Repórter do O POVO+ especializada em ciência, meio ambiente e clima. Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é premiada a nível regional e nacional com reportagens sobre ciência e meio ambiente. Também já foi finalista do Prêmio Einstein +Admirados da Imprensa de Saúde, Ciência e Bem-Estar na região Nordeste
Conferência bianual está ocorrendo até 1º de novembro em Cali, na Colômbia. Ceará marca presença falando sobre pagamentos de serviços ambientais e restauração de ecossistemas
Para quem acompanha a pauta climática, o termo “COP” já é bem conhecido. É a sigla para Conferência das Partes, um evento promovido pelas Nações Unidas para discutir como o mundo irá enfrentar a crise climática. Quer dizer, pelo menos uma delas é sobre o clima — na verdade, existem várias COPs, entre elas a COP da Biodiversidade, um evento bianual. Em 2024, Cali, na Colômbia, recebe a COP16 de Biodiversidade até 1º de novembro; OPOVO+ está fazendo a cobertura do evento, mas o Ceará tem marcado presença por lá também.
Entre os representantes estão o secretário-executivo da Secretaria de Meio Ambiente do Ceará (Sema-CE), Fernando Bezerra, e a coordenadora da Cobio Doris Day. Também o biólogo Hugo Fernandes, professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e membro do Programa Cientista Chefe da Sema-CE, que concedeu entrevista ao OP+ sobre a conferência.
“O evento está me surpreendendo positivamente. São centenas de eventos em paralelo com pautas diversas, com destaque para a participação dos povos indígenas e comunidades tradicionais”, conta o pesquisador. A Associação Caatinga também esteve presente na imagem do coordenador-geral da ONG, Daniel Fernandes.
O Ceará foi à Cali em nome Associação Brasileira de Entidades de Meio Ambiente (Abema) para falar sobre pagamentos de serviços ambientais, restauração de ecossistemas e também soluções baseadas na natureza. “Houve participações sobre turismo de base sustentável e sobre mecanismos financeiros de sentido à biodiversidade”, diz Hugo. Sobre o turismo, falou-se principalmente do plano de viabilidade econômica do turismo de observação de aves, pioneirismo cearense.
Boa parte das participações ocorreu nos chamados side events, ou seja, eventos paralelos às discussões e plenárias ocorrendo entre os países. Nesta COP, os temas mais quentes envolvem o financiamento ambiental e a repartição de benefícios das informações de sequenciamento genético (DSI, na sigla inglês). Você pode ler nossas reportagens sobre o assunto (linkadas abaixo) ou acompanhar a cobertura diária nos meus perfis do Instagram e do Bluesky.
Outro assunto de especial interesse para a economia é o de soluções baseadas na natureza. “Elas são soluções político-econômicas que apresentam custo-benefício não apenas no cenário econômico, mas também no ambiental”, explica o pesquisador. “Ou seja, não são apenas soluções que mitigam o impacto da natureza, são soluções que promovem a conservação da natureza à medida que promovem também o crescimento econômico.”
“Esse tem sido um assunto bastante discutido aqui, não só em termos de plenária, mas sobretudo nos eventos paralelos. Temos aqui muitas instituições do setor público e privado e também do terceiro setor, propondo metodologias, discutindo modelos de crédito, discutindo custos econômicos envolvidos”, descreve.
Essa é a primeira vez de Hugo na Colômbia, mas nem deu tempo de turistar. As COPs são eventos intensos e recheados de atividades do começo ao fim do dia. Na Zona Azul, enquanto os países fazem negociações fechadas e extensas plenárias analisando até as vírgulas dos documentos, ocorrem diversas coletivas de imprensa e eventos paralelos sobre biodiversidade.
Já a Zona Verde (em um prédio totalmente separado da Zona Azul), a sociedade civil e empresas também promovem debates, apresentações e manifestações sobre o tema. Nesta COP16 de Biodiversidade, a participação dos povos indígenas e das comunidades locais tem sido reforçada como crucial para a conservação e preservação dos ecossistemas. Colômbia e Brasil defendem que as comunidades afrodescendentes, como os quilombolas, também sejam reconhecidos pela Convenção de Diversidade Biológica (CDB).
“Eu vejo que há uma preocupação global e genuína dos países em torno do assunto”, destaca Hugo, sobre as percepções do clima das negociações. “Mesmo porque nós estamos passando também por uma crise econômica advinda da crise ambiental, que tende a piorar caso o cenário continue o mesmo”, reflete. A presidência da COP16, representada pela ministra de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia, Susana Muhamad, também vê o avanço dos debates com otimismo.
Mesmo assim, há muitos impasses justamente nos temas chave. “Óbvio que os desafios são imensos, as idiossincrasias, as lacunas e as contradições são imensas, são muitos desafios que a gente precisa vencer para que de fato aquilo que é discutido aqui se torne política pública”, concorda Hugo. No entanto, ainda faltam quatro dias para o fim da COP16 de Biodiversidade. Até lá, tudo pode acontecer.
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