Carol Kossling é jornalista e pedagoga. Tem especialização em Assessoria de Comunicação pela Unifor e MBA em Marketing pela Faculdade CDL. Pautou sua carreira no eixo SP/CE. Fez parte da equipe de reportagem do Anuário Ceará e da editoria de Economia do O POVO. Atualmente é Editora de Projetos do Grupo de Comunicação O POVO
Em um mundo repleto de fake news e oportunismo, uma forma de blindar as boas práticas que estão ganhando espaço na agenda mundial, nacional e local em prol das questões ambientais, sociais e governança são as certificações concedidas por entidades públicas e privadas sérias.
Com isso, fica cada vez mais difícil o greenwashing, ou da tradução literal máscara verde, se fazer presente em empresas e produtos que não têm o apelo sustentável, mas querem embarcar no interesse do consumidor em aderir aos produtos eco-friendly, os amigos do meio ambiente.
Validação
Nessa quarta-feira, 26, em evento para convidados, a Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) irá outorgar quatro novas indústrias com atuação no Ceará com o Selo ESG-Fiec. Entre elas estão a Alimempro, a Cerbras, a Qair Brasil e a Solar Coca-Cola. As quatro somam-se a Vulcabrás que recebeu o selo em julho de 2022, três meses após o lançamento da certificação.
As empresas passam por um processo padrão que identifica e qualifica as práticas quanto ao seu grau de maturidade. Tudo auditado pelo Organismo Certificador Bureau Veritas, responsável pela chancela que valida a credibilidade e a imparcialidade da qualificação das indústrias quanto as suas práticas e a sua responsabilidade e compromisso dentro da temática ESG.
Diferencial competitivo
Para a coordenadora do Núcleo de ESG-Fiec, Alcileia Farias, este programa de certificação das práticas da entidade é uma forma das indústrias do Ceará demonstrarem publicamente seu compromisso com essas questões e sua disposição em adotar práticas sustentáveis e responsáveis.
“Além disso, a certificação também podem servir como um diferencial competitivo para as indústrias, que buscam crescer de forma sustentável e destacar-se dentro do mercado nacional e até internacional”.
Ela complementa que a certificação de práticas ESG demonstra a maior capacidade de gerar valor de longo prazo e de se relacionar melhor com seus stakeholders, o que inclui clientes, funcionários, investidores, reguladores, entre outros.
“Ter políticas de sustentabilidade corporativa tem se tornado cada vez mais um critério de seleção no mundo dos negócios, isso porque, a crescente preocupação com os desafios socioambientais que o mundo contemporâneo apresenta. A sociedade vê nas empresas um importante fomentador de mudanças”, conclui.
Três pilares
Entre as práticas usuais e a as novas medidas adotadas pela Alimempro que a levaram a conquistar o selo estão o uso de energia solar, a captação de água da chuva para limpeza de veículos e jardinagem, a reciclagem de resíduos, destinação correta para óleo vegetal usado, sistema de compostagem de resíduos resultantes do processo de beneficiamento do alho roxo nacional.
O sócio-diretor Isaac Bley destaca, ainda, que na parte social utilizam contratação local, doações no bairro, harmonia na relação de trabalho, eventos sociais internos, bem-estar dos colaboradores, valorização da mão de obra com salários justos e desenvolvimento intelectual dos colaboradores. Já na governança gestão humanizada, política de cargos e salários, liderança feminina, ética, transparência, concorrência leal, produtos inovadores.
Responsabilidade
A vice-presidente Administrativo e Ambiental da Cerbras, Ticiana Mota, acredita que a certificação é um reflexo da responsabilidade ambiental da empresa.
“Sabemos que o selo ESG-Fiec dá credibilidade para as empresas que utilizam ações de sustentabilidade, governança e bem-estar social em suas ações diárias. Estamos muito orgulhosos em ter a Cerbras como uma das empresas contempladas e ainda como a primeira do segmento cerâmico e de porcelanatos a conquistar essa certificação”, disse.
Papel na sociedade
Gustavo Silva, diretor de Operações da Qair, aponta que a evolução da agenda ESG nas empresas reflete uma mudança na forma como elas percebem seu papel na sociedade e no meio ambiente e o mundo empresarial segue cobrando forte neste sentido.
“Ouso até a dizer que as empresas que não aderirem, de corpo e alma, a uma agenda de sustentabilidade estão condenadas a fecharem as portas nos próximos anos. Principalmente porque os setores produtivos são os maiores emissores de gases de efeito estufa na atmosfera e sem o comprometimento das empresas não há como descarbonizar a sociedade”, detalha.
Além disso, complementa que, a adoção de práticas de sustentabilidade dota as empresas de maior poder de governança, melhores controles internos, maior percepção positiva por seus stakeholders e, consequentemente, maior capacidade de se adaptar às mudanças nos rumos da economia. Dá robustez e sobrevida aos negócios.
Abertura de caminhos
Para a Solar Coca-Cola, certificações como essa impulsionam o setor industrial a vivenciarem cada vez mais os conceitos de ESG.
“Isso nos deixa muito contentes que o Ceará venha abrindo esses caminhos. Com a obtenção do Selo ESG-Fiec sentimos que a Solar Coca-Cola recebe uma chancela para continuar seguindo neste caminho de engajamento na agenda sustentável, liderando mudanças para um futuro melhor”, diz Arthur Ferraz, gerente de Relações Externas da Solar Coca-Cola.
A fabricante do Sistema Coca-Cola, com sede no Ceará, obteve destaque nos quesitos gestão de resíduos, gestão do licenciamento ambiental, disseminação das políticas internas para os colaboradores e quantidade de ações sociais. A certificação, conquistada em tempo recorde, é específica da unidade fabril de Maracanaú, mas as ações de ESG da empresa ultrapassam os limites estaduais.
A Solar mantém iniciativas de sustentabilidade em todos os estados que está presente, o que equivale a 70% do território nacional.
Dentre as diversas ações, destacam-se projetos como o Recicla Solar, que incentiva o desenvolvimento da cadeia de reciclagem e já coletou mais de 10 toneladas de PET em seis estados brasileiros, incluindo o Ceará.
E o Coletivo Online, programa que capacita jovens ao primeiro emprego, e o #EuIncluo, programa de Inclusão e Diversidade da Solar Coca-Cola premiado nacionalmente.
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