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Os recados do julgamento de Bolsonaro
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Os recados do julgamento de Bolsonaro

O mais importante tenha sido a compreensão meridianamente clara de que o ex-presidente foi o articulador de uma tentativa de golpe de Estado
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Plenário do STF no primeiro dia do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete integrantes do chamado núcleo principal, acusado de tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes (Foto: Antonio Augusto/STF)
Foto: Antonio Augusto/STF Plenário do STF no primeiro dia do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete integrantes do chamado núcleo principal, acusado de tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes

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Da primeira semana de julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo, talvez o mais importante tenha sido a compreensão meridianamente clara de que o ex-presidente foi o articulador de uma tentativa de golpe de Estado, tese admitida direta ou indiretamente até por seus ex-ministros, entre os quais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, cujas defesas trataram de afastá-los da figura do capitão reformado.

Maior interessado numa virada de mesa ainda em 2022, o então mandatário mobilizou fardados e outros cupinchas para empacotar a quartelada em gestação com uma embalagem constitucional, que lhe permitiria matraquear que agia estritamente dentro das "quatro linhas", enquanto, naqueles meses cruciais do pós-eleição, atuava para se manter no poder, impedindo a posse do postulante eleito.

Esse é o plano que vai sendo exposto com riqueza de detalhes no STF, seja pela peça de acusação da PGR ou pelo relatório de Alexandre de Moraes, seja pela linha argumentativa dos demais alvos na ação penal 2668. A se crer no que atestam, então, Bolsonaro é culpado. Logo, deve ser condenado.

Trata-se de desfecho não apenas previsível, mas já precificado no mercado político, que começou a operar em ritmo vertiginoso, com movimentações escancaradas de transferência de capital de Bolsonaro para Tarcísio de Freitas (Republicanos), cotado para incorporar esse espólio.

Vê-lo arregaçando as mangas para fazer aprovar no Congresso uma anistia vergonhosa é apenas a confirmação de que o processo de substituição de nomes na urna está em pleno andamento. Naturalmente, há obstáculos no caminho do govenador de São Paulo.

Um deles é o custo eleitoral de sua conversão pública e radical ao bolsonarismo, que não aceita meios-termos. Outra dificuldade se dá no próprio campo da direita, no qual ele tem de enfrentar concorrentes na briga pela posição de candidato em 2026, tal como Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente e, pelo grau de filiação, também herdeiro.

 


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