Mais de uma semana depois das declarações de Ciro Gomes (PDT) que elevaram a temperatura política no Ceará, deputados estaduais e federais do partido evitam manifestar preferência entre a governadora Izolda Cela e o ex-prefeito Roberto Cláudio para concorrer ao Governo em 2022.
Nas bancadas legislativas, parlamentares pedetistas afirmam publicamente não ter uma predileção por um dos nomes, acreditando que a legenda deve chegar a um consenso sobre o melhor representante para a disputa.
"Eu não tenho preferência, nem teria como ter. Acho os dois bons candidatos (Izolda e RC) e tenho boa relação com ambos", diz o deputado federal Eduardo Bismarck (PDT).
Para ele, "apesar das torcidas, o partido tende a se unir na campanha independente de quem seja candidato" e que, como "o PT indicou uma das vagas da chapa majoritária, que é o Camilo para senador, cabe ao PDT decidir internamente quem é candidato".
"Acho que o Camilo é o líder maior do PT, que é o partido coligado", responde Bismarck quando perguntado sobre o papel que o ex-governador deve ter no processo de escolha do candidato ao Abolição.
Também deputado federal, Robério Monteiro vai na mesma toada do colega de agremiação. "Não tenho preferência. Sou uma pessoa do projeto. Acho que os dois nomes são os melhores para governar o nosso estado", avalia, sem explicitar se há um que considera ter mais ou menos condições de entrar na disputa eleitoral.
Entre os federais do partido ouvidos pelo O POVO, a exceção é Idilvan Alencar, "abertamente a favor da Izolda". Com pauta ligada ao campo da educação, o parlamentar demonstra entusiasmo com a possibilidade de a atual chefe do Executivo e ex-secretária da Educação do Estado encabeçar a chapa para postular o Governo neste ano.
Na bancada de deputados estaduais predomina o mesmo ambiente político da federal. "Eu sigo as orientações partidárias. Os melhores quadros para continuação do nosso projeto são tanto Izolda como Roberto Cláudio", responde o trabalhista Sérgio Aguiar, para quem, no entanto, "o senador Cid seria o melhor para a disputa".
Nos bastidores, porém, os pedetistas na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) estariam mais alinhados com a posição do presidente da Casa, deputado Evandro Leitão (PDT), que já sinalizou apoio a uma possível continuidade de Izolda na gestão estadual.
Internamente, Leitão aparece mais empenhado na pré-candidatura à recondução para o mandato do que em uma entrada na briga pelo Governo. O deputado, contudo, segue como um dos potenciais candidatos da legenda, ao lado de Izolda, RC e do deputado federal Mauro Filho.
Ex-chefe de gabinete das gestões de RC à frente da Prefeitura de Fortaleza, o deputado estadual Queiroz Filho é ligado ao ex-prefeito. Evitando manifestar-se sobre um ou outro nome, o parlamentar faz defesa das posições de Ciro na legenda.
"É sempre importante lembrar da capacidade e da percepção que o Ciro tem de antecipar cenários. Por isso, quando faz essa lembrança do que está em curso, é bom dar ouvidos e entender o que está acontecendo com nosso Brasil, com a democracia que a gente tem, que é jovem e foi tantas vezes ameaçada", fala o deputado.
Na semana passada, em entrevista à Band News, Ciro criticou duramente o PT local e questionou a resistência que o partido do ex-presidente Lula vem tendo no Ceará em relação a Roberto Cláudio. No mesmo dia, em entrevista ao O POVO, o ex-governador Camilo Santana enfatizou que "não existe aliança nem projeto de um partido só", num recado tanto ao PT quanto ao PDT.