17 bilhões).

“Nós temos um projeto offshore mais avançado em Acaraú. Aliás, o único projeto do tipo que tem estudo baseado em dados primários é o nosso. Porque esse projeto offshore é uma das bases energéticas da nossa planta de hidrogênio”, enfatizou o diretor de operações da Qair Brasil, referindo-se à H2’Liberté, prevista para entrar em operação na década de 2030.

“Lá naquele sistema a gente entende que não é possível utilizar uma solução em que você não injete a energia porque sem isso não se consegue atender esses recursos externos que hoje são exigidos para esse tipo de carga. Lembrando que o nosso projeto (H2’ Liberté) é de 2,2 GW”, pontuou.

Ainda falando sobre o projeto de energia eólica offshore, cuja lei do marco regulatório foi sancionada em janeiro deste ano, Gustavo lembrou que regulamentações complementares ainda precisam ser aprovadas para que esse tipo de equipamento possa operar no País.

“O desenvolvimento de um projeto offshore leva em consideração que ele é no mar e exige tecnologias que você não tem aqui. Nós temos esse projeto há quatro anos e estamos esperando que saiam essas regulamentações que estão paradas”, disse.

Já com relação às plantas de H2V, Gustavo reitera que elas serão construídas em etapas, com a de menor porte, a H2’ Fraternité sendo construída ainda nesta década a H2’ Liberté ficando para a década seguinte.

“Não há projetos de 1GW no mundo. O investimento da planta grande, a H2’Liberté, de 2,2 GW, é de R$ 20 bilhões, mas a gente começa pela H2’Fraternité, de 280 MW”, concluiu.

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