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A bola da vez é delas: o ano do futebol feminino no Ceará, no Brasil e no mundo
Reportagem

A bola da vez é delas: o ano do futebol feminino no Ceará, no Brasil e no mundo

Mudanças na seleção brasileira, estádio cheio para Estaduais e ativismo dentro e fora do campo marcaram o ano histórico para a modalidade no Brasil e no Mundo
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Os olhos cheios d'água de Janaína Santos refletiam as arquibancadas do Estádio Itaquerão com 28.862 pessoas para acompanhar a final do Paulista Feminino entre São Paulo e Corinthians, em novembro. A emoção da lateral-direita do São Paulo se repetia em muitos rostos, dentro e fora de campo. O estádio lotado, como nunca antes em um jogo de futebol feminino válido por um Estadual no País, é resultado de um ano em que a modalidade cresceu e se fortaleceu no Brasil e no mundo.

No âmbito internacional, o futebol feminino teve o auge na Copa do Mundo da França-2019. Segundo estudo divulgado pela Fifa, a Copa do Mundo Feminina, que ocorreu entre 7 de junho e 7 de julho, foi assistida por 1,12 bilhão de pessoas por meio de internet e TV.

Com o crescimento do alcance, grandes seleções na modalidade — particularmente a dos Estados Unidos —, ganharam destaque ainda maior e, junto a essa expansão, muitas figuras se destacaram na luta pela modalidade, como é o caso da meia Megan Rapinoe. Ela sempre foi grande nome do time norte-americano pelos feitos dentro de campo, e passou a chamar ainda mais atenção ao demonstrar o lado ativista, posicionando-se sobre questões de gênero e, principalmente, em prol da igualdade dentro do futebol.

Pia Sundhage assumiu a seleção em 2019 e encerrou o ano invicta após 8 jogos
Pia Sundhage assumiu a seleção em 2019 e encerrou o ano invicta após 8 jogos (Foto: Mauro Horitas/ CBF)

Graças a luta de jogadoras como Rapinoe e a ampla divulgação da Copa do Mundo, frutos já estão sendo colhidos neste ano e devem florescer ainda mais em 2020. Como para Janaína que, mesmo um mês depois a final do Paulista, ainda não consegue explicar o quão emocionante foi ver o estádio lotado para um jogo de futebol feminino.

"Passou um filme na minha cabeça. Nós, que jogamos futebol feminino, sabemos que lutamos contra um milhão de coisas e dificuldades. Muitas coisas não acontecem, muitas acontecem também, e foi perfeito. Um momento único na minha vida. Só tenho a agradecer por estar lá presenciando isso", afirmou a jogadora, em entrevista ao O POVO.

"Nós, que jogamos futebol feminino, sabemos que lutamos contra um milhão de coisas e dificuldades." Janaína, jogadora do São Paulo

Na seleção brasileira feminina de futebol, o ano terminou da melhor forma possível, com uma goleada aplicada sobre o México: 4 a 0. O placar que fecha o ano retrata não só o resultado do que foi dentro de campo, mas as mudanças estruturais que vêm acontecendo. A contratação de Pia Sundhage como técnica da equipe marcou o que deve ser uma nova era para as jogadoras. No comando da treinadora sueca, a equipe participou de oito jogos e emplacou cinco vitórias e três empates.

Ela chegou à Canarinha após a demissão de Oswaldo Alvarez, o Vadão, que, apesar de ter conquistado medalha de ouro no Pan-Americano de 2015 e duas Copas América, em 2014 e 2018, sempre teve o desempenho contestado.

Para a estudante de jornalismo e colaboradora do portal de futebol feminino Dibradoras, Jéssyka Freitas, o antigo treinador prejudicou o desempenho das jogadoras na Copa e a chegada de Pia colocou o futebol feminino em um outro patamar. "Além de conter uma figura feminina neste cargo, trazendo representatividade no nosso meio, conta também a experiência e conhecimento que a Pia traz com suas mudanças", exclamou. Antes da sueca, Emily Lima fora a única mulher comandado a equipe de mulheres. Ela foi demitida após apenas 13 jogos.

Pia, multicampeã, talvez, represente o novo que o futebol feminino tanto merece.

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