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Grupo de médicos protesta contra visita de Bolsonaro
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Grupo de médicos protesta contra visita de Bolsonaro

Coletivo Rebento. Presidente chega hoje ao Ceará
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 Ato PROJETOU frases e imagens de protesto em vários bairros de Fortaleza (Foto: Divulgação/Coletivo Rebento)
Foto: Divulgação/Coletivo Rebento Ato PROJETOU frases e imagens de protesto em vários bairros de Fortaleza

O Coletivo Rebento - Médicos em Defesa da Ética, da Ciência e do SUS realizou na noite de ontem uma manifestação com projeções em prédios de diversos bairros de Fortaleza. O ato ocorreu na véspera da visita ao Ceará do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e visa demonstrar repúdio às ações e à condução do Governo Federal ante à crise sanitária da Covid-19.

As projeções ocorreram em bairros e locais como o Curió, a Aldeota (incluindo a Praça Portugal e a Praça da Imprensa), Edson Queiroz, Centro, Praia de Iracema e Benfica. "Quem despreza a vida não é bem-vindo ao Ceará" era uma das frases projetadas em diversos espaços da Capital. Além disso, houve destaque para a luta antirracista, antiviolência policial e por visibilidade aos excluídos, segundo os organizadores.

Em nota, o coletivo declara que os 52 mil óbitos pelo novo coronavírus colocam o Brasil como "vergonha, ameaça e preocupação mundial, sem ministro da Saúde há mais de um mês, sem a coordenação de ações que seria fundamental para reduzir os efeitos da pandemia no País".

“Enquanto tantos brasileiros são infectados, adoecem e morrem, o Governo Federal insiste diariamente em ações e declarações contrárias à saúde pública, pressionando pelo fim do isolamento social, pregando uma falsa escolha entre vidas ou empregos, minimizando os riscos da Covid-19, citada como "gripezinha", incitando a invasão e a filmagem de hospitais, tentando jogar parte da população contra os profissionais de saúde, os governadores e prefeitos que agem a favor de medidas necessárias e científicas de prevenção e combate à doença” afirma nota.

Na semana passada, o coletivo também realizou uma manifestação na Praia de Iracema, em homenagem às vítimas da Covid-19 e aos profissionais de saúde, além de crítica ao Governo Federal. Ambas as manifestações contaram propositadamente com poucas pessoas, em ambiente aberto e ventilado, e respeitaram os cuidados de distanciamento, higiene e prevenção.

Crítica a ações do Governo Federal sobre a pandemia

Segundo Leonardo Robson, um dos membros do coletivo, a manifestação busca passar mensagem "em defesa do SUS e contra as desigualdades sociais". Leonardo, que é médico ginecologista e obstetra, pontua que a situação do Brasil frente à pandemia de coronavírus tem relação com "o descaso do Governo Federal e as políticas públicas que não priorizam as minorias", adicionando que o presidente demonstra "falta de interesse em estabelecer uma política contra a disseminação do vírus" e "desprezo à gravidade das mortes". 

Outro médico presente ao protesto, o hematologista Paulo Roberto afirma que "uma parcela significativa" das mortes por Covid-19 seria evitável se o Governo Federal adotasse posicionamentos diferentes em relação à crise gerada pela pandemia. Para ele, as políticas públicas adotadas pela gestão de Bolsonaro não têm sido eficazes ou preocupadas em minimizar os dados da pandemia. As projeções, de acordo com Paulo, são maneiras de "invadir a cidade simbolicamente", e acontecem "de maneira ética, silenciosa e respeitosa"

Segundo Leonardo e Paulo, uma das pautas principais do coletivo, formado por profissionais de saúde, é a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). O grupo defende, também, a visibilidade às minorias, à justiça social, à ética, à ciência e à democracia.
 

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