Militantes lotaram a sede do Partido dos Trabalhadores (PT), ontem, para uma plenária repleta de palavras de ordem e discursos incendiários, de modo a convocar adeptos da legenda para o enfrentamento dos últimos dias de disputa à Prefeitura de Fortaleza.

Além da solidariedade prestada à candidata Luizianne Lins diante da ofensiva da campanha do postulante governista José Sarto (PDT), o tom das lideranças indica que a máxima do "bateu, levou" vai nortear os últimos dias da corrida ao Paço.

Ou seja, Luizianne vai travar o embate político até então evitado contra Sarto e grupo de Roberto Cláudio, Ciro e Cid Gomes, do qual ele faz parte.

A ex-prefeita, aliás, não foi à plenária de ontem por estar regravando vídeos de campanha. A estratégia inicialmente pensada para os materiais também será reorientada para que Luizianne responda ao que vem na direção dela.

Segunda pesquisa O POVO/Datafolha, divulgada na última quarta-feira, 28, mostrou Sarto em segundo lugar, com 22%, pela primeira vez à frente de Luizianne, que ficou em terceiro com 19% da preferência do eleitorado. Ambos estão empatados tecnicamente.

Nos dias que antecederam a disputa, a campanha do pedetista qualificou a ex-prefeita como a "pior do Brasil", por exemplo. A peça foi retirada por determinação da Justiça Eleitoral.

Por meio de um telão, por videoconferência, Luizianne disse aos militantes e correligionários ter sofrido nos últimos dias, inclusive no aspecto pessoal.

"É o Sarto que vai resolver o problema do povo?", ela perguntou aos apoiadores. "É o (Capitão) Wagner que vai resolver o problema do povo?", ela prosseguiu, em fala que alcançou o prefeito Roberto Cláudio.

"É esse prefeito que governou somente para a área nobre da Cidade e, sendo médico, acabou com as políticas sociais?", disparou a petista, para quem "se for necessário", conforme indicou ser, "nós vamos pra cima."

Ainda segundo Luizianne, o arsenal que vêm de Sarto e aliados são resultado de misoginia e machismo. "Esse povo tem dinheiro demais, estrutura demais, mas ao mesmo tempo eles são ocos demais", afirmou Luizianne, destacando o fato de que o adversário não expõe Ciro Gomes nas peças de campanha, enquanto ela disse ter o "maior orgulho" do ex-presidente Lula.

José Guimarães, coordenador de Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do PT, disse que suspendeu agenda no Interior porque o "cipoal de críticas" precisa ser respondido.

"A pesquisa é um dado do dia, não vamos levar em conta isso. (...) Nós temos que avermelhar essa Cidade e dizer que o 13 quer governar para todos, não só para um lado da Cidade."

Nos bastidores, um petista constatou a impressão que reina nas fileiras do PT. A essa altura, ele disse, o acordo que visava resguardar a relação entre os dois partidos, um desejo do governador Camilo Santana (PT), já não existe mais.

Para o deputado federal José Airton (PT), também presente ontem na plenária, o diálogo com o PDT para o segundo turno, seja lá quem avance, "infelizmente é difícil em função desses ataques." Na avaliação dele, cabe à correligionária "partir pra cima."

Sarto, por sua vez, segue apostando na retórica de qualificar a petista como um retrocesso para a Cidade e Wagner, como uma aposta no "escuro, no medo e na insegurança." Ontem, ele visitou bairro Vila Velha, além de percorrer os bairros Henrique Jorge, Jóquei Clube e Dom Lustosa em carreata.

A despeito dos ataques que dirigiu à adversária nos programas veiculados na televisão, o pedetista disse querer compartilhar "uma mensagem de respeito, de tolerância, de paz e de amor" e garantir avanços da gestão RC.

Neste sábado, a petista grava outros materiais de campanha para a televisão e redes sociais. Ela também sai em carreata a partir do João XXIII. Assim como Sarto. Ao fim da tarde, ele percorre o Jangurussu. Antes disso, visita o bairro Moura Brasil.