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Pobreza energética: conta de luz compromete mais da metade da renda para 36% das famílias
Reportagem

Pobreza energética: conta de luz compromete mais da metade da renda para 36% das famílias

Em meio à desigualdade que marca os grandes centros urbanos, milhões de brasileiros vivem com acesso precário à eletricidade. Com soluções sustentáveis e comunitárias, iniciativas acendem caminhos para inclusão e desenvolvimento
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NO Conjunto Palmeira, usina de energia solar comunitária ajuda a gerar renda e diminuir o custo da energia (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR NO Conjunto Palmeira, usina de energia solar comunitária ajuda a gerar renda e diminuir o custo da energia

Nos centros urbanos do Brasil, milhões de famílias enfrentam a chamada pobreza energética, quando o acesso à energia é insuficiente, instável ou caro demais.

Dados de uma pesquisa do Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), para o Instituto Pólis, mostram que 36% das famílias gastam metade ou mais da sua renda mensal com energético para cocção de alimentos e energia elétrica. 

O estudo ainda aponta que para 84% dos brasileiros a energia elétrica deveria ser um direito fundamental garantido pelo Estado. E a ampla maioria defende que a falta de pagamento da conta de luz não deve sujeitar as famílias inadimplentes a cortes de fornecimento.

A conta de luz compromete mais da metade da renda mensal para 36% das famílias. E quando se olha para grupos de raça e cor é possível entender que a população negra (43%) sofre mais para pagar a conta de luz.

Para cerca de 71% dos brasileiros, as famílias de baixa renda devem ter prioridade de atendimento em programas que visam promover o acesso à energia elétrica como forma de combate à pobreza energética.

Ampliação da tarifa social de energia

No próximo dia 5 de julho, entra em vigor a Medida Provisória nº 1.300/2025, que amplia a gratuidade no consumo de até 80 quilowatts-hora (kWh) por mês para os beneficiados da Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE).

Atualmente, a política tarifária prevê um desconto de 65% na conta para quem consome até 30 kWh mês. Nas contas do Governo, cerca de 60 milhões de famílias devem ser beneficiadas pela iniciativa. No Ceará, mais de 5,42 milhões de pessoas estão aptas ao benefício.

Entretanto, para que a MP se torne permanente é preciso que o texto seja aprovado pelo Congresso em até 120 dias. 

A superintendente de Eficiência Energética da Neoenergia, Ana Mascarenhas, afirma que as ações de eficiência energética se tornam cada vez mais necessárias diante de um cenário global de mudanças climáticas.

“Por isso, temos o compromisso de investir em iniciativas com foco em transição energética eficiente, justa e solidária. Trabalhamos diariamente para conscientizar as pessoas a utilizar a energia elétrica de forma mais eficiente”, conta.

Ana defende que projetos comunitários podem ser uma solução interessante quando a população é envolvida nas decisões, pois cria um senso de pertencimento social, mostrando a importância da geração solar instalada localmente facilita a popularização da tecnologia e assimilação dos benefícios, como a redução da conta de energia.

A executiva vê como grande desafio a manutenção dos sistemas, a gestão e a operação das usinas, que podem ser uma forma de geração de renda, se houver autogestão dos moradores.

Transformação social

A crise vai além da infraestrutura, pois trata de uma questão de justiça social e climática. Diante disso, iniciativas tentam inverter essa lógica, como a Revolusolar, que começou instalando painéis solares em favelas do Rio de Janeiro e hoje avançou para mais estados.

O diretor-executivo da Revolusolar, Eduardo Avila, organização sem fins lucrativos que desde 2015 contribui no combate à pobreza energética e na transição energética justa, conta que o projeto começou na favela da Babilônia, com a união entre lideranças comunitárias, eletricistas e alguns estrangeiros que estavam no Rio de Janeiro e participavam de cooperativas de energia renovável na Europa.

“A ideia era unir o potencial da energia solar com as dificuldades e os desafios de acesso à energia elétrica. Mais tarde foi criada a primeira cooperativa de energia solar em favelas do Brasil, que usava telhados coletivos e comunitários para instalar usinas de energia solar compartilhada”, relembra.

