A diarista de 30 anos voltava do trabalho na Aldeota para sua casa, em Maracanaú, no início da noite dessa quarta-feira, 25, quando o ônibus em que ela estava sofreu uma tentativa de ataque. Neste relato exclusivo ao jornalista Émerson Maranhão, ela descreve os minutos de pânico que ela e outros passageiros viveram ante a iminência do veículo ser incendiado.
“Ainda não eram sete horas da noite, mas já tinha passado das seis e meia. O ônibus, da linha Siqueira/Papicu, estava parado no trânsito, ali perto do viaduto que tem antes do aeroporto. Eu estava sentada mais lá na frente, numa cadeirinha afastada. O ônibus lotado! Aí, só escutei uma zoada de garrafa batendo na janela do ônibus. Mas a garrafa não conseguiu entrar, bateu no vidro da janela e voltou.
Quem deu fé foi uma mulher lá atrás, que começou a gritar:
- Motorista, abra a porta, tão tentando queimar o ônibus! Abra esta porta, motorista, pelo amor de Deus, que o ônibus vai pegar fogo!
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E o motorista não abria, demorou fui muito para abrir. Isso o povo gritando dentro do ônibus, se batendo, aperreado pra sair. Eu fiquei muito assustada na hora. Do lado de fora, os homens que jogaram as garrafas pela janela correram, e as garrafas ficaram lá no chão. Eram duas. Pelo menos foi o que uma mulher do meu lado comentou, quando a gente desceu do ônibus. Ela disse que viu duas garrafas de vidro no chão.
O motorista demorou para abrir a porta, mas acabou abrindo. Foi a maior confusão nessa hora. Muito empurra-empurra, todo mundo querendo sair na mesma hora, ao mesmo tempo, uma correria. Eu mesma quase que caio.
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Mas a gente não chegou a ver fogo, não. A gente desceu do ônibus, mas como ele não incendiou, a gente viu que não aconteceu nada, subimos nele de novo um tempo depois e fomos embora.
Todo mundo tava reclamando disso aí, da demora do motorista pra abrir a porta. E as pessoas gritavam muito, muito, muito, quando estavam lá dentro. Todo mundo com medo, né? Todo mundo de embolando, querendo sair. Acho que ele demorou por causa do susto. Mas foi um desespero!
Sobre o assunto:
Eu fiquei foi com trauma. Só fiquei calma quando cheguei em casa, porque eu ainda tive que pegar outro ônibus no Terminal do Siqueira para vir para cá. Eu moro no Maracanaú, e desde ontem (quarta-feira) os ônibus não estão entrando no bairro, em nenhum bairro. Aonde eu desço é tudo escuro, aí eu tava morrendo de medo, que aqui é ainda mais perigoso.
A minha filha (de 14 anos) tava comentando hoje que chegaram uns bandidos lá na escola ameaçando, mandando fechar se não iam queimar. Só que o diretor não fechou o colégio ainda. Aí ela foi para a aula hoje, mas eu estou preocupada. Mas foi só ela, meu menino (8 anos), não. Porque ela não pode faltar, que tá fazendo prova. Mas eu tô assustada, né? Por isso não deixei meu menino ir.
Eu fiquei com trauma de pegar ônibus. Estou muito assustada. Com trauma mesmo”.
*O nome é preservado porque a diarista pediu para não ser identificada, por motivos de segurança.