No primeiro dia do julgamento que vai definir seu futuro político e pessoal, Jair Bolsonaro (PL) foi o nome mais repetido dentro e fora do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre citações formais no plenário e menções nas redes sociais, o ex-presidente concentrou atenções e simbolizou o peso histórico do processo que analisa a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.
No Supremo Tribunal Federal (STF) foi dado início ao julgamento de Bolsonaro e de outros sete integrantes do chamado “núcleo crucial” acusados de tentar romper a ordem democrática no Brasil. Desde a leitura do relatório do ministro Alexandre de Moraes até a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR), o nome do ex-presidente esteve no centro das falas.
Conforme levantamento exclusivo da Central de Dados O POVO+, o saldo do primeiro dia evidencia a centralidade de Bolsonaro não só nas citações institucionais, como também na repercussão pública na internet.
Na abertura da sessão, Moraes apresentou o relatório do processo, no qual Bolsonaro apareceu 85 vezes, número superior ao de qualquer outro termo mencionado em seu texto. No documento, lido por aproximadamente 1h40min, a palavra “república” é repedida em 71 trechos, enquanto “procuradoria” em 53.
Outras expressões que se destacam são “federal” (52 vezes), “tribunal” (30), “reunião” (29), “denúncia” (26), “golpe” (26) e “supremo” (26).
Palavras mais utilizadas pela relatoria do ministro do STF Alexandre de Moraes
A denúncia da Procuradoria-Geral da República, apresentada pelo procurador-geral Paulo Gonet, reforçou essa centralidade de Bolsonaro. Embora tenha enfatizado a função institucional do acusado, usando “presidente” como palavra mais recorrente, 47 vezes, o documento também repetiu “golpe” (33), “república” (29) e “tribunal” (26).
O próprio nome de Jair Bolsonaro aparece 25 vezes no texto, número expressivo diante do total de acusações dirigidas a oito réus. Termos como “organização” (24), “federal” (22), “forças” (20), “supremo” (19) e “ministro” (17) completam o conjunto de destaques lexicais.
Palavras mais utilizadas pela Procuradoria-Geral da República
Se no plenário o nome de Bolsonaro ocupou lugar de destaque nas falas oficias, no espaço digital a dinâmica seguiu no mesmo ritmo. De acordo com dados da plataforma Get Day Trends, extraídos e analisados pela Central de Dados O POVO+, os temas ligados ao julgamento se tornaram dominantes no X (ex-Twitter) ao longo do dia.
Nas primeiras horas da manhã, o assunto de maior relevância na rede foi a saída do jornalista William Bonner do Jornal Nacional. A partir das 7h, contudo, as menções ao julgamento começaram a crescer, e às 9h, com o início da sessão, a discussão ganhou força.
Pouco depois, durante a leitura do relatório de Alexandre de Moraes, a hashtag #BolsonaroFree alcançou o primeiro lugar entre os assuntos mais comentados, posição que manteve até as 19h. Ao longo de todo o dia, tags como “Bolsonaro na cadeia” e “Bolsonaro condenado”, que igualmente envolvem o nome do ex-presidente, também tiveram picos de audiência.
Assuntos mais comentados no X durante 2 de setembro de 2025 no Brasil
Além das menções diretas ao nome do ex-chefe do Poder Executivo, usuários do X trouxeram à tona uma série de termos relacionados ao julgamento e às instituições envolvidas. Palavras como “Supremo Tribunal Federal”, “Primeira Turma”, “Corte” e “Constituição” apareceram com frequência, junto aos nomes de ministros como Luís Roberto Barroso, André Mendonça, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e o próprio Alexandre de Moraes.
O debate também levantou expressões mais amplas, como “Democracia” e “Estado Democrático de Direito”, além de referências críticas como “Golpe”, “Farsa” e “Circo”. O acompanhamento das sessões pela “TV Justiça” e as citações a figuras políticas envolvidas ou não no julgamento ganharam espaço, como Renan Santos, Ciro Nogueira, Demóstenes Torres, Anderson Torres, Mauro Cid e Alexandre Ramagem.
Termos mais usados relacionados a Bolsonaro no X em 2 de setembro de 2025
Este material foi elaborado a partir da análise de dois documentos de texto (.txt), contendo as transcrições integrais do "Relatório do Ministro Alexandre de Moraes" e da "Denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR)", referentes ao julgamento de Jair Bolsonaro e de outros réus.
Os arquivos foram criados a partir da transmissão do julgamento pela TV Justiça no YouTube, por meio de técnicas computacionais pela plataforma Notebook LM, com o objetivo de extrair e comparar narrativas, identificar os atores mais relevantes, mapear os focos temáticos e evidenciar as bases legais e cronológicas presentes em cada documento.
A partir disso, a análise foi conduzida na plataforma Google Colab, utilizando a linguagem Python e um conjunto de bibliotecas de código aberto especializadas, incluindo spaCy e NLTK, para processamento de linguagem natural, reconhecimento de entidades e análise de contexto, Pandas, para estruturação e limpeza dos dados extraídos, e Matplotlib/Seaborn, WordCloud e NetworkX, para a criação de visualizações, como nuvens de palavras.
Todas as etapas do processo, desde a preparação e a limpeza dos textos brutos até a extração de dados e a geração de tabelas e gráficos, foram documentadas nos scripts desenvolvidos. A metodologia adotada priorizou a obtenção de evidências quantitativas, garantindo suporte técnico à apuração jornalística e clareza na apresentação dos resultados.
Outra parte do trabalho foi referente à extração e análise de dados da plataforma Get Day Trends, que monitora em tempo real os assuntos mais comentados no Twitter.
Reportagens exploram recortes e significados do ritual de julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais seis pessoas, acusados de tentativa de golpe e mais quatro crimes