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Natura assume compromisso de se tornar 100% regenerativa
Economia

Natura assume compromisso de se tornar 100% regenerativa

| VIsão 2050 | A multinacional de cosméticos amplia as ambições socioambientais pelos próximos 25 anos
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JOÃO Paulo Ferreira diz que o compromisso da empresa é gerar um valor para sociedade maior que o financeiro (Foto: Leandro Santos/Divulgação Natura)
Foto: Leandro Santos/Divulgação Natura JOÃO Paulo Ferreira diz que o compromisso da empresa é gerar um valor para sociedade maior que o financeiro

"É possível sim você transformar desafios socioambientais em oportunidades de negócio", a fala é da Ana Costa, vice-presidente de Sustentabilidade, Jurídico e Comunicação da Natura. Ana abriu o evento, em São Paulo, no último dia 4, em que a multinacional de cosméticos, produtos de beleza, higiene e cuidado pessoal anunciou uma nova visão de sustentabilidade: a regeneração.

A proposta apresentada também pelo CEO da Natura, João Paulo Ferreira, é o compromisso empresarial de até 2050 ser uma empresa 100% regenerativa. O objetivo é gerar um valor para a sociedade maior do que o resultado financeiro.

A estratégia é que "cada processo irá alimentar a natureza, as comunidades humanas e as relações entre elas, numa dinâmica de enriquecimento mútuo".

A diretora de sustentabilidade e regeneração da Natura, Angela Pinhati, traduz o que foi batizado de Visão 2050 como "tomar decisões alinhadas com a vida. A vida está no centro das decisões, no entorno, a natureza".

Regeneração vai além da sustentabilidade

A terminologia regenerativa é uma novidade no meio empresarial e vai além da sustentabilidade tradicional.

A Natura, a primeira companhia de capital aberto a receber a certificação de Empresa B pelo B Lab, organização internacional que atesta negócios que combinam lucro e impacto socioambiental positivo ainda em 2014, aposta no conceito que, para além de reduzir impactos negativos, é "necessário curar, restaurar, regenerar".

Jéssica Silva, co-CEO do Sistema B Brasil, avança na definição de empresa regenerativa. "As empresas, por muito tempo, não entenderam essa responsabilidade de regenerar. Ainda temos muito o conceito da empresa que naturaliza extrativar os recursos, sejam eles naturais, humanos, de vários outros aspectos. Quando falamos sobre a regeneração e trazemos ela para o ambiente do negócio, que é uma palavra da biologia, estamos começando a integrar essa função que a empresa tem que ter na sociedade, no ambiente que ela está ali colocada", analisa.

A Visão 2050 atualiza as metas de 2030 da Natura em relação aos produtos, fornecedores, colaboradores, rede de venda por relações, marcas e investidores. A Natura reforça o compromisso de quantificar o valor da vida.

Para isso, adota no dia a dia dos negócios o iP&L (Integrated Profit and Loss) que reconhece, além do desempenho financeiro (capital produzido), três fluxos de valor que movem um negócio: o capital natural, o capital social e o capital humano.

O documento de mais de 60 páginas sobre a Visão 2050 da Natura esclarece que o iP&L, ao atribuir valor monetário a esses impactos, permite que a empresa tome decisões mais equilibradas entre a geração de resultados financeiros e a geração de valor para a humanidade e para o planeta.

Entenda o que muda

Na prática, “é uma governança que rege todo o ecossistema do negócio. Se eu invisto, tudo aquilo que eu invisto, o que eu gero de retorno? Tudo aquilo que eu ganho de receita, o que eu gero de retorno para a sociedade? De cada R$ 1 de lucro hoje, temos R$ 2,5 de impacto positivo. A gente espera chegar em R$ 4 de impacto positivo para cada R$ 1 de lucro até 2030.

Esse é o motor e é a maneira como a gente fez para criar pontes para que tudo se interligue através de uma medição que se chama Integrated Profit and Loss”, explica Ana Costa.

Nesse caminhar, uma das ambições para 2050 é ter a Amazônia reconhecida como polo de geração de riqueza, inovação e tecnologia, e a experiência da Natura na região contribuir para fomentar novas economias aliadas ao desenvolvimento da população e à proteção da floresta. “Mas isso não quer dizer que a gente não olhe para outras regiões. 

Tudo é muito linkado com processos de inovação, dependendo do tipo de bioativo que buscamos. Então, por exemplo, temos o babaçu, a cera de carnaúba, que é mais do Nordeste do que da Amazônia. Mas, preferencialmente, direcionamos todas as nossas inovações com foco na Amazônia, porque é o bioma mais rico do mundo e também hoje me permite ter clareza da potência que conseguimos transformar as comunidades, da quantidade de atuação que eu consigo preservar de floresta em pé”, resume Angela
Pinhati.

Para essa caminhada, a Natura define dois marcos fundamentais: até 2030 incorporar todas as metas do “compromisso com a vida” e 2050, quando a empresa espera estar sistematicamente transformada. São nove temas: marcas, produtos, serviços, relações com colaboradores, relações com fornecedores, relações com as amazônias, vendas por relações, relações com acionistas e investidores e relações para mudanças sistêmicas.

Alguns processos regenerativos já são uma realidade. Há embalagens que removem resíduos do planeta, como as tampas de Kaiak Oceano que são feitas com plástico retirado do litoral, o que gera renda para catadores. Há matérias-primas provenientes de sistemas agroflorestais, redução da quantidade de água nas fórmulas do Ekos Concentrado de Castanha. Ao todo são sete processos já implantados com a meta de em 2025 ter o sistema de simbiose industrial para reaproveitar os resíduos da operação em outros
processos.

Toda essa estratégia é um convite. A Natura convoca comunidades e capta financiamento do IFC (Corporação Financeira Internacional) instituição do Banco Mundial focada em inclusão e sustentabilidade de empresas privadas.

“Queremos escalar e multiplicar. Eu falo que é a collab do bem, você precisa criar parcerias e pontes de discussão, de diálogo que mostrem que o valor econômico é importante no final do dia para todo o ecossistema. É isso que faz valer a pena a gente ter uma visão, porque a gente não vai fazer isso sozinho”, reflete Ana Costa. 

*A jornalista viajou a convite da Natura

 

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Números da Natura

História
Fundada em 1969 no Brasil, a Natura é uma multinacional multimarcas e multicanal
líder no setor de cosméticos, produtos de beleza, higiene e cuidado pessoal na América
Latina.


+de 14.000 pessoas

São mais de 14.000 pessoas na força de trabalho, espalhadas em 14 países na América
Latina e duas operações comerciais, nos EUA e na França

+de 3 milhões

São mais de 3 milhões de consultoras de beleza, espalhadas em toda América Latina.

+de 1.000 lojas
Entre lojas próprias e franquias espalhadas pela América Latina

Impacto

Desde 2007, é carbono neutro – compensa todas as suas emissões de gases de efeito
estufa. Também não realiza testes de produtos em animais

*Fonte: Documento Visão 2025-2050 – Caminhos para a regeneração


 

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