À frente da penúltima reunião de secretariado antes do fim de dois mandatos como prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT) falou em tom de balanço. Nesse espírito, sobre a comparação entre seus oito anos e os da ex-prefeita e candidata Luizianne Lins (PT), respondeu: "Muito humildemente, é só olhar os indicadores".
Depois, pontuou: "É só perguntar à população, perguntar ao cidadão, que talvez dê a melhor resposta. Estou 'paz e amor', preocupado em terminar a gestão de bem com a cidade e de bem com o povo, de bem até com a oposição e os adversários, mas de olho no futuro dela".
No último dia do prazo para homologação de candidaturas, dia 16, Luizianne lançou um desafio a seu sucessor no Paço. Disse que nenhuma obra na capital cearense teria sido criada além daquelas que a sua gestão havia deixado concluídas, começado ou planejado.
Em seguida, a deputada federal, que concorre ao Paço pela quarta vez, traçou panorama do que considera seu legado e o cotejou ao de RC, com destaque para a rede de Cucas e a revitalização de festejos como Carnaval e Réveillon.
Questionado a respeito ontem, RC evitou responder. "Estou vacinado para as provocações da política", declarou. "Quero falar de bem, quero falar de presente e de futuro, quero respeitar quem está se colocando para ser candidato."
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Na sequência, porém, fez defesa de sua condução política e administrativa do Executivo municipal. "É só olhar os indicadores na educação, na saúde e em qualquer um", afirmou.
O prefeito citou então "número de leitos públicos, número de habitações populares, investimento em drenagem, percentual de investimento em cultura, em juventude". E prometeu: "A Prefeitura vai virar este ano sem dívidas e com R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão em caixa captado para obra e com planos em andamento".
Embora tenha dito que não trataria de política, mas de obras e calendário, RC relatou que, durante a campanha eleitoral na qual seu grupo tem José Sarto (PDT) como representante, vai "ficar de eleitor e militante torcendo pelo futuro da minha cidade".
Segundo ele, é importante evitar "o risco de haver algum tipo de instabilidade nas relações entre Prefeitura e Governo, o risco de não poder garantir que todos os direitos conquistados vão continuar".
A afirmação é crítica indireta ao deputado federal e adversário Capitão Wagner (Pros) na corrida de 2020, principal postulante da oposição e ligado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com quem o grupo do PDT costuma associá-lo.
Uma vitória de Wagner, sugeriu o pedetista, poderia abalar essa parceria entre o governador Camilo Santana (PT) e o grupo pedetista.
Um exemplo dessa dobradinha é a agenda conjunta entre os dois chefes de Executivo, que tem se intensificado nas semanas que antecedem ao início da campanha, como mostrou O POVO em reportagem recente.
A respeito do assunto, RC afirmou que Camilo e ele "têm andado juntos por Fortaleza por alguns anos" e que "naturalmente tem coincidido".
"A gente planeja uma gestão assim", continuou o prefeito, "inicia, prepara projeto, capta recurso e corre no último ano e meio para fazer a entrega. Tem muita entrega acontecendo, do Governo e da Prefeitura, e sempre que houver alguma obra de relevo da parceria, a gente vai estar lançando".
Perguntado se deve suspender essa agenda com Camilo durante o período de campanha, disse que não. "A agenda administrativa continua porque não planejo, durante a campanha, no horário comercial, estar envolvido em atos políticos", apontou.
E concluiu: "Planejo estar focado nas ações administrativas, vou estar administrando a cidade. Fora do horário, planejo estar andando na rua, como militante, correndo".