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Fortaleza é a 3ª capital mais desigual do Nordeste
Reportagem

Fortaleza é a 3ª capital mais desigual do Nordeste

| Indica estudo | Recife (PE) e Maceió (AL) conseguem ter desempenho pior, segundo o Mapa elaborado pelo Instituto Cidades Sustentáveis
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Foto mostra contraste de Fortaleza da desigualdade social por meio da moradia (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Foto mostra contraste de Fortaleza da desigualdade social por meio da moradia

Fortaleza figurou como a 3ª capital mais desigual do Nordeste no primeiro Mapa da Desigualdade das Capitais Brasileiras, elaborado pelo Instituto Cidades Sustentáveis. Dos 40 indicadores investigados, a capital cearense apresentou 15 deles acima da média, 8 na média e 17 abaixo.

As áreas investigadas espelham os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Muitos expõem uma diferença brutal entre as capitais que apresentam o melhor e o pior resultado. Alguns dão ênfase a questões de gênero e raça", diz o relatório da pesquisa.

Em Fortaleza, a razão do rendimento médio real entre negros e não negros é a pior do País. Mas este é apenas um dos dados negativos que fazem o município ter o desempenho entre os últimos do ranking.

Soma-se a isso a relação entre dívida consolidada e receita corrente líquida, que é a 22ª entre as 26 capitais pesquisadas, o percentual de domicílios em favelas (20º), o PIB per capita (21º) e o Coeficiente de Gini (indicador clássico da desigualdade no mundo), na 17ª.

Problemas estruturais

Problemas estruturais explicam o cenário demonstrado pelo Instituto Cidades Sustentáveis, segundo avalia João Mário de França, professor do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará (Caen/UFC).

Ele recorda que, assim como todo o Ceará, Fortaleza também apresenta muita desigualdade e aponta “uma quantidade muito grande da população com níveis de escolaridade ainda muito baixo” como motivo principal.

“Essas pessoas têm muita dificuldade de conseguir um emprego, e quando entram no mercado de trabalho, entram em funções que remuneram muito mal”, explica.

No Mapa da Desigualdade das Capitais Brasileiras, no entanto, Fortaleza apresenta bons indicadores quando a área é Educação. É a primeira do País em acesso à internet nas escolas do ensino fundamental e 5ª no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), anos iniciais (IN).

Mas, observa João Mário, os efeitos de bom desempenho educacional - registrados desde o início dos anos 2000 - devem reverberar ainda mais adiante, em um futuro no qual mais pessoas qualificadas estejam inseridas no mercado de trabalho.

"De fato é um processo lento, porque a melhoria começou nos anos iniciais do Ensino Fundamental, depois passou para os anos finais e, agora, a gente começa a ter melhoria significativa no Ensino Médio. Então, ainda tem toda uma geração que está chegando agora no mercado de trabalho", diz, acrescentando que é necessário um processo contínuo de inserção de mão de obra qualificada para mudar o cenário local.

O papel do poder público

Perguntado como o poder público pode atuar nesse cenário, o professor do Caen/UFC indica que é necessário continuar com as políticas públicas para educação e, simultaneamente, investir em infraestrutura logística, saúde e transporte.

Dotar a cidade de um bom ambiente de negócios, defende, é essencial para atração de profissionais de alta qualificação e salários elevados.

Ele alerta ainda que o modelo de incentivos fiscais, comumente utilizado em cidades do Nordeste, está desgastado e sob a mira da Reforma Tributária, o que torna este momento crucial para se criar uma nova estratégia de atuação.

"Nos mapas que apresentamos, há diversos elementos que também podem inspirar ou apoiar a tomada de decisão na esfera pública", diz o relatório da pesquisa do Instituto Cidades Sustentáveis.

O documento ressalta que "os dados da publicação revelam a necessidade de se pensar políticas públicas inclusivas, que visem à redução das desigualdades e coloquem os municípios em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU)”.

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