Pelo menos de vez em quando, o domingo do cearense costuma seguir uma velha receita: Praia, família, aquela cerveja ou caipirinha e.. bandeiraço eleitoral. Completando uma semana de campanha na rua, vários candidatos na disputa pela Prefeitura de Fortaleza seguiram a paixão local pelo litoral e buscaram votos em praias da Capital.
Quem começou mais cedo a agenda no sol foi o candidato do Psol, Renato Roseno, em bandeiraço com adesivaço. Concentrando militância no cruzamento entre a avenida Santos Dumont e a rua Otávio Lobo, o candidato aproveitou intervalo entre sinais fechados para conversar com eleitores e apresentar propostas.
"Aqui não tem ninguém contratado, são militantes e eu posso apontar para qualquer pessoa e dizer quem ela é: um professor, um secretário, um biólogo", disse, reclamando da desigualdade entre candidaturas em verbas ou tempo de TV. Ele criticou indiretamente o adversário Capitão Wagner (Pros), que foi visto circulando pelo Lagamar na sexta-feira passada com um colete à prova de balas por baixo da camisa. "Profundamente desrespeitoso".
O próprio Wagner teve agenda próxima da concentração do Psol, após largar em um bicicletaço do Parque do Cocó até a Praça Dom Hélder Câmara, na Praia do Futuro, às 9 horas. Destacando que irá apresentar propostas factíveis e positivas para a cidade no horário de rádio e TV, o candidato descartou ainda descontinuar ações bem avaliadas da atual gestão.
"Temos a consciência de que toda obra iniciada pela atual gestão nós temos que concluir. Todos os bons programas temos que dar continuidade", disse, entre um carro adesivado e outro. Ele destacou, no entanto, que existem muitos problemas a serem corrigidos na gestão e se defendeu ainda de críticas a respeito do colete à prova de balas, dizendo que agiu para se preservar pois tem recebido ameaças: "Se necessário for, usarei novamente (o colete)".
Acompanhado por um grupo de caratecas que apoiam sua candidatura, Wagner propôs também a criação de academias populares de artes marciais em praças e quadras esportivas de Fortaleza. "O futebol é a paixão dos brasileiros, mas precisamos oferecer alternativas".
Quem também aproveitou o domingo para ir à Praia do Futuro foi José Sarto (PDT), que chegou a mesma Praça Dom Hélder Câmara por volta de meio dia. Acompanhado do prefeito Roberto Cláudio (PDT) e do vice Élcio Batista (PSB), ele também adesivou carros de apoiadores e fez balanço dos sete dias de campanha de rua.
"Está sendo muito gratificante poder me apresentar para a cidade de Fortaleza e perceber, obedecendo todas as regras, ainda que de longe, o brilho no olho das pessoas, a esperança no coração. É estimulante para a gente andar por Fortaleza e receber esse olhar carinhoso, essa militância que entende o nosso projeto", afirma.
Roberto Cláudio também destacou que Sarto ainda não é conhecido da população, mas que o quadro mudará com o início da propaganda em televisão. "Antes da TV as pesquisas indicam mais o conhecimento do candidato, e nós temos quatro aí que já foram candidatos majoritários, então tem esse recall. Agora, o tempo de TV, tamanho da aliança, número de candidatos a vereador, tudo isso aumenta a mensagem do Sarto".
Mesmo com a rivalidade entre candidaturas, clima entre militantes de PDT e Pros no local era tranquilo, sem provocações ou agressões.
Em vez de fazer atos na praia como os três adversários, a candidata do PT Luizianne Lins esteve à tarde no João XXIII. Ouvindo demandas de moradores do bairro, a petista enfatizou propostas de incentivo ao microcrédito como forma de fomento à economia local.
"Quase 75% das famílias vivem com zero a dois salários mínimos, ou seja, é um dia após o outro, uma luta para empreender", disse Luizianne mencionando a pandemia como agravante das desigualdades sociais. Em vez de fazer atos na praia como os três adversários, a candidata do PT Luizianne Lins. (colaboraram Rose Serafim e Vítor Magalhães)
FIGURINO
Enquanto Capitão Wagner e Renato Roseno foram à praia de bermuda, José Sarto vestia uma calça jeans no ato de campanha litorâneo