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Ceará é o 2º estado do País que mais sofreu com cortes na geração de energia eólica
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Economia

Ceará é o 2º estado do País que mais sofreu com cortes na geração de energia eólica

Em outubro, quando o Brasil teve recorde no curtailment, as usinas eólicas localizadas em cidades cearenses tiveram 36,53% de corte na geração esperada para o mês
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Maior perda do Ceará está nas usinas eólicas (Foto: Fabio Lima)
Foto: Fabio Lima Maior perda do Ceará está nas usinas eólicas

No mês em que o Brasil deixou de colocar o potencial de uma Itaipu ou uma Belo Monte em operação devido aos cortes programados na geração de energia - prática conhecida internacionalmente como curtailment -, o Ceará foi o 2º estado do País mais impactado quando se observam os dados de eólicas.

Ao todo, 36,53% da geração esperada nos parques localizados em cidades cearenses não foi produzida em outubro de 2025, segundo revelou o estudo da consultoria Volt Robotics. Hoje, são 163 empreendimentos do tipo em operação no Estado.

Mas o Rio Grande do Norte foi o principal penalizado com o curtailment no mês passado, quando 44,76% da energia eólica esperada das 371 usinas solares em operação nos municípios potiguares não foi gerada. Veja o ranking completo:

Corte de geração eólica esperada

  • RN: 44,76%
  • CE: 36,53%
  • PI: 20,72%
  • PE: 19,24%
  • PB: 17,53%
  • RS: 8,56%
  • SC: 7,17%
  • MA: 6,46%

Quando o comparativo tem a fonte fotovoltaica analisada, o Ceará continua entre os impactados pelos cortes programados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) - ainda que entre os de menor percentual.

No ranking liderado pela Bahia, as 454 usinas solares localizadas nas cidades cearenses tiveram 29,38% da geração esperada para outubro não produzida devido ao curtailment. Confira o ranking completo:

Corte de geração fotovoltaica esperada

  • BA: 40,29%
  • PE: 39,47%
  • MG: 30,82%
  • RN: 30,38%
  • CE: 29,38%
  • PB: 27,14%
  • SP: 18,64%

Cortes deixam mais de uma Itaipu sem gerar energia

Implementada após o diagnóstico de que a rede de transmissão não suporta toda a energia gerada pelos parques conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e a injeção causaria apagões no País, a prática do curtailment impõe um volume de energia superior em 75% à garantia física da hidrelétrica de Belo Monte.

Donato da Silva Filho, CEO da Volt explica que foram impedidos de entrar no sistema um total de 8 mil megawatts médios (MWm) em todo o mês de outubro. É a maior quantidade de energia já computada nas interrupções programadas de geração e o terceiro recorde seguido apenas em 2025.

“É como se a gente pegasse a parte brasileira inteira de Itaipu, deixasse desligada e fosse na parte paraguaia e desligasse 25% dela. Essa é a dimensão que a gente tá tendo do corte”, comparou.

Itaipu, acrescentou, possui 4.588 MWm de garantia física, enquanto Belo Monte tem 4.571 MWm.

MP traz senso de urgência para o setor

“É insustentável essa sequência de recordes que a gente está batendo e as usinas realmente tendo que viver com uma receita aí muito aquém da necessária para honrar todos os seus compromissos. Então, esse senso de urgência acabou aparecendo na MP (medida provisória 1304)”, observou o CEO da Volt.

Os cálculos feitos pela consultoria para as perdas financeiras dos geradores entre setembro de 2023 e outubro de 2025 chegam a R$ 7,9 bilhões, mas a MP indica que a compensação deve ser apenas de cortes externos ao parque. Ou seja, de ocorrências na rede, que chega a um valor de R$ 4,7 bilhões.

Aprovado no Congresso, o texto traz soluções para diversos gargalos do setor elétrico e aguarda a análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ainda não assegurou se publica a MP na íntegra no Diário Oficial da União ou se veta algumas partes.

O principal ponto de atenção do setor diz respeito ao ressarcimento das perdas pelas interrupções na geração. Neste caso, Donato explica que a MP 1304 propõe um ressarcimento para os que tiveram origem externa à usina, ou seja, cortes por razão elétrica e por confiabilidade, independentemente do ambiente de contratação (mercado livre ou regulado) ou da modalidade de contratação (quantidade, disponibilidade, reserva).

No texto da MP há prazos que devem ser cumpridos pelo ONS e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre o diagnóstico de cada caso e incluem reparos retroativos. Além disso, a modulação do tipo de corte precisa ser definida pelo Ministério de Minas e Energia. Mas tudo ainda precisa da chancela presidencial.

Guia Econômico Especial - A Potência Energética do Ceará

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Ranking dos cortes

Corte de geração eólica esperada
RN: 44,76%
CE: 36,53%
PI: 20,72%
PE: 19,24%
PB: 17,53%
RS: 8,56%
SC: 7,17%
MA: 6,46%

Corte de geração fotovoltaica esperada
BA: 40,29%
PE: 39,47%
MG: 30,82%
RN: 30,38%
CE: 29,38%
PB: 27,14%
SP: 18,64%

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