Todo essa produção era direcionada pra famílias, comércios e instituições reduzirem a sua conta de luz e, assim, combater a pobreza energética no sentido do peso alto das despesas de energia. “E para além disso, a Revolusolar ainda promove a capacitação profissional dos moradores como eletricistas, instaladores de energia solar e promove a educação na comunidade para eles terem autonomia, carol.kossling autogestão e protagonismo. Gerando, assim, empregos verdes.

Na visão do Avila, a energia solar pode se tornar um vetor de inclusão social e justiça climática, aproximando uma solução inovadora, que gera impactos e benefícios imediatos e tangíveis como a redução de despesas de energia, a melhoria na qualidade do fornecimento e a resiliência energética.

Ele defende, ainda, que o poder público incentive o setor privado, principalmente as empresas de óleo e gás e distribuidoras de energia elétrica também para investirem nesse tipo de programa que é bom para as suas agendas ESG, para sua reputação, mas também para se manter uma sociedade saudável, sustentável e coesa.

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Enel faz troca de geladeira
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Atuação nas comunidades para minimizar a vulnerabilidade energética

Para enfrentar a pobreza energética, que na prática é a dificuldade ou incapacidade de famílias e indivíduos em acessar serviços energéticos modernos, confiáveis e acessíveis, impactando negativamente seu bem-estar e qualidade de vida, a Enel criou uma plataforma de projetos sociais, a Enel Compartilha.

Ana Cilana Braga, responsável pela responsabilidade social da Enel Ceará, explica que as ações do pilar de eficiência energética, focam em reduzir o consumo de energia de clientes baixa renda, através da troca de equipamentos ineficientes, por equipamentos econômicos com selo procel categoria A.

“Para alguns clientes em vulnerabilidade social, residentes em áreas periféricas, além das ações de eficiência energética, ações do pilar geração de renda são implementadas para oferecer suporte ao incremento na renda dessas famílias, através de ações de empregabilidade ou fomento do empreendedorismo”, revela a gestora.

A companhia também investe em educação para o consumo consciente e estimula à adoção de novos hábitos, que incluem o uso correto de equipamentos, conservação da energia e educação ambiental, trabalhando escolas e comunidades.

Ana Cilana ressalta que uma geladeira nova pode consumir até 70% menos energia do que uma antiga. Em watts, esse valor representa, para um aparelho antigo, o consumo médio de 90kWh/mês, enquanto um novo consome somente cerca de 24kWh/hora/mês.

“Os equipamentos ofertados no programa têm selo Procel, o que significa maior eficiência no consumo de energia elétrica. Nos últimos cinco anos, a Enel Ceará beneficiou mais de 19 mil famílias com o projeto troca de geladeiras, e realizou a troca de 416 mil lâmpadas”, revela.

Atualmente, a Enel possui e um portfólio é 100% renovável, o que viabiliza zerar emissões no escopo 1, de na geração própria de energia, sem a necessidade de recorrer a quaisquer medidas de compensação. “Isso nos coloca em posição privilegiada no alinhamento com a meta do Grupo Enel para sermos Net Zero até 2040”, destaca Ana Cilana.

 

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Ana Cilana Braga, responsável pela responsabilidade social da Enel Ceará, explica que as ações do pilar de eficiência energética focam em reduzir o consumo de energia de clientes de baixa renda através da troca de equipamentos ineficientes por equipamentos econômicos com selo Procel categoria A.

"Para alguns clientes em vulnerabilidade social, residentes em áreas periféricas, além das ações de eficiência energética, ações do pilar geração de renda são implementadas para oferecer suporte ao incremento na renda dessas famílias, por meio de ações de empregabilidade ou fomento do empreendedorismo."

A companhia também investe em educação para o consumo consciente e estimula a adoção de novos hábitos, que incluem o uso correto de equipamentos, conservação da energia e educação ambiental, trabalhando escolas e comunidades.

Ana Cilana ressalta que uma geladeira nova pode consumir até 70% menos energia do que uma antiga. Em watts, esse valor representa, para um aparelho antigo, o consumo médio de 90kWh/mês, enquanto um novo consome somente cerca de 24kWh/hora/mês.

"Nos últimos cinco anos, a Enel Ceará beneficiou mais de 19 mil famílias com o projeto de troca de geladeiras, e realizou a troca de 416 mil lâmpadas", afirmou.

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